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Baal HaSulam

Shamati
1. Não Há Nada Além Dele 2. Shechina [Divindade] no Exílio 3. Relativamente à Realização Espiritual 4. Qual é a Razão da dificuldade que a Pessoa sente aquando da anulação perante o Criador no trabalho? 5. Lishma é um despertar do Alto, e por que precisamos de um despertar de baixo? 6. Qual é o Apoio da Torá no Trabalho 7. O que significa no trabalho “O Hábito transforma-se na segunda natureza”? 8. Qual é a Diferença entre uma Sombra de Kedusha e uma Sombra de Sitra Achra? 9. Quais são as três coisas que ampliam a Sabedoria de uma pessoa no trabalho? 10. O que é “Apressa-te Meu Amado” no trabalho? 11. Relativamente ao conceito de “Ter deleite no Temor”, no trabalho 12. A Essência do Trabalho da Pessoa 13. Relativo à Romã 14. O que é a Romemut [Sublimidade] do Criador? 15. O Que São “Outros Deuses” no Trabalho? 16. O que são ‘O Dia do Senhor’ e a ‘Noite do Senhor’ no trabalho? 17. O que significa que a Sitra Achra [o outro lado] é chamado de “Malchut [Reino] sem coroa” 18.  A Minha Alma Vai Chorar em Segredo - 1 19. O que é “O Criador odeia os corpos”, no trabalho? 20. Relativamente à questão de Lishma [Pelo Seu Benefício] 21. Quando a Pessoa se Sente num estado de Ascensão 22. Torá Lishma 23. Vós que amais o Senhor, odiai o mal 24. Ele vai salvá-los das Mãos dos Ímpios 25. Coisas que vêm do Coração 26. O futuro da pessoa depende e está ligado à gratidão pelo passado 27. O que significa “O Senhor é Elevado e os Inferiores Vão Vê-lo” - 1 28. Não vou morrer, mas viver 29. Quando a pessoa se encontra em contemplação 30. O mais importante é querer apenas a doação 31. Todo aquele com quem o ‘espírito das pessoas’ está satisfeito. 32. Uma ‘sorte’ é um despertar do Alto 33. O assunto das ‘sortes’, que ocorreu no dia de Yom Kippur, e com Hamã 34. “A Vantagem de uma Terra em Tudo” 35. Relativamente à vitalidade da Kedusha [Santidade] 36. O que são os Três ‘Corpos’ no Homem 37. Um Artigo para Purim 38. O Temor de Deus é o Seu Tesouro 39. E Coseram Folhas de Figueira 40. Qual é a Medida de Fé no Rav? 41. O que é a Pequenez e a Grandeza na Fé 42. O que Significa o Acrónimo ELUL no trabalho? 43. Relativamente à Verdade e à Fé 44. Intelecto e Coração 45. Dois Discernimentos na Torá e no Trabalho 46. O Domínio de Israel sobre as Klipot 47. No Lugar Onde Encontrar a Sua Grandeza 48. A Base Principal 49. O mais importante é o Intelecto e o Coração 50. Dois Estados 51. Se Encontrar este Vilão 52. Uma transgressão não apaga a Mitzva 53. Relativamente à Limitação 54. O Objetivo do Trabalho - 1 55. Onde está a menção de Hamã na Torá 56. A Torá é chamada de Orientação 57. Vai aproximá-lo do Seu Desejo 58. A alegria é o "reflexo" das boas ações. 59. Relativamente ao Cajado e à Serpente 60. Uma Mitzva que vem através de uma transgressão 61. Ao seu redor ruge uma forte tempestade 62. Desce e Instiga, Ascende e Queixa-se 63. Pediram emprestado em meu nome, e eu pagarei 64. De Lo Lishma, Chegamos a Lishma 65. Relativamente ao ‘Revelado' e ao ‘Oculto’ 66. Relativamente à Entrega da Torá 67. Afaste-se do Mal 68. A Conexão do Homem às Sefirot 69. Primeiro vai Acontecer a Correção do Mundo 70. Com uma Mão Poderosa e Fúria Derramada 71. A Minha Alma vai Chorar em Segredo - 2 72. A Confiança é o Revestimento para a Luz 73. Depois do Tzimtzum 74. Relativamente a “Mundo, Ano, Alma” 75. Existe o discernimento do “Mundo Vindouro” e o discernimento “Deste Mundo” 76. Em todas as suas ofertas, deve oferecer sal 77. A Sua Alma vai Ensiná-lo 78. A Torá, o Criador e Israel são Um 79. Atzilut e BYA 80. Relativamente a Achor be Achor [Posterior com Posterior] 81. Relativamente a Elevar MAN 82. A Oração que Devemos Sempre Orar 83. Relativamente ao Vav direito e ao Vav esquerdo 84. O que significa 'Ele Expulsou o Homem do Jardim do Éden para que Não Tirasse da Árvore da Vida'? 85. O que é um Fruto da “Árvore Formosa” no Trabalho? 86. E Eles construiram ‘Arei Miskenot’ 87. Shabbat Shekalim 88. Todo o trabalho ocorre apenas onde existem dois caminhos 89. Para compreender as palavras do Zohar 90. O Zohar, Beresheet 91. Relativo ao “substituível” 92. Explicar o Discernimento da Sorte 93. Relativo às Barbatanas e Escamas 94. E Guardareis as Vossas Almas 95. Relativamente à Remoção da Orla [Prepúcio] 96. O que são os Resíduos do Celeiro e da Adega no Trabalho? 97. Resíduos do Celeiro e da Adega 98. A Espiritualidade é Chamada ‘O que Nunca Será Anulado’ 99. Ele não disse ‘Ímpio’ ou ‘Justo’ 100. A Torá Escrita e a Torá Oral - 1 101. Um comentário sobre o Salmo: “Para o Vencedor sobre ‘Shoshanim’ [Lírios]’” 102. E tomareis para vocês o fruto da árvore formosa [Etz Hadar] 103. Aquele cujo coração o dispõe 104. O Destruidor Estava Sentado 105. Um discípulo sábio bastardo tem precedência sobre um Sumo Sacerdote ‘am haaretz’ [ignorante, comum] 106. O que Indicam as Doze Chalot [Pães do Shabbat] 107. Relativamente aos Dois Anjos 108. Se Me Deixares Por Um Dia, Eu Vou Deixar-te por Dois Dias 109. Dois Tipos de Carne 110. Um Campo que o Senhor Abençoou 111. Hevel [fôlego], Kol [som] e Dibur [discurso] 112. Os Três Anjos 113. Shmone Esrei [A Oração das Dezoito Bênçãos] 114. Relativamente à Oração 115. ‘Inanimado’, ‘Vegetativo’, ‘Animal’ e ‘Falante’ 116. Aquele que Disse: “As Mitzvot não requerem Intenção” 117. Esforcei-me e Não Encontrei? Não Acredite. 118. Para Compreender a Questão dos Joelhos que se reverenciaram perante ‘Baal’ 119. Aquele Discípulo Que Aprendeu em Segredo 120. A Razão Para Não Comer Nozes no Rosh HaShana 121. Ela é Como Navios Mercantes 122. Compreender o Que Está Escrito no Shulchan Aruch 123. Relativamente à questão do seu divórcio e da sua posse ocorrem simultaneamente 124. Um Sabbat de Bereshit e dos Seis Mil Anos 125. Aquele Que Deleita o Shabbat 126. Um Sábio Chegou à Cidade 127. A Diferença entre “Cerne”, “Eu” e “Abundância Acrescentada” 128. Desde esta Galgalta Goteja Orvalho para Zeir Anpin 129. A Shechina [Divindade] no Pó 130. Tiberíades dos Nossos Sábios, Boa é a Tua Visão 131. Aquele que Vem Para Se Purificar 132 . No Suor do Teu Rosto Comerás o Pão - 1 133. As Luzes do Shabbat 134. O Vinho Que Causa Embriaguez 135. Os Puros e Justos Não Matam 136. A Diferença Entre as Primeiras Letras e as Últimas Letras 137. Zelofeade estava a recolher lenha 138. Relativamente ao Temor e Medo que Por Vezes a Pessoa Sente 139. A Diferença entre os Seis Dias de Trabalho e o Shabbat 140. Como Amo a Tua Torá 141. Relativamente ao Feriado da Pesach 142. A Essência da Guerra 143. Apenas Bondade para Israel 144. Há Um Determinado Povo 145. O que Significa que Ele Vai dar Sabedoria Especificamente aos Sábios? 146. Um Comentário ao Zohar 147. O Trabalho de Receção e de Doação 148. O Escrutínio de Amargo e Doce, Verdadeiro e Falso 149. Porque Precisamos de Expandir Hochma 150. Cantem ao Senhor pois Ele Fez o Orgulho 151. E Israel Viu os Egípcios 152. Pois o Suborno Cega os Olhos dos Sábios 153. O pensamento é o Resultado do Desejo 154. Não Pode Haver um Espaço Vazio no Mundo 155. A Pureza do Corpo 156. Para Que Não Tomasse da Árvore da Vida 157. Eu Estou a Dormir, mas o Meu Coração Está Desperto 158. A Razão para Não Comer na Casa dos Outros na Pesach [Páscoa Judaica] 159. E Aconteceu Que, Após Muitos Dias 160. A Razão Para Ocultar o Matzot 161. Relativamente à Entrega da Torá - 2 162. Relativamente ao Hazak que Dizemos Depois de Completar a Série 163. O Que Disseram os Autores do Zohar 164. Qual a Diferença Entre a Corporeidade e a Espiritualidade 165. Uma Explicação sobre o Pedido de Elisha a Eliyahu 166. Dois Discernimentos na Realização 167. A Razão Pela Qual é Chamado “Shabbat Teshuva” 168. Os Costumes de Israel 169. Relativamente ao ‘Justo Completo’ 170. Não Terá No Seu Bolso Uma Pedra Grande 171. No Zohar, Emor - 1 172. A Questão das Prevenções e dos Atrasos 173. Por que dizemos LeChaim 174. Ocultação 175. E se o Caminho For Muito Longo Para Si 176. Ao Beber Brandy depois da Havdala 177. Relativamente às Expiações 178. Três Parceiros no Homem 179. Relativamente às Três Linhas 180. No Zohar, Emor - 2 181. Relativamente à Honra 182. Moisés e Salomão 183. O Discernimento do Messias 184. A Diferença entre Fé e Intelecto 185. Sobre o Ignorante Está o Temor do Shabbat 186. Faça do Seu Shabbat um Dia da Semana, e não Precisa das Criações 187. Escolha o Esforço 188. Todo o Trabalho Ocorre Apenas Onde Existem Dois Caminhos - 2 189. A Ação Afeta o Pensamento 190. Cada Ação Deixa Uma Impressão 191. O Tempo da Descida 192. Relativamente às ‘Sortes’ 193. Uma Muralha Que Serve Ambos 194. Os Sete Completos 195. Se For Merecedor, Apressá-lo-ei 196. Uma Base Para os Externos 197. Livro, Autor, História 198. Liberdade 199. Cada Homem de Israel 200. Relativamente à Hizdakchut do Masach 201. Espiritualidade e Corporeidade 202. No Suor do Teu Rosto Comerás o Pão - 2 203. O Orgulho do Homem Vai Humilhá-lo 204. O Objetivo do Trabalho - 2 205. A Sabedoria Clama nas Ruas 206. Relativamente à Fé e Prazer 207. Relativamente à Receção Para Fazer Doação 208. Relativamente ao Esforço 209. Três Condições na Oração 210. Uma Bela Imperfeição Que Há Em Ti 211. Como se Estivesse Perante o Rei 212. Abraçar a Direita e Abraçar a Esquerda 213. Relativo ao Reconhecimento da Carência 214. Reconhecido nos Portões 215. Relativamente à Fé 216. Direita e Esquerda 217. Se Eu Não o Fizer, Quem o Fará por mim? 218. A Torá e o Criador São Um 219. Devoção 220. Sofrimento 221. Múltiplas Autoridades 222. A Parte Que é Dada à Sitra Achra, Para a Separar da Kedusha 223. Vestimenta, Saco, Mentira, Amêndoa 224. Yesod de Nukva e Yesod de Dechura 225. Elevando-se a Si Próprio 226. A Torá Escrita e a Torá Oral - 2 227. A Recompensa Para uma Mitzva, uma Mitzva 228. Peixe Antes da Carne 229. Os Bolsos de Haman 230. O que significa “O Senhor é Elevado e os Inferiores Vão Vê-lo” - 2 231. A Pureza dos Vasos de Receção 232. Completando do Esforço 233. Perdão, Desculpas e Expiação 234. Aquele que Interrompe as Palavras de Torá e se Envolve em Conversa 235. Olhar Para o Livro de Novo 236. Os Meus Adversários Amaldiçoam-me Todo o Dia 237. Porque Ninguém Me Pode Ver e Viver 238. Feliz é o homem Que Não Te Esquece e o Filho do Homem Que se Esforça Em Ti 239. A Diferença Entre Mochin de Shavuot e Mochin de Shabbat durante a Mincha 240. Procura os Que Te Procuram Quando Eles Procurarem a Tua Face 241. Chama Por Ele Quando Ele Estiver Perto 242. Qual a Importância de Deleitar um Pobre Num Dia Bom? 243. Examinar a Sombra na Noite de Hosha’ana Rabbah 244. Todos os Mundos 245. Antes da Criação do Recém-Nascido 246. Uma Explicação Acerca da Sorte 247. Um Pensamento é Considerado Nutrição 248. Que o Seu Amigo Comece

Michael Laitman

Biblioteca de Cabala "Principal" / Baal HaSulam / Shamati / 99. Ele não disse ‘Ímpio’ ou ‘Justo’

99. Ele não disse ‘Ímpio’ ou ‘Justo’


Eu ouvi a 21 de Iyar, Jerusalém
O Rabino Hanina Bar Papa disse: “O anjo responsável pela conceção chama-se Laila [noite]. Ele pega numa gota e coloca-a perante o Criador, dizendo-Lhe: ‘Mestre do mundo, esta gota, o que será dela? Um herói ou um fraco? Um sábio ou um insensato? Um rico ou um indigente?’ Mas não disse ‘um ímpio ou um justo’” (Nida 16b).
Devemos interpretar isto segundo a regra de que um insensato não pode ser ‘justo’, como disseram os nossos sábios: “A pessoa não peca a menos que um espírito de loucura entre nela.” Tanto mais com aquele que é insensato toda a sua vida. Assim, quem nasce insensato não tem escolha, pois foi sentenciado a sê-lo. Portanto, o facto de se dizer que “ele não disse ‘um ímpio ou um justo’” é para que a pessoa tenha escolha. Mas qual é o benefício se ele não disse “um justo ou um insensato”? Afinal, se foi sentenciado a ser insensato, é o mesmo que ser sentenciado a tornar-se ‘ímpio’!
Devemos também compreender as palavras dos nossos sábios: “O rabino Yochanan disse: ‘O Criador viu que os ‘justos’ eram poucos, então determinou e plantou-os em cada geração, conforme foi dito: ‘Porque as colunas da terra são do Senhor, e sobre elas Ele estabeleceu o mundo.’’” RASHI interpreta: “‘Estabeleceu o mundo sobre elas’ — Ele dispersou-os por todas as gerações para serem uma infraestrutura, um apoio e uma fundação para sustentar o mundo” (Yoma 38b).
“O facto de serem poucos” significa que estão a diminuir. Assim, o que fez Ele para os multiplicar? “Determinou e plantou-os em cada geração.” Devemos perguntar: “Qual é o benefício de os plantar em cada geração, através do qual se multiplicam?” Devemos compreender a diferença entre todos os ‘justos’ estarem numa única geração ou estarem dispersos por todas as gerações, como interpreta RASHI. Estar em muitas gerações multiplica os ‘justos’?
Para compreender o que foi dito, devemos expandir e interpretar as palavras dos nossos sábios, de que o Criador sentencia a gota a ser sábia ou insensata. Ou seja, aquele que nasce fraco, sem força para superar a sua inclinação, e nasce com um desejo fraco e sem talentos, visto que durante a preparação, ao começar o trabalho do Criador, deve estar apto a receber a Torá e a sabedoria, como está escrito: “dará sabedoria aos sábios.” Ele perguntou: “Se já são sábios, porque precisam ainda de sabedoria? Deveria ter sido ‘dará sabedoria aos insensatos.’”
Ele explica que ‘sábio’ significa alguém que anseia pela sabedoria, ainda que não a tenha. Mas porque tem um desejo, e o desejo é chamado de Kli [vaso], aquele que tem desejo e anseio por sabedoria é o Kli [Vaso] no qual a sabedoria brilha. Assim, um insensato significa alguém sem desejo de sabedoria, cujo anseio é apenas pelas suas próprias necessidades. No que respeita à doação, um insensato é completamente incapaz de alcançar qualquer forma de doação.
Portanto, aquele que nasce com tais qualidades, como pode alcançar o nível de ‘justo’? Por conseguinte, não tem escolha. Assim, qual é o benefício de se dizer “ele não disse ‘um justo ou um ímpio’”? Para que tenha escolha. Afinal, se nasceu sem sabedoria e fraco, já não tem capacidade de escolha, pois é totalmente incapaz de qualquer superação e anseio pela Sua sabedoria.
Para compreender isto, ou seja, que até um insensato pode ter escolha, o Criador fez uma correção, que os nossos sábios chamam de: “O Criador viu que os justos eram poucos; determinou e plantou-os em cada geração.” Perguntámos: “Qual é o benefício disto?”
Agora podemos compreender este assunto. Sabemos que é proibido associar-se aos ‘ímpios’, mesmo quando não se age como eles, como está escrito: “nem se sentou no lugar dos escarnecedores.” Isto significa que o pecado está, acima de tudo, no facto de ele se sentar entre os escarnecedores, ainda que se sente e estude a Torá e cumpra as Mitzvot [Mandamentos]. Caso contrário, a proibição seria devido ao cancelamento da Torá e das Mitzvot [Mandamentos]. Mas, na verdade, o próprio ato de se sentar entre eles é proibido, pois o homem absorve os pensamentos e desejos daqueles que aprecia.
E vice-versa: se a pessoa não tem qualquer desejo ou anseio pela espiritualidade, mas está entre pessoas que têm o desejo e anseio pela espiritualidade, se ela aprecia essas pessoas, também ela vai absorver a força para superar, bem como os seus desejos e aspirações, ainda que, pela sua própria qualidade, não tenha esses desejos, anseios e força para superar. Mas de acordo com a estima e a importância que atribui a essas pessoas, receberá novas forças.
Agora podemos compreender as palavras acima: “O Criador viu que os justos eram poucos”, ou seja, nem qualquer pessoa se pode tornar-se ‘justa’, por falta de qualidades para tal, como foi dito, que nasceu insensata ou fraca. No entanto, também ela tem escolha, e as suas próprias qualidades não são desculpa. Isto porque o Criador plantou os justos em cada geração.
Assim, a pessoa tem a escolha de ir para um lugar onde há ‘justos’. Pode aceitar a sua autoridade e, então, vai receber todas as forças que lhe faltam, pela própria natureza das suas qualidades. E vai recebê-las dos ‘justos’. Este é o benefício de os ter “plantado em cada geração”, para que cada geração tenha alguém a quem recorrer, a quem aderir e de quem receber a força necessária para ascender ao nível de ‘justo’. Assim, também elas se tornam posteriormente ‘justos’.
Portanto, “ele não disse ‘um ímpio ou um justo’” significa que ela tem de facto escolha: pode ir e aderir aos ‘justos’ para orientação, e através deles receber força, pela qual também eles, mais tarde, podem tornar-se ‘justos’.
No entanto, se todos os ‘justos’ estivessem na mesma geração, os insensatos e os fracos não teriam esperança de se aproximar do Criador. Assim, não teriam escolha. Mas, ao dispersar os ‘justos’ em cada geração, cada pessoa tem o poder de escolha para se aproximar e ligar-se aos ‘justos’ que existem em cada geração. Caso contrário, a sua Torá tornar-se-ia uma poção da morte.
Podemos compreender isto através de um exemplo corpóreo. Quando duas pessoas estão uma diante da outra, a mão direita de uma fica oposta à mão esquerda da outra, e a mão esquerda de uma fica oposta à mão direita do seu companheiro. Existem dois caminhos: o direito, o caminho dos ‘justos’, que é apenas a doação; e o caminho da esquerda, daqueles que querem apenas receber para si próprios, pelo qual se encontram separados do Criador, que é apenas doação. Assim, estão naturalmente separados da Vida das Vidas.
É por isso que os ‘ímpios’, na sua vida, são chamados de “mortos”. Por conseguinte, enquanto a pessoa não tiver alcançado Dvekut [adesão] com o Criador, permanecem dois. E quando a pessoa estuda a Torá, que é chamada de “direita”, mas a pessoa encontra-se à esquerda do Criador, ou seja, estuda a Torá para receber para si própria, isso separa-a d’Ele, e a sua Torá torna-se uma poção da morte, pois continua separada, uma vez que deseja que a Torá sirva apenas ao seu corpo. Isto significa que a pessoa quer que a Torá engrandeça o seu corpo, e através disso a sua Torá torna-se uma poção de morte.
No entanto, quando a pessoa adere ao Criador, é formada uma autoridade única, e essa pessoa une-se à Sua singularidade. Então, o lado direito da pessoa torna-se o lado direito do Criador, e assim o corpo torna-se uma revestimento para a sua alma.
A forma de saber se a pessoa está a seguir o caminho da verdade é verificar se, ao ocupar-se das necessidades corpóreas, não se envolve nelas mais do que o necessário para as necessidades da alma. Quando a pessoa pensa que tem mais do que o necessário para revestir a sua alma, isso é como a roupa que se coloca sobre o corpo. Nesse momento, ela preocupa-se em manter a vestimenta nem demasiado longa, nem demasiado larga, mas exatamente à medida do corpo. Da mesma forma, ao tratar das necessidades corpóreas, deve ser meticulosa para não ter mais do que o necessário para a sua alma, ou seja, para revestir a sua alma.
Para alcançar Dvekut com o Criador, nem todos os que desejam receber o Senhor podem simplesmente vir e receber, pois isso é contrário à natureza do homem, que foi criado com um desejo de receber, ou seja, amor-próprio. É por isso que necessitamos dos ‘justos’ da geração.
Quando a pessoa adere a um verdadeiro Rav, cujo único desejo é praticar boas ações, mas sente que não consegue fazê-lo com a intenção de doar contentamento ao Criador, ao aderir a um verdadeiro Rav e desejar a afeição do Rav, acaba por fazer coisas que o seu Rav aprecia e rejeita as coisas que o seu Rav detesta. Assim, pode alcançar Dvekut com o seu Rav e receber as suas forças, mesmo aquelas que não possui desde o nascimento. Este é o significado de plantar os ‘justos’ em cada geração.
No entanto, de acordo com isto, é difícil compreender por que razão plantar os ‘justos’ em cada geração. Dissemos que era para os insensatos e os fracos. Mas poderia ter sido resolvido de outra forma: simplesmente não criar insensatos! Quem determinou que esta gota seria um fraco ou um insensato? Ele poderia ter criado todos sábios.
A resposta é que os insensatos também são necessários, pois são os portadores do desejo de receber. Eles veem que não têm qualquer meio por si próprios para se aproximarem do Criador e são como aqueles sobre os quais está escrito: “E vão avançar e vão olhar para os cadáveres dos homens… pois o seu verme não vai morrer, nem o seu fogo extinguir-se; e serão um horror para toda a carne.” Tornaram-se cinzas sob os pés dos ‘justos’, através das quais os ‘justos’ podem reconhecer o bem que o Criador lhes fez ao criá-los sábios e fortes, aproximando-os assim d’Ele.
Agora, podem dar graças e louvar o Criador, pois veem o estado miserável em que se encontram. Isto é chamado de “cinzas sob os pés dos justos”, ou seja, que os justos caminham sobre elas e, assim, agradecem ao Criador.
Mas devemos saber que os níveis inferiores também são necessários. O Katnut [pequenez/infância] de um nível não é considerado supérfluo, como se se pudesse dizer que seria melhor se os níveis de Katnut nascessem imediatamente com o Gadlut [grandeza/maturidade].
É como um corpo físico. Certamente há órgãos importantes, como o cérebro e os olhos, e há órgãos que não parecem tão essenciais, como o estômago, os intestinos, os dedos e os pés, etc. Mas não podemos dizer que um órgão que desempenha uma função menos importante é redundante. Pelo contrário, tudo é importante. O mesmo acontece na espiritualidade: também necessitamos dos insensatos e dos fracos.
Agora podemos compreender o que está escrito, que o Criador disse: “Voltem até Mim, e Voltarei até Vocês.” Isto significa que o Criador diz: “Voltem”, mas Israel responde o oposto: “Faz-nos voltar para Ti, Senhor, e então voltaremos.”
O significado disto é que, durante o declínio no trabalho, o Criador diz primeiro “Voltem”. Isso traz uma ascensão no trabalho do Criador, e a pessoa começa a clamar: “Faz-nos voltar”. Mas durante a descida, a pessoa não clama “Faz-nos voltar”. Pelo contrário, foge do trabalho.
Portanto devemos saber que quando a pessoa clama “Faz-nos voltar”, isso deriva de um despertar do Alto, pois o Criador já tinha dito anteriormente “Voltem”, o que deu à pessoa uma ascensão, permitindo-lhe então dizer “Faz-nos voltar”.
Este é o significado de “E aconteceu que, quando a arca partiu, Moisés disse: ‘Levanta-Te, ó Senhor, e dispersa os Teus inimigos.’” “Partir” significa avançar na servitude ao Criador, que é uma ascensão. Então, Moisés disse “Levanta-Te.” E quando descansavam, ele dizia “Volta, Senhor.” Durante o descanso do trabalho do Criador, precisamos que o Criador diga “Volta”, ou seja, “Voltem para Mim”, o que significa que o Criador dá o despertar. Assim, devemos saber quando dizer “Levanta-Te” ou “Volta”.
Este é o significado do que está escrito na Porção Ekev: “E vai recordar todo o caminho… para saber o que estava no teu coração, e se mantinhas os Seus mandamentos ou não.” “Manter os Seus mandamentos” é discernido como “Volta”. “Ou não” é discernido como “Levanta-Te”, e necessitamos de ambos. E o Rav sabe quando dizer “Levanta-Te” e quando dizer “Volta”, pois as quarenta e duas jornadas representam ascensões e descidas que ocorrem no trabalho do Criador.