<- Biblioteca de Cabala
Continuar a Ler ->

Capítulo 2.6 – Descobrir Propriedades Espirituais

Capítulo 2.6 – Descobrir Propriedades Espirituais
Para começarmos a perceber o mundo espiritual, devemos adquirir atributos espirituais. Mas o que significa, de facto, "adquirir atributos espirituais"? E como os podemos adquirir? Aqueles que descobriram o mundo espiritual dizem-nos que, vistos de fora, a natureza do nosso mundo é uma manifestação de egoísmo puro e absoluto. Isto significa que tudo no nosso mundo se baseia no ego – a natureza inanimada, as plantas, os animais e as pessoas. Em todos os acontecimentos e em todos os níveis, existe apenas uma lei – a busca total pelo benefício próprio, conforme a intensidade do egoísmo em cada objeto ou criatura.
Porque todos os nossos pensamentos e atos se baseiam numa única resolução de obter o máximo de prazer pessoal em qualquer situação, isso, e apenas isso, constitui a essência da nossa natureza. Assim, é simplesmente impossível unir átomos em moléculas, manter uma forma existente ou desenvolver corpos físicos e uma consciência humana sem a busca de algum objetivo egoísta.
Mesmo quando pensamos que a razão para uma ação é beneficiar o próximo, ao analisarmos as motivações por trás, descobrimos que não há nada além de uma ambição egoísta disfarçada, uma forma sofisticada de exploração egoísta. E, porque a nossa natureza é o egoísmo absoluto, só conseguimos perceber e sentir estímulos externos que correspondem aos nossos atributos egoístas internos.
O conjunto dos estímulos externos que sentimos com os nossos atributos egoístas é chamado de “nosso mundo”. É tudo o que podemos sentir com esses atributos egoístas. Na verdade, não são os nossos órgãos sensoriais que são egoístas, mas o coração que está por trás dos sentidos, a nossa ambição de extrair o máximo prazer de todas essas sensações. Se, em vez de um coração egoísta, houvesse um coração altruísta por trás desses sentidos, poderíamos receber informações completamente diferentes com os mesmos sentidos. Essa seria a imagem do “mundo vindouro” ou mundo espiritual.
Contudo, estando no mundo espiritual, ainda seríamos capazes de ver a imagem do nosso próprio mundo. Isto porque não deixamos de viver neste mundo nem partimos para uma dimensão física diferente, mas simplesmente adicionamos a imagem coletiva à nossa perceção deste mundo. Começamos a compreender as razões e as consequências de tudo o que nos acontece e a distinguir as forças espirituais por trás dos corpos físicos no nosso mundo.
Aquele que está no mundo espiritual começa a ver as raízes que influenciam a realidade, que moldam os acontecimentos deste mundo. Por fim, a pessoa começa a ver e compreender a razão e o propósito da existência.
Aqueles que ainda não conseguem sentir e ver esta imagem só precisam de acreditar que tal possibilidade existe. Um cabalista não pode descrever nem transmitir sensações espirituais pessoais a pessoas que não as conseguem ver por si próprias. Mas, se seguirmos o conselho de um cabalista que já trilhou este caminho, isso constitui uma ajuda real para qualquer pessoa que procure uma saída para o mundo espiritual.