15. Ordenanças
Está escrito na Midrash Rabbah: “Outra explicação: ‘Estas são as ordenanças.’ Os idólatras têm juízes e Israel tem juízes, e não sabemos qual é a diferença entre eles.”
Há uma alegoria sobre um paciente que um médico veio visitar. Ele disse à sua família: “Dai-lhe de comer tudo o que ele quiser.” Foi a outro paciente e disse-lhes: “Assegurem-se de que ele não coma este ou aquele alimento.” Disseram-lhe: “Ao primeiro disseste que pode comer tudo o que quiser, mas ao outro disseste que não deve comer este ou aquele alimento.” Ele respondeu: “O primeiro não vai viver; por isso disse que pode comer o que quiser. Mas quanto ao que vai viver, disse: ‘Tenham cuidado com ele.’”
Da mesma forma, os idólatras têm juízes e não se dedicam à Torá nem a cumprem, como foi dito: “E também lhes dei leis que não são boas e ordenanças pelas quais não vão viver” (Ezequiel 20). Mas o que está escrito sobre as Mitzvot [mandamentos]? “Aquele que as cumprir viverá por elas” (Levítico 18).
Devemos entender: 1) O versículo que a Midrash cita de Ezequiel, que o significado do versículo sobre os juízes dos idólatras, esse versículo refere-se ao povo de Israel! 2) A alegoria sobre o médico que disse “Dai-lhe de comer tudo o que quiser,” o significa que ele não tem limitações, mas o versículo, “leis que não são boas e ordenanças pelas quais não vão viver”, implica que há regras e limitações, que contradizem a alegoria.
Devemos interpretar que a intenção da Midrash, quando diz que os idólatras têm juízes, não se refere às nações do mundo. Pelo contrário, refere-se a Israel. Quando os chama “juízes dos idólatras,” significa que todas as Mitzvot que praticam e que o intelecto os obriga a cumprir, e que não seguem o caminho da fé, para alcançar Lishma [pelo Seu Benefício], esse intelecto é chamado “um juiz dos idólatras.”
Uma vez que tudo o que o juiz determina está no caminho de Lo Lishma [não pelo Seu Benefício], ou seja, o seu objetivo não é alcançar Dvekut [adesão] na vida, conclui-se que não está destinado à vida.
A este disse: “Dai-lhe de comer,” ou seja, os seus alimentos de vida são tudo o que ele pede, e não tem condições especiais porque não vai sobreviver. Assim, o que ele faz tem pouca importância.
Não é assim com os juízes de Israel, quando o poder de julgar é por causa de Israel, ou seja, por causa da fé para alcançar Dvekut [Adesão]. Nesse momento, ele tem condições especiais, pois não lhe é permitido receber vitalidade de tudo. Pelo contrário, com cada coisa, deve ter cuidado para não comer este ou aquele alimento. Ou seja, não deve receber vitalidade mesmo de Mitzvot e boas ações, a menos que isso o leve a Dvekut [Adesão].
Este é o significado da proibição de não comer certas coisas, ou seja, não extrair vitalidade de algo específico: o desejo de receber.
Isso resolve as duas questões: 1) A intenção é Israel e não as nações do mundo. 2) Mesmo num estado de Lo Lishma, há Mitzvot e regras, mas não são boas, como disseram nossos sábios: “Se não for recompensado, torna-se para ele uma poção da morte” (Yoma 72b). No entanto, devemos esforçar-nos para que o juiz seja de Israel, e então vamos aderir à Vida das Vidas.