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Rabash

Artigos
1984 - 01 | O Propósito da Sociedade - 1 1984 - 01 (Parte 2) | O Propósito da Sociedade - 2 1984 - 02 | Relativamente ao Amor aos Amigos 1984 - 03 | Amor aos Amigos - 1 1984 - 04 | Cada um deve ajudar o seu Amigo 1984 - 05 | O que nos dá a regra: “Ama o teu próximo como a ti mesmo” 1984 - 06 | Amor aos Amigos - 2 1984 - 07 | Considerando o que está escrito relativamente a “Ama o teu próximo como a ti mesmo” 1984 - 08 | Qual é a Observância da Torá e das Mitzvot que Purifica o Coração? 1984 - 09 | A Pessoa Deve Sempre Vender as Vigas da Sua Casa 1984 - 10 | Qual é o nível que uma pessoa precisa de alcançar para não ter que reencarnar 1984 - 11 | Mérito Ancestral 1984 - 12 | A Questão da Importância da Sociedade 1984 - 13 | Às vezes a Espiritualidade é chamada de “Alma” [Neshama] 1984 - 14 | A Pessoa Deve Vender Tudo o Que Possui e Casar Com a Filha de Um Discípulo Sábio 1984 - 15 | Pode Alguma Coisa Negativa Descer do Alto 1984 - 16 | A Questão da Doação 1984 - 17 | Relativamente à Importância dos Amigos 1984 - 17 (Parte 2) | O Programa da Assembleia de Amigos 1984 - 18 | E Vai Acontecer Quando Vier Para a Terra Que o Senhor Seu Deus Lhe Dá 1984 - 19 | Vocês que Permanecem Aqui, Juntos 1984 - 01 | Faça para Si um Rav e Compre para Si um Amigo - 1 1985 - 02 | O Significado de Raiz e Ramo 1985 - 03 | O Significado de Verdade e Fé 1985 - 04 | Estas São As Gerações de Noé 1985 - 05 | Parte da Tua Terra 1985 - 06 | E o Senhor Apareceu-lhe nos Carvalhos de Mamre 1985 - 07 | A Vida de Sara 1985 - 08 | Faça para si um Rav e Compre para si um Amigo - 2 1985 - 09 | E as Crianças Debatiam-se Dentro Dela 1985 - 10 | E Jacó Saiu 1985 - 11 | Relativamente ao Debate Entre Jacó e Labão 1985 - 12 | Jacó Habitava na Terra Onde o Seu Pai Viveu 1985 - 13 | Rocha Poderosa da Minha Salvação 1985 - 14 | Eu Sou o Primeiro e Eu Sou o Último 1985 - 15 | E Ezequias Voltou o Rosto Para a Parede 1985 - 16 | Quanto Mais os Oprimiram 1985 - 17 | Sabe Hoje e Responde ao Teu Coração 1985 - 18 | Relativamente aos Caluniadores 1985 - 19 | Venha Até Ao Faraó - 1 1985 - 21 | Devemos Sempre Distinguir Entre a Torá e o Trabalho 1985 - 24 | Três Tempos no Trabalho 1985 - 25 | Em Todas as Coisas, Devemos Distinguir Entre a Luz e o Kli [vaso] 1985 - 29 | O Senhor está Próximo de Todos os que Chamam Por Ele 1985 - 30 | Três Orações 1985 - 31 | Ninguém Se Considera a Si Próprio Como Ímpio 1985 - 36 | E Houve o Entardecer e Houve a Manhã 1985 - 37 | Quem Vai Testemunhar Pela Pessoa? 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1987 - 28 | O Que Significa no Trabalho: "Não Acrescentar Nem Diminuir" O que Significa “De Acordo com a Dor, Assim é a Recompensa”? 1988 - 03 | O Que Significa que o Nome do Criador é “Verdade” 1988 - 04 | Qual é o Significado da Oração por Ajuda e Perdão no Trabalho? 1988 - 05 | O que Significa no Trabalho “Quando Israel Está no Exílio, a Shechina Está com Eles”? 1988 - 06 | Qual a Diferença no Trabalho Entre um Campo e um Homem do Campo? 1988 - 08 | Qual é o Significado de que Aquele Que Ora Deve Explicar as Suas Palavras Corretamente? 1988 - 10 | Quais São os Quatro Atributos, no Trabalho, Para Aqueles que Vão ao Seminário? 1988 - 13 | O Que Significa no Trabalho que “O Pastor do Povo é Todo o Povo”? 1988 - 14 | A Necessidade de Amor aos Amigos 1988 - 15 | O que Significa no Trabalho que “Não Há Benção Num Lugar Vazio”? 1988 - 16| Qual é a Fundação na Qual a Kedusha é Construída? 1988 - 21 | O que Significa, no Trabalho, que a Torá foi Dada a Partir da Escuridão? 1988 - 23 | O Que Significa no Trabalho Que Começamos em Lo Lishma? 1988 - 30 | O Que Procurar na Assembleia de Amigos 1988 - 32 | Quais São as Duas Ações Durante a Descida? 1989 - 03 | Qual é a Diferença entre o Portão das Lágrimas e os Restantes Portões 1989 - 04 | O que é um Dilúvio de Água no Trabalho? 1989 - 05 | O que Significa que a Criação do Mundo foi por Generosidade? 1989 - 06 | O Que é o ‘Acima da Razão’ no Trabalho 1989 - 12 | O que é a Refeição do Noivo? 1989 - 19 | O que é no Trabalho “Não Há Bênção no que é Contado”? O que Significa no Trabalho que um “Homem Embriagado Não Deve Orar”? 1989 - 22 | Quais São as Quatro Perguntas que Fazemos Especificamente na Noite de Pesach? 1989 - 23 | O que é Significa no Trabalho: Se Engoliu a Maror [Erva Amarga], Não Cumpriu? 1989 - 40 | O que Significa no Trabalho que “Cada Dia Eles Serão Como Novos aos Teus Olhos” 1990 - 05 | O Que Significa no Trabalho Que a Terra Não Deu Fruto Antes do Homem Ser Criado O Que Significa no Trabalho, Colocar a Vela de Chanukah à Esquerda Por que razão a Torá é chamada de ‘Linha do Meio’ no Trabalho? - 2 O Que Significa no Trabalho Que a Bênção Não Se Encontra em Algo Que Está Contado? O que Significa no Trabalho que a “Taça de Benção Deve Estar Cheia”? O que Significa no Trabalho “Regressa Ó Israel ao Senhor Teu Deus”? O Que Significa no Trabalho: “As Boas Ações dos Justos São as Gerações”? O Que Significa no Trabalho que “O Rei Permanece no Seu Campo Quando a Colheita está Pronta”? Estas Velas São Sagradas O Que Significa "Entregaste os Fortes Nas Mãos dos Fracos" no Trabalho Espiritual? 1991 - 25 | O que Significa que Aquele que Se Arrepende Deve Fazê-lo em Alegria? 1991 - 27 | O que Significa no Trabalho: “Se a Mulher Conceber Primeiro, Dará à Luz um Filho”? O que significa no trabalho: 'Coma dos seus frutos neste mundo, e o principal permanece para o Mundo Vindouro'? O Que Significa no Trabalho “Torá” e “O Estatuto da Torá”

Michael Laitman

Biblioteca de Cabala "Principal" / Rabash / Artigos / 1986 - 13 | Venha até ao Faraó - 2

Venha até ao Faraó - 2


Artigo nº 13, 1986
O Zohar pergunta: “Está escrito, ‘Venh até ao Faraó,’ mas deveria estar escrito, ‘Vá até ao Faraó’, etc. Uma vez que o Criador viu que Moisés estava com medo e outros emissários designados não conseguiam aproximar-se dele, o Criador disse, ‘Eis que estou contra ti, Faraó, rei do Egito, o grande monstro que jaz no meio dos seus Nilos.’ O Criador teve de travar guerra contra ele, e não outro, como está escrito, ‘Eu sou o Senhor’, o que explicaram como, ‘Eu e não um mensageiro’.” Até aqui, as suas palavras (no início da porção, Bo [‘Venha’]).
A diferença entre “venha” e “vá” é que “venha” significa que devemos caminhar juntos, como uma pessoa que diz ao seu amigo: “Vem”.
Devemos compreender isto, porque o Zohar pergunta por que motivo o Criador precisou de ir com Moisés. É porque Moisés, sozinho, não podia combatê-lo, mas o próprio Criador e nenhum outro podia fazê-lo. Assim, por que era necessário que Moisés fosse com o Criador até Faraó? Afinal, está escrito, “Eu e não um mensageiro.” Qual é, então, o propósito de o Criador ir até Faraó, chamado de “grande monstro,” com Moisés? Ele poderia ter ido até Faraó sem Moisés.
Devemos também compreender o que os nossos sábios disseram (Kidushin [Matrimónio] 30b): “Rish Lakish disse: ‘A inclinação do homem supera-o todos os dias e procura matá-lo, como dizem, ‘O ímpio observa o justo’, e se o Criador não o ajudasse, ele não seria capaz de a vencer, como dizem, ‘O Senhor não o deixará na sua mão.’”
Aqui, também surge a questão: “Se uma pessoa não consegue prevalecer por si própria e precisa da ajuda do Criador, qual a razão desta duplicação?” Ou seja, ou o Criador dá à pessoa a força para superar sozinha, ou o Criador faz tudo. Por que razão parecem ser necessárias aqui duas forças, uma do homem e, em seguida, a força do Criador? É como se apenas as duas juntas pudessem conquistar o mal, e uma força fosse insuficiente.
É sabido que a perfeição do homem é que ele deve alcançar o propósito da criação, ou seja, alcançar o objetivo para o qual o mundo foi criado, que é chamado de “fazer o bem às Suas criações”. Ou seja, as criaturas devem alcançar a receção do deleite e do prazer que Ele contemplou para as deleitar.
Antes disso, a criação ainda não é considerada uma criação digna do Criador, pois é sabido que do Operador perfeito devem emergir operações perfeitas. Isto significa que todos devem sentir a beleza da criação e ser capazes de louvar e glorificar a criação, que todos possam glorificar e agradecer ao Criador pela criação que Ele fez, e que todos possam dizer: “Bendito seja Ele que disse, ‘Que o mundo exista.’” Ou seja, todos devem abençoar o Criador por ter criado um mundo bom, cheio de prazeres, onde todos estão alegres e felizes com a satisfação que sentem com todos os prazeres que experienciam no mundo.
No entanto, quando a pessoa começa a examinar se está realmente satisfeita com a sua vida e quanto contentamento está realmente a obter de si mesma e do seu ambiente, ela vê o oposto: todos sofrem, em tormentos, e cada pessoa sofre de forma diferente. Mas a pessoa deveria dizer, “Bendito seja Ele que disse, ‘Que o mundo exista.’’” mas vê que está apenas a dizê-lo superficialmente.
Contudo, é sabido que o deleite e o prazer não podem aparecer no mundo antes de o mundo ter Kelim [vasos] de doação, uma vez que os nossos vasos de receção ainda estão contaminados pela receção para benefício próprio, que é grandemente limitada na sua medida e separa-nos do Criador (isto é, aconteceu a primeira restrição nos vasos de receção para que a abundância não brilhasse lá, ver na “Introdução ao Livro do Zohar,” p. 138).
A obtenção dos vasos de doação é onde começam os conflitos e guerras, pois isso é contra a nossa natureza. E é por isso que nos foram dados a Torá e as Mitzvot, para alcançar o nível de doação, como os nossos sábios disseram: “Eu criei a inclinação ao mal; Eu criei a Torá como especiaria.” (Kidushin 30).
Além disso, foi-nos dada a Mitzva [mandamento/boa acção] de “amar o teu amigo como a ti mesmo,” e o Rabbi Akiva disse, “Este é o grande princípio da Torá” (Beresheet Rabbah, Parashá 24). Ou seja, ao trabalhar no amor aos amigos, a pessoa acostuma-se a sair do amor próprio e a alcançar o amor aos outros.
No entanto, devemos compreender o que vemos diante de nós, que há pessoas que se empenham no amor aos amigos e, ainda assim, não chegam nem um milímetro mais perto do amor pelo Criador para que possam trabalhar na Torá e nas Mitzvot, devido ao amor pelo Criador. Isto significa que dizem que, de facto, estão a avançar um pouco no amor aos amigos, mas não vêem progresso no amor ao Criador. No entanto, devemos saber que no amor aos amigos, também, há níveis, ou seja, que devemos contemplar a obrigação do amor aos amigos.
Podemos compará-lo a um edifício de dois andares com um rés-do-chão também. O Rei está no segundo andar, e quem deseja chegar ao Rei, alguém cujo único objetivo é conversar com o Rei face a face, é informado de que deve primeiro subir ao primeiro andar, pois é impossível subir ao segundo andar sem antes passar pelo primeiro.
Certamente, todos compreendem que é assim. No entanto, há uma razão pela qual devem primeiro subir ao primeiro andar, isto é chamado de “correções.” Ou seja, ao subir ao primeiro andar, a pessoa pode aprender como se dirigir ao Rei face a face, e será capaz de pedir ao Rei o que deseja.
Essa pessoa, que ouve que deve primeiro subir ao primeiro andar e, posteriormente, ao segundo, compreende-o muito bem. Mas, dado que o seu único desejo é ver o rosto do Rei e não se importa com mais nada, isso transforma o que lhe é dito (que deve subir ao primeiro andar) um fardo e um esforço para ela.
No entanto, ela não tem escolha, por isso sobe ao primeiro andar. Não está interessada em ver o que há lá, embora tenha ouvido que o primeiro andar é onde se aprende a falar com o Rei. Mas não dá atenção a isso, pois esse não é o seu objetivo. O seu objetivo é o Rei, não o que pode aprender no primeiro andar. O seu objetivo não é o estudo, mas ver o rosto do Rei. Por que deveria perder tempo com coisas insignificantes, já que tudo é nada em comparação com o Rei? Assim, por que deveria interessar-se pelo que é ensinado no primeiro andar?
Assim, quando sobe ao primeiro andar, ele não tem desejo de lá ficar. Ao invés, deseja rapidamente subir ao segundo andar, ao próprio Rei, pois isso é tudo o que quer. No entanto, dizem-lhe: “Sem saber as regras que existem no primeiro andar, certamente prejudicarás a honra do Rei. Por esta razão, não podes esperar subir ao segundo andar antes de aprender tudo o que há para aprender no primeiro andar.”
De forma semelhante, com o amor aos amigos, ouvimos que era impossível ser recompensado com o amor ao Criador antes de ser recompensado com o amor aos amigos, como disse o Rabbi Akiva, “ama o teu próximo como a ti mesmo é o grande princípio da Torá.” Portanto, ao envolver-se no amor aos amigos, ele não considera o amor aos amigos como algo valioso, mas como redundante.
Mantém-no porque não tem escolha, mas está constantemente à procura do momento em que “serei recompensado com o amor do Criador, e poderei livrar-me do amor aos amigos. Este trabalho é penoso para mim porque mal posso suportar os meus amigos, pois vejo que todos eles têm traços diferentes dos meus e nada tenho em comum com eles. Mas não tenho escolha, pois disseram-me que sem amor aos amigos não poderei alcançar o amor ao Criador. Então, contra a minha vontade, sento-me com eles.”
“No entanto, posso perguntar a mim mesmo: ‘O que estou a obter dos amigos?’ Apenas uma coisa: estou a corrigir-me através do auto-tormento, sentando-me com eles e tolerando as suas conversas, que não gosto e que são contra a minha natureza. Mas o que posso fazer? Disseram-me que devo sofrer neste mundo, por isso faço-o: sento-me e espero pelo momento em que poderei fugir deles e evitar ver a baixeza que vejo neles.”
Acontece que a pessoa não está a tirar do amor aos amigos o remédio chamado, “amor aos outros”, mas apenas porque lhe disseram que não tem escolha, pois, caso contrário, não alcançará o amor ao Criador. Esta é a razão pela qual se envolve no amor aos amigos e mantém todas as obrigações que os amigos lhe impõem. Mas o que ela deveria aprender com eles está a anos-luz de distância dele.
Isto significa que a pessoa não está a sair do amor próprio e não está a alcançar o amor aos outros. Ela cumpre o amor aos amigos não por amor, mas por medo, pois não é permitido entrar no amor pelo Criador antes de entrar no amor aos amigos. Como resultado, ela teme não cumprir o amor pelos amigos porque não será permitido entrar no amor pelo Criador.
Isto é semelhante à alegoria de não ser permitido entrar no segundo andar onde o Rei se encontra, até que se suba ao primeiro andar. A ideia é que a pessoa aprenda as regras de como manter a honra do Rei, por isso pareceria razoável que ficasse contente por subir ao primeiro andar, já que agora está a aprender como ser cuidadosa quanto à honra do Rei.
Isto beneficiaria a pessoa, porque depois, quando entrar no palácio do Rei, não vai prejudicar a honra do Rei. E, portanto, enquanto estiver no primeiro andar, ela presta atenção a todas as regras que lá se aplicam e a acostumar-se a elas, pois quer ir ter com o Rei, dar ao Rei, deve forma alguma desrespeitar a honra do Rei.
Isto diz respeito apenas a quem deseja entrar diante do Rei para Lhe dar contentamento. Mas quem deseja chegar diante do Rei para o seu próprio benefício considera o que se encontra no primeiro andar como redundante. Não lhe interessa. Ela sobe ao primeiro andar apenas porque tem medo, pois sabe que não lhe será permitido subir ao segundo andar antes de subir ao primeiro. Ela não sente necessidade de estudar as leis que ali são ensinadas (como evitar prejudicar a honra do Rei) pois a única razão pela qual quer entrar diante do Rei é por amor próprio.
Portanto, devemos saber que nos foi dado o amor aos amigos para aprender como evitar prejudicar a honra do Rei. Ou seja, a menos que não tenha outro desejo senão dar contentamento ao Rei, certamente prejudicará a honra do Rei, o que é chamado de “Passar a Kedusha [santidade] para os exteriores.” Por esta razão, não devemos subestimar a importância do trabalho no amor aos amigos, pois através dele vai aprender a sair do amor próprio e entrar no caminho do amor pelos outros. E, quando concluir o trabalho do amor aos amigos, poderá ser recompensado com o amor ao Criador.
Devemos saber que existe uma virtude no amor aos amigos. A pessoa não se pode enganar a si mesma e dizer que ama os amigos, se de facto não os ama. Aqui ele pode examinar se tem realmente amor pelos amigos ou não. Mas, com o amor ao Criador, a pessoa não se pode examinar a si própria quanto à sua intenção ser ou não de amar o Criador, isto é, que quer dar ao Criador, ou se o seu desejo é receber pelo benefício próprio.
Mas devemos saber que, após todas as correções que são dadas ao homem para fazer, sem a ajuda do Criador, ele não terá qualquer progresso no trabalho de doação. E perguntámos: “Porque razão, então, deve alguém fazer as coisas para depois ser recompensado com a ajuda do Criador? Afinal, o Criador pode ajudar mesmo sem o trabalho dos inferiores, e o trabalho do homem no progresso no trabalho não vai ajudar de qualquer das formas.”
No entanto, se a pessoa não começar a trabalhar, não saberá que não pode triunfar sobre a inclinação. Mas quando a pessoa começa a andar no trabalho do Criador e faz o que pode fazer, então pode oferecer uma oração verdadeira para que o Criador a ajude.
Mas por que razão o Criador quer que a pessoa faça uma oração verdadeira? Com carne e osso, pode dizer-se que Ele quer que faça um pedido genuíno porque, quando uma pessoa faz um pedido genuíno ao seu amigo, o seu amigo dá-lhe uma verdadeira gratidão. A carne e os ossos, que procuram honra, veem a gratidão que lhes dão como se estivessem a rebaixar-se diante dele, e ele tem deleite.
Mas quanto ao Criador, será que Ele precisa que lhe seja dado o respeito das pessoas? Portanto, por que razão o Criador desejaria que uma pessoa fizesse uma oração sincera?
A questão é que é sabido que não há luz sem um Kli. É impossível alguém dar algo que seja muito importante, e se não houver desejo por isso, a pessoa vai desconsiderá-lo e descartá-lo. Será perdido porque a necessidade de algo corresponde àquilo de que se necessita; é isso que dá importância. Na medida da importância, a pessoa impede que o presente se perca, caso contrário vai tudo para as Klipot.
Isto é chamado de “nutrir as Klipot”, ou seja, vai tudo para os vasos de recepção, que tomam sob a sua autoridade tudo o que a pessoa desconsidera em questões de Kedusha. A partir disto, sabemos a razão da necessidade da pessoa começar o trabalho. Mas porque é que o Criador não dá à pessoa a força para completar o trabalho sozinha, sem a Sua ajuda?
É sabido o que o Zohar interpreta acerca do que disseram os nossos sábios, “Aquele que vem para se purificar é ajudado.” Pergunta-se: “Com o quê?” E dizem: “Com uma alma sagrada”, ou seja, recebe iluminação do alto, que é chamada Neshama [alma], chamada “alcançar a Divindade”, o que significa que ele está incluído no pensamento da criação para fazer o bem às Suas criaturas.
Acontece que, ao ter um Kli e um desejo pelos vasos de doação, ele recebe a luz, chamada Neshama. Assim, ambos são necessários. Ou seja, a pessoa deve começar, e através disso recebe um Kli. E, ao não conseguir terminar, clama ao Criador por ajuda, e então recebe a luz.
Agora podemos entender o que está escrito, “Vem até Faraó, pois eu endureci o seu coração e o coração dos seus servos, para que eu possa mostrar os meus sinais dentro deles.”
Surge uma pergunta: “Porque é que o Criador endureceu o coração de Faraó?” O texto responde: “Para que eu possa mostrar os meus sinais dentro deles.” E a interpretação é: “Porque é que o Criador endureceu o coração do homem e ele não consegue vencer a guerra contra a inclinação por si mesmo?”
A resposta é, para que o homem clame ao Criador, e assim tenha o Kli. E então o Criador poderá colocar as letras da Torá dentro dele, dentro do Kli. Esta é a alma que o Criador lhe dá como ajuda.
Isto é considerado, “A Torá e o Criador são um.” “Os meus sinais” refere-se às letras da Torá, como nos ‘nomes do Criador’. Isto é o “fazer o bem às Suas criaturas”, que é o pensamento da criação para fazer o bem às Suas criaturas. Isto vem até uma pessoa especificamente quando ela tem um Kli, e este Kli vem através do endurecimento do coração, pois assim há um lugar onde ela pode clamar ao Criador por ajuda, e Ele ajuda-a com uma alma sagrada.
Agora podemos ver a questão de “Vem até Faraó”, que significa “os dois juntos”. Ou seja, a pessoa deve começar e depois ver que não consegue derrotá-lo, e isto está implícito no facto de Moisés ter tido medo de se aproximar dele. E então o Criador disse: “Eis que estou contra ti, Faraó”, ou seja, que então vem a ajuda do Criador. E com o quê? Com uma alma sagrada, como está escrito no Zohar.
Acontece que o endurecimento do coração, nas palavras, “Pois eu endureci o seu coração”, foi para fazer um lugar para uma oração. E esta oração não é como uma de carne e osso, que deseja respeito, a pedir para ser respeitado. Pelo contrário, o propósito da oração é que a pessoa tenha um Kli, uma necessidade pela ajuda do Criador, pois não há luz sem um Kli. E quando a pessoa vê que não pode ajudar-se de forma alguma, então ela tem uma necessidade pela ajuda do Criador.
Este é o significado do que os nossos sábios disseram, “O Criador deseja a oração dos justos.” Aqui também surge a pergunta, “Mas o Criador precisa da rendição do homem, para que ele Lhe peça?” No entanto, uma vez que o Seu desejo é beneficiar as Suas criaturas, mas não há luz sem um Kli, Ele deseja a oração dos justos, pois através disso eles revelam os Kelim [vasos] nos quais Ele pode atribuir. Segue-se que quando uma pessoa vê que não pode vencer o mal dentro de si, este é realmente o momento de pedir a ajuda do Criador.
Agora podemos entender o que o Criador disse (Êxodo 6), “E Eu vou tomar-vos para Mim como um povo, e serei para vós um Deus; e sabereis que Eu sou o Senhor vosso Deus, que vos tirei debaixo dos fardos dos Egípcios.”
Em Masechet Berachot (38a), os nossos sábios escreveram o seguinte sobre o assunto: “‘Que vos tirou debaixo dos fardos dos Egípcios.’ Os sábios... Assim disse o Criador a Israel: ‘Quando vos tirar, farei algo por vós para vos mostrar que fui Eu quem vos tirou do Egito, como está escrito, ‘Que Eu sou o Senhor vosso Deus, que vos tirou.’”
Isto significa que não é suficiente que o Criador tenha tirado o povo de Israel do Egipto, que tenham sido libertados do tormento que lá sofreram. Quando se fala sobre o trabalho do Criador, surge a pergunta: “Não foi isto suficiente?” Agora eles foram libertados da escravidão do exílio depois de não terem conseguido servir o Criador devido ao domínio de Faraó, e tudo o que construíram para si próprios, qualquer posição no trabalho, foi tudo engolido pela terra, como disseram os nossos sábios (Sotah p 11), “Pitom e Ramsés. Rav e Shmuel, um disse que o seu nome era Pitom. E porque é que o seu nome era Ramsés? Porque a sua cabeça Mitroses [divide-se] primeiro.” RASHI interpreta, “Quando construíam algo, isso partia e caía. Reconstruíram, e caía. E um disse, ‘O seu nome é Ramsés, e porque é que o seu nome era Pitom? É porque o primeiro é o primeiro, foi engolido pelo Pi Tehom [boca do abismo].’”
Portanto, vemos que não há disputa entre Rav e Shmuel quanto aos factos, apenas quanto à interpretação. O fato era que tudo o que construíam caía. Isto significa que sempre que construíam para si próprios alguma estrutura no trabalho, os egípcios chegavam, ou seja, os pensamentos estranhos dos egípcios, e arruinavam todo o seu trabalho. Ou seja, todo o trabalho que realizavam com todos os seus esforços para superar e servir no trabalho da santidade era engolido pela terra.
Assim, a cada dia tinham de recomeçar, e parecia-lhes como se nunca tivessem estado envolvidos no trabalho da santidade. Além disso, cada vez que contemplavam seguir em frente, viam que não só não estavam a progredir, como até regrediam, uma vez que novas questões de “quem” e “o quê” surgiam sempre no seu intelecto.
De acordo com isto, devemos entender esta saída do Egipto como a sua capacidade de finalmente servir o Criador sem os pensamentos estranhos dos egípcios. Assim, o que significa este saber, nas palavras “E sabereis”, o que nos vem dizer? Que devemos saber que é o Criador quem os libertou da terra do Egipto. E há mais que devemos questionar, uma vez que começámos o exame pela escravidão no Egipto, quando eram obrigados a trabalhos forçados, e foram libertados disso, então o que mais lhes faltava?
Mas o que é trabalho forçado? Os nossos sábios explicaram o versículo, “Todos os seus trabalhos que lhes impuseram rigorosamente” (Sutah 11b). “Rabbi Shmuel Bar Nahmany disse, ‘Rabbi Yonatan disse, ‘Substituíram o trabalho dos homens pelo trabalho das mulheres, e o trabalho das mulheres pelo trabalho dos homens. E os egípcios fizeram os filhos de Israel servirem Ba-Parech [com rigor].’’ Rabbi Elazar diz, Be Peh Rach [com palavras doces].’”
Também devemos entender a questão do trabalho forçado no trabalho da santidade. Devemos fazer dois discernimentos:
a) O acto chamado “a parte revelada”, que a pessoa pode ver e onde não se pode dizer que está a errar ou a enganar-se, uma vez que não se pode dizer que há erro em algo que é visivelmente evidente. Isto é assim porque com o acto das Mitzvot e o estudo da Torá, ele vê, e os outros também podem ver se está a realizar acções de Torá e Mitzvot ou não.
b) A intenção. Isto é chamado de “a parte oculta”, dado que os outros não podem ver a intenção por trás dos seus atos. E ele também não pode ver a intenção no ato, uma vez que com intenções, é possível enganar-se e iludir-se, pois apenas nas coisas evidentes, chamadas “a parte revelada”, todos podem ver a verdade. Mas quando se trata de intenções no coração ou pensamentos no intelecto, não se pode confiar em si próprio. Concluímos que isto está oculto para ele e para os outros.
Agora podemos interpretar o significado de ‘trabalho forçado’, que foi dito ser “Substituir o trabalho dos homens pelo trabalho das mulheres.” “Trabalho dos homens” significa que ele já é um Gever [homem], que pode Lehitgaber [superar] o seu mal e envolver-se em Torá e Mitzvot em ação. Assim, o que deve ele fazer quando já é chamado “um homem” ou seja, um homem de guerra, que pode lutar contra o seu mal em ação? Agora é o momento para ele começar o seu trabalho no segundo discernimento, ou seja, no oculto, que é a intenção. Isto significa que de agora em diante, ele deve tentar direcionar todas as suas ações para ser para dar contentamento ao Criador e não para o seu próprio benefício.
E o que fizeram os egípcios quando viram que ele era um homem que podia sair do seu domínio e entrar na santidade? Trocaram o seu trabalho e deram-lhes o trabalho das mulheres. Isto significa que todo o trabalho deles era trabalho de mulheres, ou seja, os egípcios fizeram-nos pensar: “Quem precisa de intenções? As ações é que contam, e aqui, nas ações, vocês terão sucesso, como podem ver, são homens (em hebraico ‘gever’), podem prevalecer sobre o mal que está em vocês e envolver-se em Torá e Mitzvot em cada detalhe e precisão, e devem colocar todos os vossos esforços em ser mais meticulosos em Torá e Mitzvot.
“Contudo, não devem envolver-se com as intenções! Este trabalho não é para vocês, mas apenas para alguns escolhidos. Se começarem com o trabalho de doação, ou seja, perceberem que devem direcionar tudo para ser na forma de doação, não terão energia para ser tão meticulosos na ação revelada, onde não se podem enganar, porque veem o que estão a fazer. Portanto, é aí que podem expandir em cada detalhe e precisão nas vossas ações.
“Mas, no que diz respeito às intenções, não têm um teste real. Assim, aconselhamos que para o vosso bem, e não pensem, Deus nos livre, que queremos desviar-vos do trabalho da santidade. Pelo contrário, queremos que subam nos níveis da santidade.”
Isto é chamado, “Substituir o trabalho dos homens pelo trabalho das mulheres.” Onde deveriam ter feito o trabalho que pertence aos homens, explicaram ao povo de Israel que seria melhor para eles fazerem o trabalho das mulheres, ou seja, o que pertence às mulheres.
E substituir “o trabalho das mulheres pelo trabalho dos homens” significa que aquelas pessoas não têm o poder de superar. Ao invés, “são tão fracas como uma mulher”, ou seja, eram fracas a cumprir a Torá e as Mitzvot e não tinham a força para cumprir e manter as Mitzvot, mesmo na forma revelada, que é chamada “somente em ação”. E todo o trabalho de superação era apenas na ação, não na intenção.
Os egípcios vieram até eles e fizeram-nos pensar: “Não queremos interromper o vosso trabalho sagrado. Pelo contrário, queremos que sejais verdadeiros servos do Criador. Ou seja, vemos que desejais servir no trabalho da santidade, por isso estamos a aconselhar-vos que o mais importante não é a acção; é a intenção. Portanto, em vez de vos esforçardes para superar em ação, acostumando-vos a superar o vosso corpo, a estudar por mais uma hora ou a rezar por mais meia hora tentando responder ‘Bendito seja Ele’, e ‘Bendito seja o Seu nome’, e ‘Amém’, para não mencionar no meio da repetição do líder da oração da congregação. Quem precisa disso?
“O principal objetivo é para o Criador. É aí que precisam concentrar todos os vossos esforços. Porque desperdiçar a vossa força em coisas insignificantes? De facto, a Halachá [lei religiosa] diz que devem manter todas essas pequenas coisas, mas este trabalho não é para vós; é trabalho para mulheres. Precisais envolver-vos no trabalho dos homens. O facto de quererem envolver-se apenas em ações não é adequado para vós. Devem concentrar-se principalmente na intenção, ou seja, usar cada pedacinho de energia que têm para direcionar tudo pelo benefício do Criador. Contudo, não pensem nem por um minuto que estamos a tentar, Deus nos livre, interromper o vosso trabalho para o Criador. Queremos o contrário, que se elevem na escada da santidade e alcancem a perfeição, ou seja, que todas as vossas ações sejam somente para dar contentamento ao vosso Criador.”
E como estavam no nível chamado “mulheres” e ainda não tinham a força para superar, nem mesmo na parte da ação (considerado que são tão fracas como as mulheres) os egípcios fizeram-lhes ver que o importante era a intenção Lishma [pelo Seu Benefício]. Com isso, os egípcios garantiram que não teriam forças para continuar e superar no trabalho da santidade.
É como Maimónides diz quando escreveu (Hilchot Teshuva [Leis do Arrependimento], Parashá nº 10), “Os sábios disseram, ‘Devemos sempre estar envolvidos na Torá, mesmo em Lo Lishma [não para o Seu Benefício], pois de Lo Lishma vai alcançar Lishma [pelo Seu Benefício].’ Portanto, ao ensinar os mais novos, as mulheres e os iletrados no geral, devem ser ensinados a trabalhar por temor e a receber recompensa. Quando adquirirem conhecimento e adquirirem muita sabedoria, deve-lhes ser mostrado esse segredo, pouco a pouco, e devem ser acostumados a ele com naturalidade, até o alcançarem, e conhecerem o Criador e O servirem por amor.”
Os egípcios aconselharam aqueles que estavam sob o discernimento de ‘mulher’ a não seguirem as palavras de Maimónides. Pelo contrário, apesar de estarem no nível de mulheres e pequenos, fizeram com que entendessem que deveriam começar imediatamente o trabalho de visar Lishma. Com isso, os egípcios garantiram que continuariam a dominá-los, fora da Kedusha [santidade].
Assim, isto é chamado “trabalho árduo,” como o Rabino Shmuel Bar Nahmany interpretou, “Ba-Parech [com trabalho forçado] significa BePricha [frágil/desmoronando].” E RASHI interpretou, “Na ruína e quebra do corpo e da cintura.” A razão é que, ao substituir o trabalho dos homens pelo trabalho das mulheres, e o trabalho das mulheres pelo trabalho dos homens, será como explicamos, já que o trabalho dos homens era superar, avançar e visar a intenção Lishma, mas eles enfraqueceram-nos neste trabalho porque os egípcios resistiam a este trabalho. Assim, além de terem de se esforçar para superar, a fim de visar para a intenção de doação, eles tinham mais trabalho, pois os egípcios fizeram com que pensassem que todo esse trabalho era redundante, que o trabalho da doação não lhes dizia respeito, mas apenas a alguns escolhidos.
Isto é chamado de “trabalho duplo”: 1) esforçar-se para visar com a intenção de doar, e 2) lutar contra eles e dizer que não é verdade, que eles seriam capazes de alcançar Lishma, e não como disseram os egípcios, que deveriam fazer o trabalho das mulheres. E esta era toda a intenção dos egípcios, impedir que se aproximassem do trabalho de doação.
Além disso, substituíram o trabalho dos homens pelo das mulheres, o que, como dissemos, não tem valor, pois é manter a Torá e as Mitzvot apenas na ação. Isto significa que toda a guerra contra a inclinação, era apenas sobre a ação, e não, como Maimónides diz, que o trabalho das mulheres deveria ser apenas sobre fazer coisas e não ensiná-las que devem ter o objetivo de Lishma.
Portanto, quando os egípcios vieram e disseram que tinham de fazer o trabalho dos homens, ou seja, com a intenção de doar, era um trabalho árduo para eles: 1) No que diz respeito a Lishma, eram completamente incapazes disso. 2) Superar o corpo e manter as Mitzvot práticas era mais difícil para eles antes que os pensamentos estranhos dos egípcios chegassem e fizessem com que pensassem que o acto de Mitzvot sem intenção não tinha qualquer valor e degradava a importância da Torá e das Mitzvot em Lo Lishma. Assim, agora, através dos egípcios, o trabalho na forma de ‘mulher’ foi degradado, e isso causou-lhes trabalho árduo, como foi dito que é a quebra do corpo e da cintura.
Concluímos, com tudo o que foi dito, que há três significados para a palavra Perech [trabalho árduo], mas não há contradição entre uma interpretação e a outra. Pelo contrário, as três coisas estavam lá, e cada um interpretou de acordo com o seu próprio entendimento:

  1. Na primeira interpretação de Parech, o Rabino Elazar diz que é “em Peh Rach [palavras doces].”
  2. O Rabino Shmuel Bar Nahmany disse “Em Pericha,” que significa quebrar.
  3. O Rabino Shmuel Bar Nahmany, “O Rabino Yonatan disse, ‘Substituíram o trabalho dos homens pelo trabalho das mulheres, e o trabalho das mulheres pelo trabalho dos homens.’”

No entanto, todos interpretam o trabalho árduo como Pericha [ruína], o que significa a quebra do corpo. E a razão pela qual foi um trabalho árduo a ponto de o chamarem de “Trabalho que quebra o corpo e a cintura”, é que substituíram o trabalho dos homens pelo trabalho das mulheres, e o trabalho das mulheres pelo trabalho dos homens. Isso causou-lhes o trabalho árduo.
E ainda assim, por que é que ouviram as opiniões dos egípcios? É porque eles falaram a Israel com Peh Rach [palavras doces], ou seja, os pensamentos dos egípcios chegaram a Israel com ‘palavras doces’. Ou seja, tudo o que lhes disseram para fazer não era para os afastar do serviço do Criador, Deus nos livre. Pelo contrário, queriam guiá-los a caminhar com sucesso nos caminhos do Criador, para que não perdessem tempo em vão, ou seja, para que vissem progresso no trabalho da santidade. E como lhes falaram com ‘palavras doces’, foi difícil para eles superar esses pensamentos.
Isto implica que, quando ele diz que substituíram o trabalho dos homens pelo das mulheres, explica-se por que deram ouvidos aos egípcios. A resposta é, por causa do Perech (que falaram a Israel com Peh Rach [palavras doces]. Assim, é por essas duas razões que alcançaram trabalhar em trabalho árduo, como diz o Rabino Shmuel Bar Nahmany, Perech significa trabalho de Pericha [quebra], que é trabalho que quebra o corpo.
Portanto, devemos entender por que não basta para o povo de Israel que o Criador os tenha tirado do Egito, da sua escravidão, para que pudessem envolver-se na Torá e nas Mitzvot, cada um conforme a sua capacidade, e a Klipa do Egito não tinha forças para resistir ao seu trabalho.
De fato, quão grande é o milagre e quem pode apreciar a importância do assunto? Quando uma pessoa considera a quantidade de sofrimento e tormento que sente enquanto está no exílio sob a escravidão do Faraó, Rei do Egito, e até onde chega a escuridão de Pithom e Ramsés que assume no seu coração, aquilo que estavam a construir. E agora, as portas da Klipa do Egito foram abertas diante deles de uma só vez e eles ficaram sob a sua autoridade. Isto significa que agora estavam livres para se envolver na Torá e nas Mitzvot como desejavam, sem interrupções. Que alegria e contentamento isso traz a uma pessoa quando ele compara o tempo de escuridão com o tempo em que ilumina. Como foi dito, “Aquele que separa entre a escuridão e a luz.”
De acordo com o exposto, devemos entender a necessidade de saber que somente o Criador os liberta dos fardos dos egípcios, como disseram os nossos sábios, “Quando Eu vos tirar, farei algo para vos mostrar que sou Eu quem vos tirei do Egito, como está escrito, ‘Eu sou o Senhor, vosso Deus, que vos tirou debaixo dos fardos dos egípcios.’”
A questão é que devemos lembrar sempre o objetivo que devemos alcançar. E como o propósito da criação é fazer o bem às Suas criaturas, o nosso objetivo é receber o deleite e o prazer que Ele contemplou pelo nosso benefício. Mas, para o propósito de correção, chamado Dvekut [adesão], que se refere à equivalência de forma, temos de trabalhar para obter os vasos de doação.
No entanto, esta é apenas a correção da criação; não é a perfeição. A perfeição significa conhecer o Criador, conhecer e alcançar a Torá, que é chamada “os nomes do Criador.”
Portanto, não basta que já tenhamos a força para manter a Torá e as Mitzvot sem interrupções, pois isso é apenas uma correção, não o objetivo completo. O objetivo completo é obter o conhecimento da Torá, como em, “A Torá, Israel e o Criador são um.” Por isso, os nossos sábios disseram, “Foi isto que o Criador disse a Israel, ‘E sabereis que Eu sou o Senhor vosso Deus, que vos salvou’, Eu e não um mensageiro.” Isso significa que cada um deve alcançar o conhecimento do Criador, e isso é chamado de “Torá”, os nomes do Criador.