Capítulo 7.3 - A Receção da Luz nos Feriados/Festividades
Qualquer aumento na Luz é um feriado. Toda a alma que alcança a espiritualidade recebe a Luz do mundo de Atzilut. O seu poder depende do nível da alma. O nível básico de Luz é chamado de “dia de semana”. O nível seguinte de intensidade é chamado ‘Rosh Chodesh' (o primeiro dia do mês). Cada dia de semana designa um tipo diferente de Luz.
Em ‘Rosh Chodesh’, Partzuf ZON (Zeir Anpin e Nukva) de Atzilut ascende a Partzuf YESHSUT (Israel Sabave Tvuna), o que significa que sobe um nível e ilumina uma qualidade de Luz completamente diferente. O nível seguinte é chamado Shabbat (o Sábado).
Cada minuto e cada hora trazem a sua própria tonalidade única na espiritualidade. A influência da Luz sobre as almas no nosso mundo é um estado perpétuo. Como resultado, existe um processo contínuo de correção e movimento. Sem a mudança constante e a influência da Luz, o vaso permaneceria imóvel. Um vaso move-se sob a influência do sofrimento, consequência da ausência de Luz no vaso, ou através da entrada da Luz nele.
ZON de Atzilut determina o movimento de todas as almas. Existe uma abundância constante que sai de ZON, que as almas percebem incorretamente devido ao seu egoísmo. O propósito da correção das almas é mudar o sentimento mau para um bom, ou seja, corrigir os vasos do egoísmo para o altruísmo. Quanto mais correta for a alma, mais ela percebe o Criador como Bondade Absoluta.
Não podemos realizar correções independentes, mas devemos perceber que tipo de inimigo é realmente o nosso egoísmo e, em seguida, pedir ajuda ao Criador. A revelação do Criador leva a pessoa a um nível superior de experiência qualitativa. A mudança na nossa percepção da recompensa e do castigo fará com que o castigo pareça prazer.
Se já não fôssemos capazes de sentir dor nos nossos corpos, não saberíamos se uma doença se estivesse a espalhar nos nossos corpos. Não faríamos nada para a curar, porque não sentiríamos os sintomas que a indicam. Por vezes, vale a pena suportar a dor com o propósito de um benefício futuro. Se percebermos que um medicamento amargo é um meio necessário para a saúde, o medicamento não saberá a amargo, mas a doce.
Qualquer sentimento espiritual ou intelectual “inferior” indica um mau funcionamento na alma de alguém e deve ser curado. Neutralizar a sensação de dor produzirá resultados prejudiciais, porque o corpo ficará privado de um sistema de alarme para avisar de um estado intelectual em deterioração.
O mês de Adar é um mês especial. É o mês do feriado de Purim, o maior de todas os feriados. É costume beber álcool em Purim até à intoxicação completa e ao desprendimento absoluto da realidade, até que se deixe de sentir qualquer preocupação ou inquietação. Isso vem para nos lembrar do nosso estado futuro de prazer e integridade absolutos, quando o intelecto está desligado e apenas a emoção permanece ativa.
Mas por que precisamos de desligar o intelecto para nos sentirmos completos? O que acontece a uma pessoa quando está cheia de deleite? Há algum espaço deixado para pensamentos ou raciocínio frio?
A maioria das pessoas que se voltam para a Cabala provém da classe média da sociedade, quer socioeconómica quer educacional. Um professor universitário, por exemplo, dedicado inteiramente à investigação científica, não precisa de quaisquer coberturas religiosas. A lógica é rainha e a ciência é religião. Muitas vezes, os cientistas são ainda mais fanáticos nas suas crenças do que os fanáticos religiosos.
Devemos ensinar as pessoas a olhar para dentro e a descobrir as dez Sefirot dentro delas. A primeira, Keter, é o atributo do Criador. As outras são medidas da exposição do Criador à criatura, ou seja, Malchut. Devemos ser ensinados a diferenciar entre essas propriedades e nós próprios.
À medida que Malchut se corrige a si própria, aumenta a sua capacidade de se assemelhar às nove Sefirot superiores e de se conter nelas. Consequentemente, ela (Malchut) acabará por se unir totalmente ao Criador.
Quando uma célula no corpo deixa de “pensar” no corpo e começa a funcionar independentemente, “mastigando” tudo sem dar ao corpo o que deve, isso é considerado uma célula cancerígena. Toda a célula no corpo sabe o que está destinada a tornar-se quando amadurece. Se algo correr mal no interior, as células sabem como restaurar o seu funcionamento para o normal; estão ligadas ao sistema coletivo do corpo.
Se nos comportarmos dessa forma em relação ao Criador, ao universo e à humanidade (que são uma e a mesma coisa), funcionaremos corretamente e a nossa saúde estará em ordem. Caso contrário, tornamo-nos como uma célula que pensa apenas em si própria, transformando-se assim de uma célula saudável numa célula cancerígena.
Quando começamos a estudar a Cabala, dizem-nos para começar num estado de Lo Lishma. Abordamos tal pessoa com palavras amáveis e gentis, porque nesse estado é categorizada como “mulheres, crianças e escravos”, ou seja, com propriedades egoísticas. O estado de “mulheres” significa o desejo de receber, o estado de “crianças” significa querer perceber tudo inconscientemente e o estado de “escravos” representa a busca de prazeres (escravos dos prazeres). Estes são estados internos que todas as pessoas experienciam, independentemente do sexo, idade ou religião, porque todas as pessoas possuem todos os estados espirituais dentro de si e devem, portanto, experienciar e corrigir cada um deles.
Quando começamos a adquirir sabedoria e compreensão independentes, mesmo que ainda estejamos imersos em propriedades egoísticas, já podemos observar-nos a nós próprios de fora. Nesse ponto, estamos a ser gradualmente introduzidos ao verdadeiro significado de doação (altruísmo, dar) e ao que realmente está por trás da expressão “para o benefício do Criador”, também chamado “para doar”.
A única forma de nos libertarmos do nosso egoísmo é levar-nos a um estado em que clamamos ao Criador. Caso contrário, os nossos Faraós não nos deixarão sair do Egito. Toda a situação deve ser analisada meticulosamente, até que compreendamos precisamente como operar a nossa razão para analisar os nossos sentimentos. Se não o fizermos, essas situações repetir-se-ão até que as compreendamos e clamemos ao Criador e aceitemos tudo o que Ele quiser, mesmo que seja apenas para nos libertar do único inimigo que nos impede de nos aproximarmos do Criador, nomeadamente o nosso próprio egoísmo.
Tanto as situações de depressão profunda como de prazer extremo são situações extremas que não nos permitem analisar as nossas situações corretamente. Devemos tentar fazê-lo independentemente, enquanto perguntamos: “Por que me foi dada esta situação?” “O que posso fazer a respeito dela?” Se nos aprofundarmos no pensamento de que essas situações nos foram dadas pelo Criador, a nossa angústia deixará de ser um tormento e transformar-se-á em prazer. Isso depende da nossa percepção da grandeza do Criador. Não há nada mais que devamos considerar!
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