Glossário - Shmini
Conceitos
Inauguração do Tabernáculo
A “inauguração do tabernáculo” é o ponto a partir do qual podemos trazer oferendas, ou seja, corrigir os nossos desejos de forma concreta. Nesse estado, conseguimos corrigir cada desejo, tornando-o semelhante à doação, ao amor pelos outros, ao Criador. Tornamo-nos semelhantes ao Criador nesse desejo, compreendemos a totalidade da criação, a eternidade da criação. Nós próprios tornamo-nos como o Criador, conforme está escrito: “Regressa, ó Israel, ao Senhor teu Deus” (Oseias 14:2). É isto que devemos alcançar, e estas ações trazem grande alegria.
Por isso, não é uma coincidência que a revelação do Criador seja mencionada no mesmo dia da inauguração do tabernáculo. Mas o que significa revelar o Criador?
Ao começar a realizar o trabalho do tabernáculo, descobrimos o Criador segundo a lei da equivalência de forma. Ao realizarmos os mesmos atos que o Criador, o Criador “reveste-se” em nós, e começamos a sentir que as nossas ações criam a nossa situação, o nosso lugar e o nosso estado. Quem realiza atos de doação e amor, corrigindo a sua inclinação ao mal, torna-se semelhante ao Criador. Por isso, essa pessoa é chamada de “homem” (Adam), da palavra Domeh (semelhante) ao Criador.
Diz-se que Nadav e Avihu sacrificaram com fogo alheio. O que significa isso?
Fogo estranho é atrair luz que vai diretamente para o desejo de receber, mas com o intuito de receber. Nadav e Avihu não sabiam que isso era impossível. Não conseguiam calcular. Tinham a intenção de agir com o objetivo de doação; queriam santificar ainda mais, fazer correções maiores do que era possível. Por isso falharam. Supostamente pecaram, mas não é realmente um pecado, pois não tinham conhecimento prévio disso.
Um pecado é quando sabemos que algo é um pecado e, ainda assim o fazemos. Não temos esses pecados no caminho espiritual. Todos os nossos pecados no caminho espiritual ocorrem quando não sabemos, e as situações surgem subitamente como egoístas. Da próxima vez, evitamo-las. Não é como o pecado de Adam HaRishon, de quem está escrito: “Comi e voltarei a comer” (Midrash Rabah, Bereshit, Porção 19). Esse foi um pecado real.
Do Zohar: No Oitavo Dia
“Naquele dia foi a alegria da Assembleia de Israel, Malchut, conectando-se em uniões de fé com todos as uniões sagradas em todas as Sefirot de ZA. Isto porque o incenso conecta tudo como um só, razão pela qual é chamado ‘incenso’. Nadav e Avihu vieram e uniram tudo isso à Sitra Achra e deixaram Malchut de fora porque não a conectaram às Sefirot de ZA. Uniram outra coisa no lugar de Malchut, razão pela qual depois Ele adverte os sacerdotes, conforme está escrito: ‘Com isto Aarão virá ao lugar sagrado,’ quando ele unir esta Malchut, chamada ‘isto.’” (Zohar para Todos, Shmini [No Oitavo Dia], item 37)
Ao receberem a luz, Nadav e Avihu quiseram misturar todos os desejos, corrigi-los e realizar um ato de doação com eles, mas sem antes fazer o trabalho de escrutínio. Contudo, é impossível aproximar-se de uma vez só; tem de ser feito gradualmente. Apenas através deste trabalho, que cada um de nós experiencia, conseguimos entender como continuar na ordem das correções.