Tudo o que fazemos na vida é determinado pelo princípio do prazer e da dor: fugimos da dor e perseguimos o prazer. E quanto menos tivermos de trabalhar pelo prazer, melhor.
O princípio do prazer e da dor é ditado pelo desejo de receber, e o desejo de receber controla tudo o que fazemos, porque essa é a nossa essência. Portanto, embora pensemos que somos seres livres, estamos, na verdade, acorrentados pelas duas rédeas da vida, prazer e dor, controladas pelas mãos do nosso egoísmo.
Quatro factores determinam quem somos: 1) a Base, 2) os atributos imutáveis da Base, 3) atributos que mudam através de forças externas, e 4) mudanças no ambiente externo. Só podemos influenciar o último factor, mas esse factor influencia todos os outros.
Portanto, a única forma de escolher quem somos é escolhendo o último factor, monitorizando e alterando o nosso ambiente social externo. Como as mudanças no último factor afetam todos os outros, ao alterá-lo, mudaremos a nós próprios. Se queremos libertar-nos do egoísmo, precisamos de mudar o ambiente externo para um que apoie o altruísmo, não o egoísmo.
E uma vez libertos do desejo de receber, das algemas do egoísmo, podemos avançar na espiritualidade. Para isso, seguimos o princípio da “fé acima da razão”.
“Fé”, na Cabala, significa a percepção completa do Criador. Podemos adquirir fé tornando-nos iguais a Ele nos nossos atributos, desejos, intenções e pensamentos. O termo “razão” refere-se ao nosso intelecto, o “capataz” do nosso egoísmo. Para ir além dela, devemos tornar o valor da equivalência com o Criador mais importante, mais precioso para nós do que qualquer prazer egoísta que possamos imaginar.
A nível pessoal, aumentamos a importância do Criador (altruísmo) usando livros (ou outras formas de media), amigos e um professor que nos mostrem como é importante ser altruísta. A nível social, tentamos adotar valores mais altruístas na sociedade.
Contudo, e isto é imperativo para o sucesso da mudança, adotar valores altruístas não deve ser feito apenas para tornar as nossas vidas mais agradáveis neste mundo. Deve ser feito para igualar os nossos eus e as nossas sociedades à Natureza, ou seja, à única lei da realidade — a lei do altruísmo — o Criador.
Quando nos rodeamos destes ambientes, como indivíduos e como sociedade, os nossos valores mudarão gradualmente para os valores do nosso ambiente, transformando assim o nosso egoísmo em altruísmo de forma natural, fácil e agradável.