127. A Diferença entre “Cerne”, “Eu” e “Abundância Acrescentada”
Dia intermédio 4 do Sukkot, 30 de Setembro de 1942, Jerusalém
Sabemos que a saída das Mochin e a cessação do Zivug ocorrem apenas em relação aos acréscimos das Mochin, sendo que o ‘cerne’ do nível em ZON é Vav e uma Nekuda [ponto]. Isto significa que, na sua essência, Malchut não possui mais do que um ponto, um ponto negro que não contém nele qualquer branco.
Se a pessoa aceita esse ponto como o ‘cerne’, e não como algo supérfluo do qual deseja livrar-se, mas, além disso, aceita-o como um adorno, isso é chamado de “uma bela morada no seu coração”. Isto porque não condena esta servidão, mas torna-a essencial para si. A isto se chama “elevar a Shechina [Divindade] do pó”. Quando a pessoa sustenta essa base como o seu ‘cerne’, nunca poderá cair do seu nível, pois não há partida no ‘cerne’.
Quando a pessoa assume para si o trabalho como um ponto negro, onde, mesmo na escuridão mais profunda do mundo, a Shechina declara: “Não há lugar onde me possa esconder de Ti”, então “estou ligado a Ele num único nó” e “nunca se vai soltar”. Por essa razão, não há cessação da Dvekut [adesão].
Se alguma iluminação, chamada “acréscimo”, lhe chega do Alto, a pessoa aceita-a de forma “inevitável e não intencional”, pois provém do Emanador, sem qualquer despertar por parte do inferior. Este é o significado de “Sou preta, mas bela”, pois, se consegue aceitar a negrura, verá que sou bela.
Isto é o significado de “Quem for ingénuo, deixem que venha aqui”. Quando a pessoa se desvia de todos os seus interesses e deseja apenas trabalhar para beneficiar o Criador, servindo na forma de “Eu era como um animal Contigo”, então é recompensada com a visão da perfeição final. Isto é o significado de “Aquele que não tinha coração, disse-lhe ela”. Isto significa que, uma vez que ela não tinha coração, tinha de estar sem pensamentos; caso contrário, não conseguiria aproximar-se.
Por vezes, encontramos um estado de Shechina no exílio, quando o ponto desce até aos BYA de separação. Nessa altura, ela é chamada “Como um lírio entre os espinhos”, pois tem a forma de espinhos e cardos. Nessa condição, não pode ser aceite, pois há o domínio das Klipot [cascas].
Isto acontece através das ações do homem, pois as ações do homem abaixo afectam a raiz da sua alma no Alto, na Shechina. Ou seja, se a pessoa abaixo se submete ao desejo de receber, faz com que a Klipa [singular de Klipot] reine sobre a Kedusha [santidade] do Alto.
Este é o significado do Tikkun Hatzot [correcção da meia-noite]. Oramos para elevar a Shechina do pó, ou seja, para a elevar, dar-lhe importância, pois “acima” e “abaixo” são cálculos de importância. E então, é considerada como um ponto negro.
No Tikkun Hatzot [correcção da meia-noite], a pessoa prevalece e afirma que deseja cumprir o versículo “Libni e Shimei”. Libni significa ‘Lavan’ [branco], e não negro, e ‘Shimei’ significa Shmi’a [audição], ou seja, razoabilidade, o que significa que assumir o jugo do reino dos céus é para a pessoa algo razoável e aceitável. E o Tikkun Hatzot [correcção da meia-noite] é o Tikkun da Mehitza [correção da separação], a correcção que separa a Kedusha da Klipa, ou seja, corrigir a má sensação dentro do desejo de receber e conectar-se ao desejo de doação.
Golah [exílio] contém as mesmas letras de Ge’ulah [redenção], com a diferença da letra Aleph. Isto significa que devemos expandir o Aluf [O Campeão] do mundo para dentro da Golah [exílio], e então vamos sentir imediatamente a Ge’ulah [redenção]. Este é o significado de “Aquele que pode evitar o dano deve compensar o prejudicado com o melhor que possui.” Isto é o significado de “Quando há juízo no mundo inferior, não há juízo no alto.”