Lição 3: Só com a ajuda do Criador é possível alcançar Lishma
1. RABASH, Artigo nº 29 (1986), “Lishma e Lo Lishma"
Agora que a pessoa vê que está longe da espiritualidade, começa a pensar: “O que é que realmente se espera de mim? O que devo fazer? Qual o propósito que tenho de alcançar?” A pessoa vê que não tem poder para trabalhar e dá por si num estado “entre o céu e a terra”. Assim, a única possibilidade de se fortalecer reside no facto de que só o Criador a pode ajudar; por si só, está condenada ao fracasso.
Foi dito a este respeito (Isaías 40:31): “Mas os que esperam pelo Senhor vão ganhar novas forças”, referindo-se àqueles que depositam a sua esperança no Criador. Isto significa que as pessoas que percebem que não há mais ninguém no mundo que possa ajudá-los, ganham novas forças, de cada vez.
2. RABASH, Artigo nº 12 (1988), “O que São a Torá e o Trabalho no Caminho do Criador?"
Sentir a vitalidade na Torá exige uma grande preparação, para preparar o corpo para que seja capaz de perceber a vida contida na Torá. É por isso que os nossos sábios afirmaram que devemos começar em Lo Lishma e, através da luz da Torá que se obtém enquanto a pessoa ainda se encontra em Lo Lishma, será elevada para Lishma, pois a luz da Torá reforma. Depois, será capaz de aprender Lishma, ou seja, pelo benefício da Torá, que é denominada “Torá [lei] da vida”, já que se alcançou a vida na Torá, pois a sua luz terá conferido à pessoa a capacidade de sentir a vida que existe na Torá.
3. RABASH, Artigo nº 19 (1985), “Venha a Faraó – 1"
Devemos estar atentos [...] e acreditar mesmo durante os piores estados possíveis, e não escapar da campanha, mas, ao invés, confiar sempre que o Criador pode ajudar a pessoa e conceder-lhe ajuda, quer seja necessário um pouco ou muita.
Na realidade, a pessoa que compreende que precisa do Criador para lhe dar uma grande ajuda, porque é pior do que as restantes pessoas, está mais apta para que a sua oração seja atendida, como está escrito: “O Senhor está perto dos que têm o coração quebrantado, e salva os contritos de espírito.”
4. RABASH, Artigo nº 42 (1991), “Que Significa no Trabalho ‘Um Boi Reconhece o Seu Dono, etc., e Israel Não Reconhece’?"
A pessoa acredita que o Criador faz tudo, e não há dúvida de que o Criador faz tudo pelo benefício da pessoa, então, relativamente às descidas que recebe, a pessoa diz que estes estados são enviados pelo Criador para o seu benefício.
Isto dá à pessoa forças para não fugir à campanha, mesmo quando não sente que o Criador a protege, ou seja, sente que o Criador a está a ajudar. Na verdade, não só não avança no trabalho, como até regrediu. Contudo, se acreditar que o Criador a ajuda ao enviar-lhe estas descidas, então já não vai fugir da campanha.
Pelo contrário, vai dizer que o Criador a ajuda, mas não da forma como a pessoa compreende, ou seja, através de ascensões, mas sim através de descidas. É por isso que esta fé lhe confere maior vigor, de modo a que não fuja à campanha. Ao invés, espera pela ajuda do Criador e ora para que tenha forças para continuar o trabalho até que o Criador lhe abra os olhos e seja agraciado com a Dvekut com o Criador.
5. RABASH, Artigo nº 19 (1985), “Venha a Faraó – 1"
Para evitar perder o que lhe é concedido, é necessário que a pessoa faça grandes esforços, pois aquilo que chega a uma pessoa através do esforço faz com que este se esforce para o conservar e não o perca. Contudo, durante o esforço, quando a pessoa constata que o trabalho ainda está longe de terminar, por vezes foge à campanha e cai em desespero. Nessa altura necessita de um grande fortalecimento, para acreditar que o Criador a vai ajudar, e o facto de a ajuda ainda não ter chegado deve-se ao facto de não se ter empenhado na quantidade e qualidade de trabalho necessárias para preparar a carência, de modo a receber o preenchimento, como se afirma (em “Introdução ao Estudo das Dez Sefirot”, item 18): “E se a pessoa pratica a Torá e não consegue remover a inclinação ao mal de si própria, é porque foi negligente no esforço e trabalho necessários na prática da Torá, como está escrito ‘Não trabalhei, mas achei; não acredite’, ou, quiçá, tenha empregado o esforço necessário, mas tenha sido negligente na qualidade.”
6. RABASH, Artigo nº 924, “E Deus Falou a Moisés"
É impossível receber algo acima da natureza antes de a pessoa decidir que isto não pode acontecer dentro da natureza. Só depois de a pessoa entrar em desespero com a natureza, pode pedir ajuda do Alto, para que lhe seja dada ajuda acima da natureza.
7. RABASH, Artigo nº 10 (1986), “Acerca da Oração"
Antes de a pessoa perceber que não pode obter os vasos de doação por si própria, a pessoa não pede ao Criador que lhos conceda. Conclui-se que não possui um desejo genuíno para que o Criador responda à sua oração.
Por essa razão, é necessário trabalhar para obter os vasos de doação por conta própria e, após todo o trabalho que investiu sem os ter alcançado, inicia-se a verdadeira oração, que vem do fundo do coração. Nesse momento pode receber ajuda do Alto, como afirmaram os nossos sábios: “Aquele que vem para se purificar, é auxiliado.”
Mas, considerando que esta oração vai contra a natureza, uma vez que a pessoa foi criada com um desejo de receber, que é o amor-próprio, como pode ela orar ao Criador para que lhe conceda a força de doação, enquanto todos os seus órgãos se opõem a esse desejo? É por isso que este trabalho é chamado “oração”, o que significa que a pessoa deve investir um enorme esforço para ser capaz de orar ao Criador para que lhe conceda a força de doação e anule a sua tendência natural de receber.
8. Baal HaSulam, Shamati, Artigo nº 5, “Lishma é um Despertar do Alto, e Por Que Necessitamos de um Despertar de Baixo?
Devemos acreditar que o Criador aceita o trabalho dos inferiores, independentemente de como e em que medida se apresenta a forma do seu trabalho. Em tudo, o Criador examina a intenção, e é isso que Lhe traz contentamento. Então, a pessoa é recompensada com o “deleite no Senhor.”
Mesmo durante o trabalho para o Criador, sentirá deleite e prazer, pois agora trabalha realmente para o Criador. O esforço que realizou durante o trabalho forçado qualifica a pessoa para ser capaz de verdadeiramente trabalhar para o Criador. Descobre-se que, mesmo nesse momento, o prazer que recebe está ligado ao Criador, ou seja, é especificamente para o Criador.