Capítulo 2.4 - Os Atributos da Luz
Capítulo 2.4 - Os Atributos da Luz
A alma é a única coisa que Ele criou; ela percebe as sensações de visão, audição, tato, olfato e paladar através dos seus filtros. Por detrás dos filtros dos cinco sentidos, existe um "computador" e um "programa". A alma traduz o que encontra fora de si numa linguagem que podemos compreender: prazer ou dor. Assim, é no centro da alma, no seu ponto mais íntimo, que sentimos se algo é bom ou mau.
Se o computador operar com o programa natural, o programa apresenta definições egoístas de bom e mau. Se o computador for reinstalado com um sistema operativo altruísta, então a compreensão do bom e do mau deixa de ser calculada em relação à própria alma, mas em direção a algo que está fora dela – o Criador.
Existem dois sistemas operativos que a alma pode usar para avaliar a realidade:
- A forma egoísta, para si própria;
 - A forma altruísta, para o Criador.
 
Não há outra realidade além do Criador e da criatura, a Luz (abundância) e o desejo (vaso). Ao nascer, estamos naturalmente programados para sermos egoístas. Por isso, no "fundo do intelecto" existe uma imagem egoísta chamada “este mundo”. A pessoa só sente a Luz. A Luz é processada de forma egoísta e reflete-se dentro de nós como “este mundo”. Se o processamento egoísta não nos influenciasse e não inserisse os seus obstáculos (como o programa que atrai o bom e rejeita o mau, ou seja, um programa preocupado apenas com a autopreservação do homem), perceberíamos uma imagem completamente diferente. Esta seria projetada para a frente da alma e mostrar-nos-ia tudo o que realmente existe na espiritualidade; exibiria tudo o que existe fora de nós, nomeadamente a Luz, o Criador. Caso contrário, a imagem seria subjetiva e refletiria apenas o nosso conteúdo interno, com base em considerações de autogratificação.
O caminho para reprogramar o computador de egoísta para altruísta chama-se “a sabedoria da Cabala”. Podemos usá-la para criar a imagem real do mundo, sem qualquer vestígio de egoísmo. Seremos capazes de sentir a Criação real fora de nós e alcançar a “equivalência de forma” e a unificação com a Luz. É um estado onde não existem divisórias entre a Luz e a alma.
A sensação da Luz é, de certa forma, semelhante à sensação que se experiencia num estado de morte clínica. É um estado de desapego parcial do corpo físico (egoísmo animal). Nesse estado, há um desejo de alcançar a Luz.
No entanto, atingi-la é impossível até que se elimine todo o egoísmo, tanto espiritual como físico. Assim, o trabalho do homem reside principalmente no corpo físico.
É relativamente fácil livrar-se do egoísmo espiritual se soubermos que obstáculo o egoísmo coloca nos nossos computadores internos. Toda a informação entra através de cinco filtros, chamados “as cinco partes de Malchut”, as cinco zonas do governo do egoísmo. Estes cinco canais transformam os dados que vêm do exterior numa forma que o egoísmo pode processar, como “sinto-me bem” ou “sinto-me mal”. Cada canal-filtro por onde os sinais passam tem a sua própria aviut [espessura], que varia de pessoa para pessoa.
Quanto mais vidas a alma experiencia, maior é a sua aviut [espessura]. A pessoa torna-se não apenas mais ‘espessa’, mas também mais preparada para a correção. No entanto, pessoas menos desenvolvidas egoisticamente não precisam de tanto e contentam-se com pouco. Um maior egoísta está pronto para ser corrigido e sente a necessidade de correção e de se preencher com a Luz de forma mais intensa.
Corrigir o Programa
Quando a aviut [espessura], atinge a sua intensidade máxima, surge a necessidade de corrigir o programa do computador pessoal. A aviut [espessura], aumenta ao longo de muitas vidas, não apenas da vida de uma pessoa, mas também da natureza animal, vegetal e até inanimada. Embora a própria natureza também ascenda, a sua ascensão depende da condição do homem e ocorre apenas quando o homem ascende.
Quando a aviut [espessura], atinge o seu auge, a distância entre a imagem interna do homem e a Luz também atinge o seu pico, e um interruptor interno é ativado. Isso gera a sensação de que já não é possível satisfazer-se com nada no presente ou no futuro.
Este é o sinal de que a pessoa deixou de procurar algo dentro de si, no fundo da sua alma, e agora aspira a sentir a realidade que a rodeia. E por essa razão, a busca por várias formas de disciplinas e métodos até encontrar a Cabala, que é o que realmente procurava.
A Cabala é um sistema que pode alterar esses filtros. Embora não os remova, muda o seu foco de uma intenção egoísta de receber prazeres para um objetivo altruísta de deleitar. Na verdade, a única possibilidade que realmente existe é receber para doar, pois, na relação Criador-criatura, o Criador dá e o homem recebe. Não temos nada para dar ao Criador exceto a nossa disposição para receber prazeres d’Ele.
Também podemos usar esses filtros para receber, com o objetivo de agradar à Luz, o Criador. Então, os dados que vêm do exterior não serão distorcidos ou falsificados, mas aparecerão diante de nós como realmente são fora de nós. Isso conclui o desígnio da Criação, que permite à humanidade viver sem qualquer perturbação do seu egoísmo egoísta e sentir e viver no verdadeiro sistema da Criação. Todos os prazeres que a humanidade experienciou até agora e está destinada a experienciar representam apenas uma parte de 600.000 do menor prazer na menor Luz (Nefesh).
Mesmo quando apenas uma alma completa a sua correção e recebe a totalidade da Luz, ela está diante de todas as almas, observando tudo, antes que os dados entrem no sistema, antes que o prazer penetre nas demais almas.
A aviut [espessura] da pessoa é determinada na sua primeira vida neste mundo. Mas a Cabala pode desenvolvê-la e aumentá-la dezenas de vezes, reduzindo o número de vezes que será necessário reencarnar. Ela acelera o processo de amadurecimento para o propósito de alcançar o reino espiritual.
Os tormentos humanos são uma expressão externa de algo que falta. Os tormentos não desaparecem, mas a Cabala substitui as dores animais-corpóreas por dores espirituais, aquelas que vêm da ausência de sensação espiritual. A mudança qualitativa no sofrimento leva a uma reconstrução do Kli [vaso] interno, à renovação da alma. A sensação da Luz vem de mãos dadas com o crescente desejo de ser como a Luz, e processos que teriam levado gerações a completar são concluídos em apenas alguns anos.