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Rabash

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Estas Velas São Sagradas O Que Significa "Entregaste os Fortes Nas Mãos dos Fracos" no Trabalho Espiritual? 1991 - 25 | O que Significa que Aquele que Se Arrepende Deve Fazê-lo em Alegria? 1991 - 27 | O que Significa no Trabalho: “Se a Mulher Conceber Primeiro, Dará à Luz um Filho”? O que significa no trabalho: 'Coma dos seus frutos neste mundo, e o principal permanece para o Mundo Vindouro'? O Que Significa no Trabalho “Torá” e “O Estatuto da Torá”

Michael Laitman

Biblioteca de Cabala "Principal" / Rabash / Artigos / 1987 - 28 | O Que Significa no Trabalho: "Não Acrescentar Nem Diminuir"

O Que Significa no Trabalho: "Não Acrescentar Nem Diminuir"


Artigo Nº 28, 1987
Está escrito (Deuteronómio 4:2): “Não acrescentarão à palavra que vos ordeno, nem dela vão retirar, para cumprirem os mandamentos do Senhor vosso Deus, que vos ordeno.”
Os intérpretes questionam: podemos compreender que a Torá deva dizer “Não acrescentarão”, ou seja, que não devem sequer pensar em acrescentar, pois poderia dizer-se que é bom acrescentar, uma vez que isso aumentaria a glória do céu. Contudo, com que propósito vêm as palavras “nem dela vão retirar”, afirmando que não se deve diminuir? É simples: se o Criador nos deu a Torá e as Mitzvot [mandamentos], devemos certamente cumpri-las e não transgredir as Mitzvot do Criador.
No sentido literal, há muitas respostas. Mas o que nos ensina isto no trabalho? Devemos também compreender por que razão, de facto, nos é proibido acrescentar. Faz sentido que seja bom adicionar às Mitzvot, especialmente porque, no trabalho espiritual, a ordem é que a pessoa acrescente a cada momento.
É sabido que existe a questão de uma linha na ordem do trabalho espiritual, e há duas linhas, chamadas “direita” e “esquerda”, e existe uma linha do meio, como foi explicado em artigos anteriores. Revisitaremos aqui o necessário.
Devemos também saber que existe uma regra, ou seja, uma única regra que se aplica a todos, a todo o Israel, e há também indivíduos em Israel. Ou seja, há pessoas que não podem ser como o público em geral, ou seja, comportar-se em relação à Torá e às Mitzvot como o público em geral. Pelo contrário, elas compreendem e sentem que o trabalho do público em geral e as suas aspirações — o que o público em geral aspira alcançar através do trabalho na Torá e nas Mitzvot — não as satisfazem. Em vez disso, têm outras aspirações e objetivos diferentes dos do público em geral.
Ainda assim, no que diz respeito ao cumprimento da Torá e das Mitzvot, diz-se: “Terão uma só lei [Torá]” (Números 15:29), não havendo diferença entre um justo completo e uma pessoa comum. Contudo, isto aplica-se às ações, ou seja, devem ter como objetivo cumprir os mandamentos do Criador tal como Ele nos ordenou através de Moisés, e isto é chamado “a intenção do trabalho das Mitzvot”, e nisto todos são iguais.
Mas no que toca à intenção, ou seja, o que se pretende ao cumprir a Torá e as Mitzvot, ou seja, o que se deseja em troca do seu trabalho, quando se renuncia a outras coisas e dedica o seu tempo e toda a sua energia a cumprir a Torá e as Mitzvot, aqui já existem discernimentos, que em geral são chamadas Lo Lishma [não pelo Seu Benefício] ou que a sua intenção é Lishma [pelo Seu Benefício]. Para o indivíduo, há muitos discernimentos em Lo Lishma e muitas discernimentos em Lishma.
No que diz respeito a Lo Lishma, a regra é que todos começam em Lo Lishma. Depois, há indivíduos que saem de Lo Lishma e alcançam o nível de Lishma. Nesse momento, devem ser discernidos pelo caminho das linhas. Ou seja, todos aqueles que, enquanto concordam com Lo Lishma, têm uma questão de correção neles. Isto é considerado como se não conseguissem ver o verdadeiro caminho do trabalho. Pelo contrário, devem sentir que estão a caminhar no caminho da verdade. Caso contrário, não serão capazes de continuar a cumprir a Torá e as Mitzvot, pois, naturalmente, a pessoa precisa de beneficiar do seu trabalho. Se Lo Lishma não é a verdade, mas o que é a verdade, é que Lo Lishma é muito importante. Mas, uma vez que não pensarão em Lo Lishma, há uma correção para que pensem que estão a trabalhar em Lishma, de modo a valorizarem as suas ações, pois como pode alguém beneficiar de uma mentira?
Baal HaSulam disse que devemos acreditar que, na medida em que a pessoa imagina que Lishma é muito importante, ela deve acreditar que Lo Lishma é ainda mais importante do que ela aprecia Lishma, e que a importância de Lishma está para além da capacidade humana de compreender.
No trabalho do público em geral, existe apenas uma linha, ou seja, a ação. Este é um caminho único. Ou seja, a pessoa deve saber que com cada ato que realiza está a avançar, e muitas moedas pequenas fazem uma grande quantia. É como a alegoria que mencionámos sobre isto, que a pessoa recebe uma renda de uma fábrica que alugou a alguém. Cada ano, recebe uma certa quantia, pelo que tem a certeza de que, com cada ano que passa, a sua fortuna cresce.
É da mesma forma no trabalho do público em geral. Por exemplo, se a pessoa chega aos vinte anos, tem sete anos de riqueza de Torá e Mitzvot. Se alcançou os quarenta anos, sabe que tem a riqueza de vinte e sete anos, e assim por diante. Por conseguinte não tem nada com que se preocupar, porque a sua recompensa está assegurada. E assim é, pois também se recebe uma recompensa por Lo Lishma. Mas isto é chamado “uma linha” ou “um caminho”, e não há contradições aqui no caminho do trabalho que ele segue.
Contudo, quando a pessoa deseja afastar-se do caminho do público em geral e entrar no trabalho de Lishma, devemos discernir duas linhas: 1) “direita”, que é chamada “integridade”, onde não há carências. Isto pode ocorrer de uma de duas formas. A primeira forma na direita é que ele reflete e diz: “Tudo está sob a Providência privada e o homem não tem escolha para si próprio.” Se for esse o caso, ele calcula e vê quantas pessoas há no mundo a quem o Criador não deu um pensamento e desejo de cumprir os mandamentos do Criador, enquanto ele recebeu do Criador um pensamento e desejo de ter algum apego à Torá e às Mitzvot. Embora veja que há pessoas que foram recompensadas com níveis mais elevados em quantidade e qualidade, quando olha para trás, vê que há pessoas que não têm qualquer apego à espiritualidade. Pelo contrário, toda a sua vida gira à volta do que podem encontrar nos desejos corpóreos. Não sentem mais do que qualquer animal, nem pensam em qualquer propósito, que o mundo foi criado para algum propósito. Em vez disso, contentam-se com a possibilidade de satisfazer os mesmos desejos que tinham quando crianças. Se conseguem satisfazer esses desejos, consideram-se felizes.
No entanto, ele vê que o Criador lhe deu intelecto e razão para não viver como um animal, mas para saber que é humano, que ser humano significa estar num nível superior ao dos animais, ou seja, ter contacto com o Criador — a capacidade de cumprir os mandamentos do Criador. Ele acredita que está a falar com o Criador tanto na bênção para a oração como na bênção pelo prazer. Ele ora ao Criador por este pequeno apego que tem à espiritualidade, anda feliz e sente alegria na vida. Sente que não é como as outras pessoas, cujo objetivo na vida é apenas o das crianças, sem qualquer noção espiritual. Isto é chamado “direita”, pois ele sente-se como uma pessoa completa a quem nada lhe falta.
A segunda forma que se encontra na linha da direita é como disse Baal HaSulam: a pessoa deve acreditar acima da razão, como se tivesse sido recompensada com uma fé completa, de modo a que se deve imaginar-se a si própria como se já sentisse nos seus órgãos que o Criador conduz todo o mundo como O Bom Que Faz O Bem, ou seja, que todo o mundo recebe Dele apenas benefícios, e ele é um deles. Quão exultante se deve sentir nesse momento, quando vai acima da razão, como se tivesse um mundo repleto de abundância, e apenas tivesse de agradecer e louvar o Criador por lhe conceder o deleite e o prazer. Isto também é chamado “direita”.
Esta linha da direita dá à pessoa que apenas aqui ela tem um lugar onde pode agradecer ao Criador por a beneficiar, e só desta forma ela é considerada íntegra e abençoada, pois nada lhe falta. Nesse momento, ela pode estar aderida ao Criador, uma vez que “o abençoado se apega ao abençoado”.
Disto, a pessoa pode receber vitalidade, pois a pessoa não pode viver na negatividade. Conclui-se que, através da linha da direita, ela recebe vitalidade no trabalho do Criador, porque só da plenitude se pode receber alegria, e a vida sem alegria não é considerada vida.
Há outro mérito na linha da direita: ao agradecer ao Criador por a trazer mais perto, embora a pessoa tenha apenas um pequeno apego à espiritualidade, se ela estiver grata por algo pequeno, isso faz com que o objetivo de servir o Criador ganhe maior importância aos seus olhos a cada vez. E, uma vez que a Shechina [Divindade] está no exílio, ou como está escrito, “a Shechina está no pó”, ou seja, que o trabalho espiritual é desvalorizado, apenas as coisas corpóreas importam e a pessoa valoriza-as, sendo influenciada pelo público, também para ela a corporeidade é mais importante do que a espiritualidade. Ao caminhar na linha da direita, ou seja, ao agradecer ao Criador por cada pequeno apego que tem à espiritualidade, isso aumenta a importância da espiritualidade.
Baal HaSulam disse que, ao ver acima como a pessoa valoriza tudo o que é espiritual, e a prova disso é que ela está grata por tudo, isso provoca que lhe seja dada alguma iluminação do alto, uma vez que é evidente que ela saberá como preservá-la. Como disseram nossos sábios: “Quem é um insensato? Aquele que perde o que lhe é dado.” A regra é que tudo o que não é tão importante não é protegido para não se perder. Por esta razão, não é dada uma iluminação do Alto se a pessoa não souber como preservá-la. Quando se vê que essa pessoa valoriza cada pequena coisa em Kedusha [santidade], certamente protegerá o que lhe é dado. Por conseguinte o esforço da pessoa para louvar e agradecer ao Criador por lhe dar o intelecto e a razão para se aproximar um pouco mais da Kedusha faz com que lhe seja dada alguma iluminação do Alto.
Contudo, também se deve caminhar na linha da esquerda. Direita e esquerda são consideradas “duas linhas que se negam mutuamente”. A esquerda é chamada “algo que requer correção”. A linha da esquerda implica crítica, quando a pessoa deve ver o seu verdadeiro estado na espiritualidade, se está verdadeiramente no caminho do desejo de doar ou se está a enganar-se a si própria, ou se está totalmente alheia.
É sabido que o mais importante é alcançar a Dvekut com o Criador, o que significa pensar apenas em coisas que conduzam à equivalência de forma, e não no oposto. Ou seja, ela critica a ordem do seu trabalho, se já avançou no seu trabalho para alcançar o objetivo, ou, pelo contrário, se está a regredir e deve pensar o que deve fazer para que as suas ações sejam completas. Ou seja, deve ver as suas forças no trabalho, se tem o poder de superar, e, se não, o que deve fazer.
Nesse momento, ela vê que apenas o Criador a pode salvar do seu estado, para que possa sair do amor-próprio e trabalhar apenas pelo Benefício do Criador. Isso significa que ela vê que apenas o próprio Criador a pode ajudar, como está escrito: “Eu, o Senhor vosso Deus, que vos tirei da terra do Egito, da casa da escravidão.” Isto significa que o povo de Israel estava escravizado ao discernimento do Egito, que é o desejo de receber para o seu próprio benefício, e eram escravos dos egípcios e não tinham posses de Kedusha, porque os egípcios, ou seja, o amor-próprio, ficavam com tudo.
Isto é chamado “Os ímpios, nas suas vidas, são chamados ‘mortos’”, pois “o pobre é tão importante quanto o morto”, porque a Sitra Achra [outro lado] ficou com todas as suas posses. Nada foi para o domínio da Kedusha até que o Rei de todos os Reis lhes apareceu e os redimiu. Esta questão é sempre válida, ou seja, sempre que a pessoa está em exílio e ora ao Criador para a libertar do exílio, o Criador liberta-a.
Este é o significado de “Aquele que vem para se purificar é ajudado”. Contudo, sozinha, a pessoa não pode sair do exílio e da escravidão ao amor-próprio. Por conseguinte, a linha da esquerda é o lugar onde ela deve orar ao Criador para a libertar do exílio. Caso contrário, sem a linha da esquerda, ela nunca poderá saber que está no amor-próprio, porque, enquanto está na linha da direita, é impossível ver quaisquer defeitos, pelo que não há nada a corrigir.
Agora podemos compreender a ordem que temos na oração, de cânticos, cantos e louvores, e o significado da oração e do pedido. Os nossos sábios disseram (Berachot 32): “Devemos sempre louvar o Criador e depois orar.”
A questão é: se a pessoa quer pedir algo ao Criador, ela deve primeiro estabelecer o louvor ao Criador: por que deve fazer isso? Podemos compreender que, quando pedimos um favor a um ser de carne e osso, pode dizer-se que primeiro é necessário mostrar-lhe que o consideramos importante. É como se o estivesse a subornar, dando-lhe prazer, e depois lhe pedisse para lhe fazer um favor, como se o doador retribuísse um favor ao receptor, tal como o receptor fez um favor ao doador ao dar-lhe a satisfação de o louvar. Mas em relação ao Criador, pode dizer-se tal coisa?
Como explicamos acerca da necessidade das duas linhas, direita e esquerda, devemos compreender que, quando a pessoa quer entrar no trabalho sagrado, deve primeiro saber do que se trata, ou seja, a quem quer servir. Isto é, primeiro ela deve valorizar a grandeza e a importância do Rei, que deseja que a aceite como escrava, para ser como “escravos que servem o grande sem esperar recompensa”. Quem é que lhe dá o desejo de servir o Rei sem qualquer recompensa? Apenas a grandeza e a importância do Rei lhe dão o combustível para querer trabalhar sem qualquer recompensa.
Portanto, a ordem é que ele comece a caminhar na linha da direita, e então todo o seu trabalho é imaginar a importância do Rei e agradecer-Lhe por lhe dar o desejo e o pensamento de participar na espiritualidade. Pode ser qualquer coisa, mesmo que lhe seja dado algo pequeno, ter um pouco de apego à espiritualidade, ele considera-o grande e importante, como dito na clarificação da linha da direita. É o mesmo com a segunda interpretação da linha da direita, como está escrito em nome de Baal HaSulam, que “direita” significa “virar para a direita”.
Isso significa que ele deve acreditar acima da razão e imaginar que já foi recompensado com a fé no Criador que é sentida nos seus órgãos, e que vê e sente que o Criador conduz todo o mundo como O Bom Que Faz O Bem. Embora, quando olha dentro da razão, veja o oposto, deve ainda trabalhar acima da razão e deve parecer-lhe como se já pudesse sentir, nos seus órgãos, que assim é realmente, que o Criador conduz o mundo como O Bom Que Faz O Bem.
Aqui, ele adquire a importância do objetivo, e daqui deriva a vida, ou seja, a alegria de estar perto do Criador. Então, a pessoa pode dizer que o Criador é O Bom Que Faz O Bem, e sentir que tem a força para dizer ao Criador: “Tu escolheste-nos de entre todas as nações, Tu amaste-nos e quiseste-nos”, pois tem uma razão para agradecer ao Criador. E na medida em que sente a importância da espiritualidade, assim estabelece o louvor ao Criador.
Assim que o homem tenha chegado a sentir a importância da espiritualidade, que é chamado “Deve-se sempre estabelecer o louvor ao Criador”, então é o momento em que deve passar para a linha da esquerda. Deve criticar como realmente sente, dentro da razão, a importância do Rei, se está verdadeiramente disposto a trabalhar apenas pelo benefício do Criador.
Quando vê dentro da razão que está nu e desprovido, esse estado em que vê a importância da espiritualidade, mas apenas acima da razão, esse cálculo pode criar nele carência e dor por estar em total inferioridade. Então, pode fazer uma oração sincera pelo que lhe falta.
Mas se não tiver a linha da direita, embora tenha orado ao Criador para o ajudar, é como se estivesse a pedir ao Rei que lhe faça um favor e o salve e tenha misericórdia dele. Como o Rei é misericordioso, pede-Lhe dinheiro para comprar pão. Mas a pessoa não sabe que está na prisão entre aqueles que foram condenados à morte, e agora tem uma oportunidade de pedir ao Rei que salve a sua vida, ou seja, que o perdoe, e o Rei perdoa-lo-á e dar-lhe-á uma oportunidade de viver uma vida de felicidade, e ele pede ao Criador que tenha misericórdia dele e lhe dê pão, e contenta-se com isso, é porque esteve encarcerado por tanto tempo que esqueceu tudo, que há um mundo onde pode levar uma vida feliz.
Este é o benefício de primeiro estabelecer o louvor ao Criador e depois orar. A razão é que, uma vez que sabe a importância da espiritualidade, que é “pois eles são as nossas vidas e a duração dos nossos dias”, por isso, quando ora, sabe do que precisa e pelo que deve pedir a misericórdia do Criador sobre ele e para lhe dar vida. É assim porque, enquanto estava na linha da direita, sentia que a vida corpórea é como “os ímpios, nas suas vidas, são chamados ‘mortos’”.
Por isto compreenderemos o que perguntamos: Por que razão se deve estabelecer o louvor ao Criador e depois orar? Isto é apropriado para um ser de carne e osso, a quem devemos primeiro apaziguar e louvar, o que torna o doador compassivo e generoso, como o suplicante lhe disse, que o doador tem boas qualidades. Mas por que precisamos de estabelecer o louvor ao Criador antes de orar?
De acordo com o acima, isto é simples. É para que ele saiba o que lhe falta, pois então saberá pelo que pedir a ajuda do Criador. Isto é semelhante à alegoria que uma vez disse, que uma pessoa estava muito doente, e um grupo de médicos veio examiná-la e diagnosticar a sua doença. O paciente mostrou aos médicos uma pequena ferida no dedo e disse-lhes que tinha dor, mas eles não quiseram olhar para ela. Ele perguntou-lhes: “Por que não olham para o que vos estou a dizer, e ninguém quer olhar para ela?” Eles responderam-lhe: “Estás em perigo mortal, entre a vida e a morte, e queres que olhemos para algo tão trivial?”
É da mesma forma connosco. Quando a pessoa não tem ideia do que lhe falta e pede algo pequeno como essa ferida, quando na verdade está no domínio da Tuma’á [impureza], como em “Os ímpios, nas suas vidas, são chamados ‘mortos’”, como podem considerá-lo do alto quando está no domínio dos mortos? Ele precisa de pedir para lhe ser dada vida, como está escrito: “Menciona-nos para a vida”. Mas embora digamos “Menciona-nos para a vida”, que vida esperamos? Esta é a pergunta!
Contudo, assim que a pessoa tenha começado a caminhar na linha da direita, começa a saber o que lhe falta. Ou seja, depois, quando passa para a linha da esquerda, tem um exemplo da direita. No entanto, isto também não é adquirido de uma vez, mas é um trabalho constante, como está escrito na oração para cada dia, que devemos primeiro estabelecer o louvor ao Criador e depois orar.
Contudo, as duas linhas devem estar equilibradas, ou seja, que uma não seja maior do que a outra. Pelo contrário, deve sempre caminhar como na alegoria corpórea, sobre duas pernas — a perna direita e a perna esquerda. Não se pode dizer que deve caminhar sobre uma perna mais do que sobre a outra, e caminhar apenas sobre uma perna é completamente impossível. Portanto, aqueles que querem caminhar no caminho da verdade e alcançar a Dvekut com o Criador devem caminhar tanto na direita como na esquerda, mas não caminhar sobre uma perna mais do que sobre a outra.
Agora devemos interpretar o que perguntámos: Qual é o significado de “Não acrescentarão nem dela vão retirar”? Perguntámos: Como se relaciona com o trabalho que não devemos acrescentar no trabalho? E, por outro lado, é desconcertante: “Não acrescentarão” pode ser dito quando a Torá nos diz “Não acrescentarão”. Mas qual a razão do mandamento “nem dela vão retirar”? Como podemos pensar que é permitido retirar das 613 Mitzvot, mas a Torá deve dizer-nos que nos é proibido retirar?
De acordo com a ordem do trabalho espiritual, devemos interpretar isto em relação às duas linhas. Significa que é proibido acrescentar no caminho da direita. Pelo contrário, a pessoa que deseja caminhar no caminho da verdade deve dedicar uma certa quantidade de tempo ao caminho da direita, e depois deve caminhar na linha da esquerda. É a este respeito que vem o mandamento de não acrescentar — num caminho mais do que no outro, nem retirar das linhas. Ou seja, não se deve dizer: “Hoje quero caminhar na linha da direita”, ou, pelo contrário, “Hoje quero caminhar na linha da esquerda”. É sobre isto que vem o mandamento: “Não acrescentarão nem dela vão retirar”. Pelo contrário, como disseram nossos sábios: “Devemos sempre estabelecer o louvor ao Criador e depois orar”.
O caminho da direita é chamado “plenitude”. Nesse momento, a pessoa pode estar muito grata ao Criador. Depois, deve passar para a linha da esquerda. No caminho da esquerda é o momento de ver o seu verdadeiro estado, como lhe parece dentro da razão. Então, tem um lugar para orar, pois a oração pertence precisamente a um lugar de carência, e quanto maior a carência, mais sincera é a oração.
Este é o significado do que está escrito: “Das profundezas Te chamei, ó Senhor”. Portanto, as duas linhas devem ser iguais “até que venha o terceiro escrito e decida entre elas”. Então, após o trabalho nas duas linhas, ele é recompensado com a Dvekut com o Criador. Isto é chamado o “terceiro escrito”. Ou seja, as duas linhas pertencem ao trabalho do homem, mas a linha do meio pertence ao Criador. Isto significa que, ao caminhar nas duas linhas, dessas duas, cria-se um lugar onde o Criador pode colocar a Sua bênção. Isto é chamado “até que venha o terceiro escrito e decida entre elas”.
Agora podemos interpretar o que diz O Zohar (Pinhas, Item 321): “‘A sua perna é uma perna esticada’. Os autores da Mishna disseram que aquele que ora deve corrigir as suas pernas na sua oração, como os anjos ministrantes, para que as suas pernas estejam esticadas”.
Devemos compreender por que razão, se as pernas não estiverem esticadas, a sua oração não pode ser aceite. Significa que as suas pernas implicam algo, que, por essa razão, quando ora, sente-se carente e vem até ao Criador para satisfazer a sua carência, as suas pernas devem estar esticadas.
De acordo com o acima, podemos compreender o significado das suas “pernas”. A “perna direita” é a linha da direita ou o caminho da direita. Este é o lugar para louvar e agradecer ao Criador. A perna esquerda refere-se à linha da esquerda e ao caminho da esquerda, e a oração não pode ser aceite antes que ambas as linhas sejam esticadas e não que uma seja maior do que a outra.