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Michael Laitman

Livros
Alcançar os Mundos Superiores Cabala Revelada O Caminho da Cabala Revelando Uma Porção

Levítico, 21:1-24:23
 

Glossário - Emor
Glossário - Emor

Resumindo

 A porção, Emor, começa com regras relativas aos sacerdotes, proibindo-os de casar com uma mulher divorciada, uma viúva ou uma prostituta, permitindo-lhes casar apenas com uma virgem. Também lhes é proibido aproximar-se dos mortos. Apenas aos parentes é permitido corromper-se e aproximar-se dos mortos. O Sumo Sacerdote está proibido de se contaminar, mesmo que os seus próprios parentes tenham morrido. Eles estão proibidos de rapar a cabeça e a barba, e estão proibidos de causar qualquer defeito nos seus corpos. Um Cohen (sacerdote) com um defeito no corpo não será considerado sacerdote, e não poderá servir no Templo. A porção também apresenta leis de pureza e impureza para os sacerdotes, como a proibição de comer ofertas, e as regras para uma filha de um sacerdote estéril ou divorciada.
A porção também menciona várias regras sobre o Shabbat, a Páscoa, o sétimo dia da Pesach [Páscoa Judaica], o Shavuot, a Contagem do Omer e o Yom Kipur (Dia da Expiação). O final da porção fala de uma disputa entre dois homens, um dos quais pronunciou o nome do Criador e amaldiçoou. Ele foi punido com a expulsão do acampamento e execução por apedrejamento.

Perguntas e Respostas

O que há de especial nesta porção que elabora tanto sobre os sacerdotes e as festas?
A correção é apenas uma correção do coração, que contém todos os 613 desejos que precisamos de corrigir, passando de usar o nosso ego na forma de receção, para usá-lo para doação, em favor dos outros e no amor aos outros. Toda a Torá trata da correção do coração. A primeira fase na correção do coração é quando nos livramos do ego. A segunda fase é quando usamos todo o nosso coração em favor dos outros.
A porção descreve todos os níveis de correção. Está escrito, “E sereis para Mim um reino de sacerdotes e uma nação sagrada” (Êxodo, 19:6). Isto significa que todos devem alcançar o nível mais elevado (um Cohen [sacerdote])—seguindo a preparação descrita nas porções Aharei Mot (Após a Morte) e Kedoshim (Sagrados). A Torá promove-nos constantemente até que entremos na terra de Israel e alcancemos Dvekut (adesão) com o Criador.
A porção começa com a elaboração dos termos do nível dos sacerdotes. A pessoa deve corrigir os desejos, como especificado—proibição de casar com uma divorciada, uma viúva ou uma prostituta. Um sacerdote também deve evitar rapar o rosto e a cabeça. Ele deve manter estas proibições até estar corrigido e ver os seus desejos na imagem do homem. É como aprendemos sobre a percepção da realidade: o mundo todo é um reflexo dos nossos desejos, uma projeção externa da nossa interioridade.
Um sacerdote deve ter desejos naturais que foram corrigidos com a intenção de doação. Ele não deve prejudicar o seu corpo, fazer qualquer tipo de pintura nele, ou tocar no seu cabelo. O cabelo é uma correção especial. A palavra Se’arot (cabelo) vem da palavra Se’arah (tempestade). Eles devem ser corrigidos e, por isso, não devem ser removidos.
Um sacerdote é um estado no qual se pode realmente trabalhar com todos os desejos para a doação, com todas as carências, com o “cabelo tempestuoso.” As suas partes femininas, ou seja, os seus desejos de receber, foram corrigidas e já não estão nos níveis de prostituta, divorciada ou viúva. Em vez disso, são virgens. A pessoa chega a um nível em que corrige os seus desejos de volta ao seu estado natural.
O sacerdote deve aproximar-se do trabalho de Deus através do trabalho dos sacrifícios. Ele deve aproximar os seus desejos cada vez mais do objetivo de doação, de amar. Todos devem alcançar este nível. A pessoa que alcançou este nível é considerada como “servindo no Templo.” No nível dos sacerdotes, colocamos todos os 613 desejos, chamados “o nosso coração”, na casa da Kedusha (santidade) como um Kli (vaso) sagrado que está inteiramente dedicado para o ato de doação.
Nas festas, corrigimo-nos em níveis que parecem ser estágios aparentemente externos. O sistema muda e dá-nos uma oportunidade de corrigir os nossos desejos de forma mais profunda em condições externas nas festas mencionadas na Torá: Pesach [Páscoa Judaica], Shavuot e Yom Kipur. A Torá fala-nos sobre todas as festas, exceto sobre Chanuca e Purim.
Chanuca significa Hanu Koh (estacionaram aqui). Alcançamos a correção de doar em forma de doação quando nos elevamos acima dos nossos egos e alcançamos o nível de Bina, da frase “Aquilo que odeia, não faça ao seu amigo.”[ Masechet Shabbat, 31a.] Desta forma, desligamo-nos do desejo egoísta de receber e elevamos acima dele.
Purim é quando a pessoa realmente alcança o fim da correção. Em Yom Kipur (Kipur significa Ke Purim [como Purim]) descobrimos o mal em nós e arrependemo-nos dele. Ao mesmo tempo, estamos felizes porque agora sabemos o que corrigir. Yom Kipur não é apenas um dia para chorar. Pelo contrário, é um dia de grande alegria porque estamos felizes por ter-se aberto para nós um caminho que nos leva até Purim, e corrigimos todos os desejos para doação, para amar. Em Purim matamos o Haman em nós, todo o mal em nós, e alcançamos o fim da correção—completa equivalência com o Criador.
A porção, Emor, contém todas as preparações, todas as porções anteriores. Trata de ascender ao nível mais elevado. A porção também trata do Shabat, do ano sabático, do sétimo dia da Pesach [Páscoa Judaica], do sétimo dia da semana e do sétimo ano. É um nível que alcançamos sempre ao longo do caminho porque Zeir Anpin contém seis dias de trabalho; é o Partzuf superior do qual recebemos as luzes.
Todas as luzes, que correspondem a Hesed, Gevura, Tiferet, Netzah, Hod e Yesod, entram nos nossos corações (Malchut) durante os seis dias. Depois vem o sétimo dia, em que não fazemos nada. Estas qualidades concluem o trabalho, por isso não são necessários mais esforços da nossa parte, excepto manter a situação para que as luzes a tratem e a santifiquem. É por isso que o sétimo dia é considerado um “dia de santidade”, pois nele elevamos todos os desejos à intenção de doação.
Também se fala do sétimo dia da Pesach [Páscoa Judaica], do sétimo dia de Shavuot, como está escrito, “Serão sete semanas completas” (Levítico, 23:15), que são quarenta e nove dias da Pesach [Páscoa Judaica] até Shavuot, e o sétimo ano, Shmita (omissão). Tal é o ciclo dos sete.

O sétimo dia da Pesach [Páscoa Judaica], a Contagem do Omer, Shavuot, tudo parece um processo. O que é a Pesach [Páscoa Judaica] e qual é o processo entre a Pesach [Páscoa Judaica] e Shavuot?
A Pesach [Páscoa Judaica] é a nossa fuga do ego, do Egito. Embora comecemos a desligar-nos dele, ele continua a acompanhar-nos em níveis futuros, em problemas que nos afligem, como o bezerro de ouro, as águas de discórdia e os espiões. Estes são todos resultados do Egito.
O deserto é um estado onde a pessoa se desliga e purifica do ego até ao nível de Bina, a entrada na terra de Israel. Esse estado é chamado de “quarenta anos no deserto” porque é a correção que recebemos ao sairmos do ego. Não é simples; as correções são o reconhecimento da nossa natureza, a revelação dos nossos desejos partidos e a compreensão de como corrigi-los.
A primeira correção é quando saímos do ego e nos elevamos acima dele. Isso é chamado de “saída do Egito” e de a “abertura do Mar Vermelho.” Mudamos instantaneamente do desejo de receber para receber, ou seja, do Egito, e passamos para o deserto. É por isso que ainda não sabemos o que fazer, o que nos vai acontecer, e como tudo se vai desenrolar. Não podemos saber como trabalhar com a nossa natureza sem ser para o nosso próprio benefício. Por isso passamos por um período de confusão até chegarmos à abertura do Mar Vermelho e estarmos no Sopé do Monte Sinai.
Aqui a correção é no mesmo desejo de receber da qual nos desligamos, e sobre a qual transcendemos. Rumo ao Shavuot, começamos a corrigir esse desejo para a forma de doação, em direção à recepção da Torá. Sete Shabatot são sete vezes sete, ou seja, quarenta e nove dias de correções. A nossa correção é feita pelas seis Sephirot da força superior, Zeir Anpin, que é chamado O Bendito Se Ele. Este é o sistema superior que nos corrige, contendo seis qualidades—Hesed, Gevura, Tifferet, Netzah, Hod e Yesod—que entram em Malchut, o nosso desejo de receber, e corrigem o desejo de receber. Quando estas qualidades corrigem o desejo de receber, fizemos a nossa correção através de contar. Ou seja, quando aparentemente contamos dinheiro, pagamos ao realizar correções todos os dias.
Durante cada dia e noite, abençoamos pela Sephira (singular de Sephirot) que é resultado do dia que passou, da noite para o dia, como está escrito, “E houve tarde, e houve manhã” (Génesis, 1:5). No dia anterior, corrigimos também no entardecer, na revelação do mal, assim como durante o dia, na revelação do bem. Atraímos luzes que corrigiram os desejos de receber, e assim concluímos o dia. É por isso que damos graças por termos corrigido a Sephira. Contamos as Sephirot, e é por isso que é chamada a “Contagem do Omer.” Assim, todos os nossos desejos são corrigidos.
Após trinta e três dias, há um dia especial, LAG baOmer. LAG significa trinta e três, nas Sefirot Hesed, Gevura, Tifferet, Netzah, Hod, Yesod e Malchut. Multiplicamos as sete Sefirot por sete e obtemos quarenta e nove. Começamos a procurar pelo meio. Se tivermos recebido todas as luzes antes de alcançarmos o meio, garantimos o sucesso no final. É semelhante a uma pessoa a quem não lhe é dado tudo, mas se algumas das forças foram dadas, se algumas das forças foram corrigidas, essa pessoa pode ajudar-se a si própria e começar a entender e avançar independentemente em direção ao fim, a correção de Shavuot. Este é o estado de uma pessoa no 33º dia da contagem.
Contamos Hesed, Gevura, Tiferet e Netzah, que são Sefirot completas, as luzes que devem alcançar-nos. Na Sefira Hod contamos cinco Sefirot — Hesed, Gevura, Tifferet, Netzah e Hod. Em Hod de Hod, se tivermos recebido as luzes do Alto até ao ponto de incisão, garantimos que continuaremos com sucesso. Trinta e três simboliza a recepção de todas as luzes de correção; é por isso que estamos felizes e celebramos o Festival da Luz acendendo fogos.

A trigésima terceira Sefirot, Hod de Hod, simboliza a conclusão de parte do processo?
Sim. A partir daí, não há dúvida de que a pessoa vai alcançar o Shavuot. É por isso que a proibição de casar (que começa após a noite de Páscoa) é levantada nesse dia. O casamento significa a conexão com Malchut. Outras proibições são levantadas nesse dia, como a proibição de cortar o cabelo. Estas correções manifestam-se também externamente, mas a maioria das correções é interna, correções que realizamos em nós mesmos pela luz que brilha sobre nós, e através do dar, obtemos o amor dos outros.

Por que razão, uma vez que a pessoa já tenha alcançado o nível de "sacerdote", ainda está sujeita a muitas leis e proibições?
Está escrito, “Sereis sagrados, porque Eu sou sagrado” (Levítico, 11:44). Quando em Kedusha (santidade), deleitamos-nos com essas ações. Elas não são indesejáveis, mas sim desejáveis. Assim, se tentarmos tirar metade do trabalho de uma mãe com o seu bebé, ela não nos deixará. Ela delicia-se com o que faz por ele. O bebé tornou-se uma fonte de prazer para ela. Agora, este trabalho parece-nos difícil, mas quando se torna um acto de doação, e em correspondência a isso recebemos a luz que brilha para nós e nos preenche, sentimos a eternidade e a perfeição na natureza, e elevamo-nos acima de todas as limitações deste mundo. Então, só há bondade para nós.

Por que razão o casamento é uma questão tão séria para um sacerdote? O casamento é a conexão?
O desejo de receber nele (Malchut) deve ser limpo de qualquer defeito. Anteriormente, ele estava aparentemente casado com uma prostituta, uma viúva ou uma divorciada. Ou seja, os seus desejos eram defeituosos. Agora, ele elevou-se a um nível onde o seu desejo de receber é como uma virgem, como o desejo que o Criador criou. O Criador deu-nos um desejo de receber, mas só o descobrimos no último, quarto estágio. Yod–Hey–Vav–Hey, assim passamos por todos os desejos até chegarmos à virgem, ou seja, como o Criador o deu. Dessa forma, podemos trabalhar com todo o desejo.

Por que é proibido dizer o nome do Criador?
"Dizer" é revelar. Há uma revelação interior, que é doar para fazer doação, e há uma revelação externa, que é receber para fazer doação. Existem limitações a isso, mas não se refere a dizer as palavras ADNI, HaVaYaH, e assim por diante. Uma pessoa faz um Zivug de Hakaa sobre a luz superior que deve chegar aos Kelim [Vasos]. Ao revelar, ela divulga a partir dos lábios para fora, para os externos. “Externos” são desejos que não foram corrigidos. É proibido divulgar o nome do Criador, a luz superior, para os desejos externos, que estão fora de Kedusha e não foram corrigidos, pois isso aparentemente causaria um “curto-circuito” a luz com um Kli [Vaso] que não foi corrigido com um Masach [Tela] e Ohr Hozer [Luz refletida]. É por isso que é chamado de "revelação do mal", e não de "revelação do bem".

Do Zohar: Os Filhos de Aarão
Aarão é o início de todos os sacerdotes do mundo, porque o Criador o escolheu entre todos para fazer a paz no mundo, e porque os caminhos de Aarão subiram com ele até lá. É assim porque todos os dias de Aarão, ele tentou aumentar a paz no mundo. E porque os seus caminhos eram assim, o Criador elevou-o ao sacerdócio, para que ele instilasse paz na casa do Alto, pois pelo seu trabalho, ele causa o Zivug do Criador com a Sua Divindade, e a paz é feita em todos os mundos. Zohar para Todos, Emor (Fala), item 2

O papel de um sacerdote é aumentar a paz no mundo.


Uma pesquisa em genética revelou que o sacerdócio é hereditário. Os investigadores fizeram uma amostragem de judeus com apelidos que indicam relação com o sacerdócio (Kahana, Katz, Cohen, etc.) de todas as fações do povo judeu, e descobriram o mesmo gene entre todos eles. Como é que ser Cohen se relaciona com o mundo corpóreo se todos deveríamos ser sacerdotes?
Não podemos saber quais mudanças genéticas vão acontecer quando todos nós estivermos corrigidos. Talvez nos elevemos acima de tudo o que é físico. Devemos entender que existe o primeiro HaVaYaH no mundo de Ein Sof (infinito), depois uma replicação do HaVaYaH nas quatro Behinot (discernimentos) de Ohr Yashar (Luz Direta) em cada nível, chamados “dez Sefirot.” Cada nível inferior consiste numa substância mais materializada do que o nível superior, mas a combinação, HaVaYaH, permanece. É por isso que está escrito, “Eu, HaVaYaH [o Senhor], não mudo” (Malaquias, 3:6).
O primeiro HaVaYaH é a luz que se expande em quatro Behinot e chega a Malchut. Essa estrutura permanece. De acordo com este padrão, à medida que a luz desce de nível em nível, do mundo de Ein Sof até ao nosso mundo, ela dá-nos Partzufim (plural de Partzuf), mundos e Sefirot, e tudo o que aprendemos no sistema superior. É assim em todos os mundos. A Neshama (alma), chamada Adam HaRishon (o Primeiro Homem), também foi criada pela mesma estrutura, seguindo a mesma constituição interna. Esse padrão existe em tudo.
Aprendemos que Abraão queria corrigir toda a Babilónia, e em cada um de nós existe uma raiz pela qual podemos alcançar o sumo sacerdote. Todos devem alcançar isso, como está escrito, “Todos Me Vão conhecer, desde o menor até o maior deles” (Jeremias, 31:33), e “Minha casa será chamada ‘casa de oração’ para todos os povos” (Isaías, 56:7). Existem desejos e almas que são mais fáceis, e outras que são mais difíceis, dependendo do nível do defeito. As mais fáceis são os filhos de Israel. Eles devem ser os primeiros a corrigir, por isso há centelhas de luz mais fortes neles, que são claras e ardentes, e aparecem como Cohen, Levita e Israel.
Há pessoas que olham para uma pessoa e sabem se ela é Cohen (descendente de um sacerdote). É mais difícil identificar um Levita ou Israel. Não é surpreendente que possamos encontrar estas coisas na biologia e na medicina, porque tudo no nosso mundo vem do mundo de Ein Sof e é replicado no nosso mundo físico, nos nossos genes. É por isso que também deve acontecer neste mundo. Talvez ainda não tenhamos descoberto todos os fenómenos, mas é claro que todos os fenómenos no mundo são o mesmo que os fenómenos que existem acima, exceto aqui eles existem em matéria, não em potencial.