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Três Limites na Aprendizagem da Cabala
PRIMEIRO LIMITE — O QUE PERCEBEMOS Na sua Introdução ao Livro do Zohar, o cabalista Yehuda Ashlag escreve que existem “quatro categorias de perceção — Matéria, Forma na Matéria, Forma Abstrata e Essência”. Quando examinamos a Natureza espiritual, cabe-nos decidir quais destas categorias nos fornecem informação sólida e fiável, e …
Perceção da Realidade
Muitos termos são usados para descrever a compreensão. Para os cabalistas, o nível mais profundo de compreensão é chamado “realização”. Como estudam os mundos espirituais, o seu objetivo é alcançar o “realização espiritual”. Arealização espiritual refere-se a uma compreensão tão profunda e completa do percebido que não restam perguntas. Os …
Resumindo
Para uma perceção correta, precisamos de nos limitar através de três limites: 1. Existem quatro categorias de Perceção: A) Matéria; B) Forma na Matéria; C) Forma Abstrata; e D) Essência. Percebemos apenas as duas primeiras. 2. Toda a nossa perceção ocorre dentro da nossa alma. A nossa alma é o …

Todos os mundos, superiores e inferiores, estão contidos dentro de si.

- Yehuda Ashlag


De todos os conceitos inesperados encontrados na Cabala, nenhum é tão imprevisível, tão aparentemente irracional, mas ao mesmo tempo tão profundo e fascinante quanto o conceito de realidade. Não fosse por Einstein e a Física Quântica, que revolucionaram a forma como pensamos a realidade, as ideias aqui apresentadas teriam sido ignoradas ou ridicularizadas.
No capítulo anterior, dissemos que a evolução ocorre porque o nosso desejo de receber prazer progride do nível Raiz até ao Quarto nível. Mas se os nossos desejos impulsionaram a evolução do nosso mundo, será que o mundo existe realmente fora de nós? Poderá ser que o mundo à nossa volta seja apenas uma história que queremos acreditar?
Dissemos que a Criação começou a partir do Pensamento da Criação, que criou as Quatro Fases Fundamentais da Luz. Estas Fases incluem dez Sefirot: Keter (Fase Zero), Hochma (Fase Um), Bina (Fase Dois), Hesed, Gevura, Tifferet, Netzah, Hod e Yesod (que, em conjunto, formam a Fase Três — Zeir Anpin) e Malchut (Fase Quatro).
O Livro do Zohar, o livro que todo cabalista estuda, afirma que toda a realidade é composta por apenas dez Sefirot. Tudo é feito de estruturas destas dez Sefirot. A única diferença entre elas reside na profundidade com que estão imersas na nossa substância — o desejo de receber.
Para compreender o que os cabalistas querem dizer quando afirmam que “estão imersas na nossa substância”, imagine uma forma, como uma esfera, pressionada numa massa de plasticina ou outro tipo de argila de modelar. A forma representa um grupo de dez Sefirot, e a argila representa-nos, ou as nossas almas. Mesmo que pressione a esfera profundamente na argila, a esfera em si não mudará. Mas quanto mais profundamente a esfera estiver imersa na argila, mais ela altera a argila.
Como se sente isso quando os intervenientes são um grupo de dez Sefirot e uma alma? Alguma vez reparou subitamente em algo que sempre esteve à sua volta, mas cuja característica específica lhe escapava? Esta sensação é semelhante à das dez Sefirot penetrando um pouco mais no desejo de receber. Ou seja, quando subitamente compreendemos algo que antes não tínhamos percebido, é porque as dez Sefirot se aprofundaram um pouco mais em nós.
Os cabalistas têm um nome para o desejo  de receber — Aviut. Aviut significa, na verdade, espessura, não desejo. Mas usam este termo porque quanto maior é o desejo de receber, mais camadas lhe são adicionadas.
Como dissemos, o desejo de receber, o Aviut, é composto por cinco níveis básicos — 0, 1, 2, 3, 4. À medida que as dez Sefirot penetram mais profundamente nos níveis (camadas) de Aviut, formam uma variedade de combinações, ou misturas, do desejo de receber com o desejo de dar. Estas combinações constituem tudo o que existe: os mundos espirituais, o mundo corpóreo e tudo o que eles contém.
As variações na nossa substância (desejo de receber) criam as nossas ferramentas de perceção, chamadas Kelim (plural de Kli). Portanto, cada forma, cor, aroma, pensamento — tudo o que existe — está presente porque dentro de nós existe um Kli [Vaso] apropriado para o perceber.
Assim como o nosso cérebro utiliza as letras do alfabeto para estudar o que este mundo tem para oferecer, os nossos Kelim usam as dez Sefirot para estudar o que os mundos espirituais oferecem. E, tal como estudamos este mundo sob certas restrições e regras, para estudar os mundos espirituais precisamos de conhecer as regras que moldam esses mundos.
Quando estudamos algo no mundo físico, devemos seguir certas regras. Por exemplo, para algo ser considerado verdadeiro, deve ser empiricamente testado. Se os testes demonstrarem que funciona, é considerado correto, até que alguém prove — com testes, não com palavras — que não funciona. Antes de ser testado, não passa de uma teoria.
Os mundos espirituais também têm limites — três, para ser exato. Se queremos alcançar o propósito da Criação e tornar-nos semelhantes ao Criador, devemos respeitar esses limites.