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Rabash

Artigos
1984 - 01 | O Propósito da Sociedade - 1 1984 - 01 (Parte 2) | O Propósito da Sociedade - 2 1984 - 02 | Relativamente ao Amor aos Amigos 1984 - 03 | Amor aos Amigos - 1 1984 - 04 | Cada um deve ajudar o seu Amigo 1984 - 05 | O que nos dá a regra: “Ama o teu próximo como a ti mesmo” 1984 - 06 | Amor aos Amigos - 2 1984 - 07 | Considerando o que está escrito relativamente a “Ama o teu próximo como a ti mesmo” 1984 - 08 | Qual é a Observância da Torá e das Mitzvot que Purifica o Coração? 1984 - 09 | A Pessoa Deve Sempre Vender as Vigas da Sua Casa 1984 - 10 | Qual é o nível que uma pessoa precisa de alcançar para não ter que reencarnar 1984 - 11 | Mérito Ancestral 1984 - 12 | A Questão da Importância da Sociedade 1984 - 13 | Às vezes a Espiritualidade é chamada de “Alma” [Neshama] 1984 - 14 | A Pessoa Deve Vender Tudo o Que Possui e Casar Com a Filha de Um Discípulo Sábio 1984 - 15 | Pode Alguma Coisa Negativa Descer do Alto 1984 - 16 | A Questão da Doação 1984 - 17 | Relativamente à Importância dos Amigos 1984 - 17 (Parte 2) | O Programa da Assembleia de Amigos 1984 - 18 | E Vai Acontecer Quando Vier Para a Terra Que o Senhor Seu Deus Lhe Dá 1984 - 19 | Vocês que Permanecem Aqui, Juntos 1984 - 01 | Faça para Si um Rav e Compre para Si um Amigo - 1 1985 - 02 | O Significado de Raiz e Ramo 1985 - 03 | O Significado de Verdade e Fé 1985 - 04 | Estas São As Gerações de Noé 1985 - 05 | Parte da Tua Terra 1985 - 06 | E o Senhor Apareceu-lhe nos Carvalhos de Mamre 1985 - 07 | A Vida de Sara 1985 - 08 | Faça para si um Rav e Compre para si um Amigo - 2 1985 - 09 | E as Crianças Debatiam-se Dentro Dela 1985 - 10 | E Jacó Saiu 1985 - 11 | Relativamente ao Debate Entre Jacó e Labão 1985 - 12 | Jacó Habitava na Terra Onde o Seu Pai Viveu 1985 - 13 | Rocha Poderosa da Minha Salvação 1985 - 14 | Eu Sou o Primeiro e Eu Sou o Último 1985 - 15 | E Ezequias Voltou o Rosto Para a Parede 1985 - 16 | Quanto Mais os Oprimiram 1985 - 17 | Sabe Hoje e Responde ao Teu Coração 1985 - 18 | Relativamente aos Caluniadores 1985 - 19 | Venha Até Ao Faraó - 1 1985 - 21 | Devemos Sempre Distinguir Entre a Torá e o Trabalho 1985 - 24 | Três Tempos no Trabalho 1985 - 25 | Em Todas as Coisas, Devemos Distinguir Entre a Luz e o Kli [vaso] 1985 - 29 | O Senhor está Próximo de Todos os que Chamam Por Ele 1985 - 30 | Três Orações 1985 - 31 | Ninguém Se Considera a Si Próprio Como Ímpio 1985 - 36 | E Houve o Entardecer e Houve a Manhã 1985 - 37 | Quem Vai Testemunhar Pela Pessoa? 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1987 - 28 | O Que Significa no Trabalho: "Não Acrescentar Nem Diminuir" O que Significa “De Acordo com a Dor, Assim é a Recompensa”? 1988 - 03 | O Que Significa que o Nome do Criador é “Verdade” 1988 - 04 | Qual é o Significado da Oração por Ajuda e Perdão no Trabalho? 1988 - 05 | O que Significa no Trabalho “Quando Israel Está no Exílio, a Shechina Está com Eles”? 1988 - 06 | Qual a Diferença no Trabalho Entre um Campo e um Homem do Campo? 1988 - 08 | Qual é o Significado de que Aquele Que Ora Deve Explicar as Suas Palavras Corretamente? 1988 - 10 | Quais São os Quatro Atributos, no Trabalho, Para Aqueles que Vão ao Seminário? 1988 - 13 | O Que Significa no Trabalho que “O Pastor do Povo é Todo o Povo”? 1988 - 14 | A Necessidade de Amor aos Amigos 1988 - 15 | O que Significa no Trabalho que “Não Há Benção Num Lugar Vazio”? 1988 - 16| Qual é a Fundação na Qual a Kedusha é Construída? 1988 - 21 | O que Significa, no Trabalho, que a Torá foi Dada a Partir da Escuridão? 1988 - 23 | O Que Significa no Trabalho Que Começamos em Lo Lishma? 1988 - 30 | O Que Procurar na Assembleia de Amigos 1988 - 32 | Quais São as Duas Ações Durante a Descida? 1989 - 03 | Qual é a Diferença entre o Portão das Lágrimas e os Restantes Portões 1989 - 04 | O que é um Dilúvio de Água no Trabalho? 1989 - 05 | O que Significa que a Criação do Mundo foi por Generosidade? 1989 - 06 | O Que é o ‘Acima da Razão’ no Trabalho 1989 - 12 | O que é a Refeição do Noivo? 1989 - 19 | O que é no Trabalho “Não Há Bênção no que é Contado”? O que Significa no Trabalho que um “Homem Embriagado Não Deve Orar”? 1989 - 22 | Quais São as Quatro Perguntas que Fazemos Especificamente na Noite de Pesach? 1989 - 23 | O que é Significa no Trabalho: Se Engoliu a Maror [Erva Amarga], Não Cumpriu? 1989 - 40 | O que Significa no Trabalho que “Cada Dia Eles Serão Como Novos aos Teus Olhos” 1990 - 05 | O Que Significa no Trabalho Que a Terra Não Deu Fruto Antes do Homem Ser Criado O Que Significa no Trabalho, Colocar a Vela de Chanukah à Esquerda Por que razão a Torá é chamada de ‘Linha do Meio’ no Trabalho? - 2 O Que Significa no Trabalho Que a Bênção Não Se Encontra em Algo Que Está Contado? O que Significa no Trabalho que a “Taça de Benção Deve Estar Cheia”? O que Significa no Trabalho “Regressa Ó Israel ao Senhor Teu Deus”? O Que Significa no Trabalho: “As Boas Ações dos Justos São as Gerações”? O Que Significa no Trabalho que “O Rei Permanece no Seu Campo Quando a Colheita está Pronta”? Estas Velas São Sagradas O Que Significa "Entregaste os Fortes Nas Mãos dos Fracos" no Trabalho Espiritual? 1991 - 25 | O que Significa que Aquele que Se Arrepende Deve Fazê-lo em Alegria? 1991 - 27 | O que Significa no Trabalho: “Se a Mulher Conceber Primeiro, Dará à Luz um Filho”? O que significa no trabalho: 'Coma dos seus frutos neste mundo, e o principal permanece para o Mundo Vindouro'? O Que Significa no Trabalho “Torá” e “O Estatuto da Torá”

Michael Laitman

Biblioteca de Cabala "Principal" / Rabash / Artigos / 1986 - 12 | Qual é a Principal Carência pela Qual Devemos Orar?

Qual é a Principal Carência pela Qual Devemos Orar?


Artigo 12, 1986
É sabido que a Criação é chamada “carência”. Por isso, é designada como “existência a partir da ausência”. O homem foi criado repleto de carências. Portanto, para que o homem tenha êxito no seu trabalho, quando pretende satisfazer as suas carências, deve primeiro saber qual é a principal carência à qual deve dar prioridade sobre todas as suas outras carências. Dado que existem carências espirituais e carências corpóreas, devemos primeiro esclarecer quais definimos como “espirituais” e quais como “corpóreas”.
No ensaio “Prefácio à Sabedoria da Cabala” (item 11), está escrito: “Agora pode compreender a verdadeira diferença entre espiritualidade e corporeidade: tudo o que contém um desejo completo de receber, em todas as suas Behinot [discernimentos], que é a Behina Dalet, é considerado ‘corpóreo’. É isso que existe em todos os elementos da realidade diante de nós neste mundo. Pelo contrário, tudo o que está acima desta grande medida de desejo de receber é considerado ‘espiritualidade’.”
Conclui-se que a corporeidade diz respeito à satisfação do nosso desejo de receber. Assim, tudo o que a pessoa faz para o seu próprio benefício é chamado “corporeidade”, e o que faz para beneficiar o Criador é chamado “espiritualidade”.
Portanto, fica claro que não precisamos de criar o Kli [vaso] para a corporeidade, ou seja, o desejo de satisfazer o benefício próprio, um Kli de querer receber para receber, uma vez que o Criador nos deu tais Kelim [vasos] no início da Criação. É sabido que o pensamento da criação, chamado “O Seu desejo de fazer o bem às Suas criaturas”, criou o desejo de receber ‘existência a partir da ausência’, para que desejássemos ansiar por receber deleite e prazer. Além disso, o Criador satisfaz esse Kli conforme a Sua vontade. Assim, não precisamos de pedir Kelim [vasos] de receção.
Portanto, a oração que fazemos pela corporeidade é apenas pelo preenchimento, ou seja, que o Criador satisfaça tudo o que sentimos que precisamos, pois a sensação de carência é o que nos faz sofrer. E o sofrimento que sentimos é a razão pela qual fazemos tudo o que podemos para satisfazer os nossos desejos.
Não é assim quando precisamos de orar pela espiritualidade, para que o Criador satisfaça as nossas carências, dado que a carência pela espiritualidade foi a razão para a oração, para que o Criador conceda os nossos desejos, uma vez que sofremos porque a nossa carência não foi preenchida, pois essa carência ainda não nasceu em nós, ou seja, a carência para satisfazer o Kli, chamado “Kli [vaso] de doação”, que é a diferença entre a espiritualidade e corporeidade. O Kli corpóreo é chamado “Kli [vaso] de receção” e quer satisfazer o seu desejo de benefício próprio. Um Kli espiritual é chamado “um Kli que deseja satisfazer o benefício do Criador”, em oposição ao benefício próprio.
Este Kli está ausente na natureza da criação, pois, por natureza, o homem nasce apenas com um Kli para o benefício próprio. A razão pela qual dizemos ao nosso corpo que devemos trabalhar para beneficiar o Criador é que ele não compreende o que lhe é dito, pois não consegue conceber não considerar o seu próprio benefício e pensar todo o dia em beneficiar o Criador. Isto é especialmente verdade quando ouve que devemos renunciar aos prazeres relacionados com o amor-próprio em favor de beneficiar o Criador.
Esta ideia é tão estranha ao corpo que, quando ouve que se deve trabalhar apenas para doar, imediatamente se torna arrogante e pergunta: “Gostaria de saber se vês outras pessoas a seguir este caminho, para quem, tu também queres fazer o mesmo? É verdade, eu concordaria contigo, mas vê por ti mesmo quantas pessoas conheces cujo cada pensamento na vida é apenas ver o benefício do Criador e não o seu próprio? Se admitirmos que sabes que há pessoas que seguem este caminho, quanto tempo e esforço dedicaram para adquirir a capacidade de fazer tudo apenas para doar? E, especialmente, quanto tempo deve isso levar, um mês, dois meses, um ano, dois anos?” E torna-se ainda mais arrogante e pergunta: “Todos aqueles que investem tempo e esforço alcançaram este nível de estar acima, de direcionar todas as suas ações para doar?” Com estas palavras, podem desviar a pessoa do trabalho relacionado com o caminho da doação. Conclui-se de tudo o que foi dito que, no que diz respeito à espiritualidade, chamada “trazer contentamento ao seu Criador”, a pessoa não tem tal carência. Pelo contrário, se lhe surgir um pensamento de que devemos fazer algo para doar ao Criador sem qualquer recompensa, todos os pensamentos e desejos do corpo imediatamente protestam e exclamam: “Não sejas tolo nem uma exceção, indo contra a maioria, que sabe que a razão que leva alguém a trabalhar é o benefício próprio.”
Somente com esta força pode ele dedicar-se à Torá e às Mitzvot [mandamentos]. Embora saiba que deve dedicar-se Lishma [pelo Seu Benefício], mas há uma resposta geral para isso, que ele está a cumprir o que os nossos sábios disseram: “A pessoa deve sempre dedicar-se à Torá e às Mitzvot Lo Lishma [não pelo Seu Benefício], pois de Lo Lishma será recompensada com Lishma.” Contudo, ele não deve preocupar-se com isso, ou seja, testar se realmente se aproximou de Lishma. Pelo contrário, ele sabe que o fim está destinado a chegar, ou seja, que certamente alcançará Lishma, pelo que não precisa de pensar no significado de Lishma, pois não deve escrutinar os detalhes das coisas que não deve fazer. Pelo contrário, vive como a maioria.
Portanto, há uma grande diferença entre a oração que se faz pela corporeidade e a oração que se faz pela espiritualidade. Para a espiritualidade, devemos primeiro orar pelo Kli [Vaso], ou seja, por uma carência, para sentir dor e tristeza por não ter este Kli, chamado “desejo”, ou seja, ansiar por trazer contentamento ao seu Criador.
Conclui-se, portanto, que ele não precisa de orar pela satisfação da carência, como na corporeidade, quando tem uma carência e pede a sua satisfação, pois ainda não possui o Kli da espiritualidade. Assim, quando a pessoa vem orar pela espiritualidade, deve orar pelo Kli — que o Criador lhe dê um Kli de querer doar ao Criador. Depois, quando tiver um Kli que pertence à espiritualidade, poderá orar para que a abundância entre no Kli espiritual.
Conclui-se do acima exposto que a verdadeira carência pela qual se deve orar ao Criador é o Kli. Isto segue a regra: “Não há luz sem um Kli.” Quando ele ora por uma verdadeira carência,  que está verdadeiramente em falta, vem a resposta à oração, quando o Criador lhe dá um novo Kli, como está escrito: “E removerei o coração de pedra da vossa carne, e dar-vos-ei um coração de carne.”
Ouvi de Baal HaSulam acerca desta carência, que disse em nome do seu professor, o ADMOR de Pursov, sobre o versículo: “Ordena a Aarão” (Levítico, 6:2). “RASHI interpreta, ‘Ordena’ significa apressar-se prontamente e para a posteridade. Rabino Shimon disse: ‘a escrita deve apressar-se principalmente onde os bolsos estão vazios.’” Ele interpretou que “bolso” é um Kli onde se coloca dinheiro. Geralmente, esforçamo-nos e preocupamo-nos em obter dinheiro. E ele disse: “Devemos preocupar-nos mais onde os bolsos estão vazios, ou seja, onde não há um Kli.”
Como explicamos, na espiritualidade não se deve orar para que o Criador dê abundância e luzes. Pelo contrário, primeiro devemos ver que existe um Kli, ou seja, um desejo e anseio de doar ao Criador, pois, por natureza, queremos apenas receber e não dar.
Conclui-se que, quando alguém entra no trabalho sagrado e deseja alcançar a plenitude, deve esforçar-se com todas as suas forças para obter o desejo de querer trazer contentamento ao seu Criador. É aqui que devemos concentrar todas nossas orações — que o Criador nos ajude e nos dê este novo Kli. Ele deve dizer perante Ele: “Senhor do mundo, como me deste, quando vim ao mundo, um Kli apenas para receber para meu próprio benefício, peço agora que me dês um novo Kli, para ter um desejo apenas de trazer contentamento a Ti.”
Poderíamos perguntar: “Como pode alguém orar para receber um Kli chamado ‘desejo de doar’, quando dizemos que ele não precisa deste Kli porque não sente a sua falta?” Como, então, pode alguém pedir algo que não precisa?
Embora ele veja que não tem o Kli chamado “desejo de doar”, isso não significa que precise de tudo o que não tem. Está escrito sobre as Sefirot superiores que a Sefira Bina deseja misericórdia, embora tenhamos aprendido que, através do Tzimtzum Bet [segunda restrição], ela se afastou de Rosh de AA [Arich Anpin]. Ainda assim, considera-se como se não se tivesse afastado, pois, embora não tenha Hochma, isso não é considerado uma carência, porque ela não precisa disso.
Vemos que algo que não se tem é considerado uma carência precisamente quando se precisa disso. Além disso, devemos sentir sofrimento por não o ter. Ou seja, mesmo quando sentimos a necessidade, mas não se está atormentado por não ter, isso ainda não é considerado uma carência. Portanto, como pode alguém orar por algo pelo qual não tem uma carência?
É por isso que devemos pensar no propósito da criação, que sabemos ser fazer o bem às Suas criações. Quando a pessoa começa a criticar esse bem, que está entre as criaturas, ou seja, o deleite no mundo, a partir do deleite e prazer que o Criador deseja dar-lhes, mas não o encontra entre as criaturas, isso faz com que perceba que deve haver uma razão que nega o deleite e prazer às criaturas, e pela qual a abundância superior não pode ser revelada, e por que o propósito da criação não pode ser completado.
Quando olha para si próprio, diz que tudo o que vê — que as criaturas não receberam a abundância — deve ser porque não estão a cumprir a Torá e as Mitzvot pois devemos cumprir os mandamentos do Rei. Como disseram os nossos sábios, “O Criador quis purificar Israel, por isso deu-lhes abundante Torá e Mitzvot [mandamentos].” Isso significa que, através da Torá e das Mitzvot, podemos ser recompensados com o deleite e prazer.
Contudo, a pergunta é: “Por que não cumprimos a Torá e as Mitzvot como é apropriado quando servimos o Rei?” Ele diz que é porque nos falta a sensação da importância da Torá e das Mitzvot, e que nos falta a importância do Comandante que nos ordenou cumprir a Sua Torá e as Suas Mitzvot.
Nesse momento, a pessoa chega à conclusão de que apenas o Criador pode corrigir isso. Ou seja, se Ele nos revelar um pouco da luz da Torá e das Mitzvot para que possamos sentir o prazer neles, certamente poderemos servir o Rei com os nossos corações e almas, como deve ser com aqueles que sentem a grandeza do Rei. Portanto, por que devemos orar ao Criador? Para dar alguma abundância superior. Então, todos se dedicarão à Torá e às Mitzvot adequadamente, sem negligência.
No entanto, vemos o que diz o sagrado ARI, que a Nukva era inadequada ali, daí ter ocorrido o estilhaçamento. A Ohr Pnimi [“Reflexão Interna”, comentário em ‘O Estudo das Dez Sefirot’] interpreta as palavras do ARI que, uma vez que a abundância superior deve entrar no Kli para receber a abundância a fim de doar, e como a luz era maior do que o Kli estava preparado para receber — ou seja, o Kli deveria receber luz precisamente de acordo com a sua capacidade de ter a intenção de doar, e não podia ter a intenção de doação com uma luz tão grande —, a luz teve de entrar em Kelim cujo desejo é para receber.
Isso é chamado Klipa [casca/pele]. Conclui-se que os Kelim estilhaçaram. Assim, se a abundância entrar nesses Kelim, tudo irá para os externos, para as Klipot [plural de Klipa]. É semelhante a dizer que o Kli foi partido, por isso não colocamos nada nele, porque tudo se derramará.
Portanto, não se deve orar para receber abundância do Alto, pois tudo irá para os externos. Em vez disso, devemos orar ao Criador para que nos dê um Kli, que é um desejo e anseio de doar ao Criador. Quando tiver esse Kli, a abundância superior aparecerá ao homem, e ele sentirá o deleite e prazer que estavam no pensamento da criação para fazer o bem às Suas criações. Portanto, devemos pedir ao Criador o que realmente precisamos, que é um Kli [vaso] de doação, e não precisamos de orar por mais nada.