<- Biblioteca de Cabala
Continuar a Ler ->
Biblioteca de Cabala

Rabash

Artigos
1984 - 01 | O Propósito da Sociedade - 1 1984 - 01 (Parte 2) | O Propósito da Sociedade - 2 1984 - 02 | Relativamente ao Amor aos Amigos 1984 - 03 | Amor aos Amigos - 1 1984 - 04 | Cada um deve ajudar o seu Amigo 1984 - 05 | O que nos dá a regra: “Ama o teu próximo como a ti mesmo” 1984 - 06 | Amor aos Amigos - 2 1984 - 07 | Considerando o que está escrito relativamente a “Ama o teu próximo como a ti mesmo” 1984 - 08 | Qual é a Observância da Torá e das Mitzvot que Purifica o Coração? 1984 - 09 | A Pessoa Deve Sempre Vender as Vigas da Sua Casa 1984 - 10 | Qual é o nível que uma pessoa precisa de alcançar para não ter que reencarnar 1984 - 11 | Mérito Ancestral 1984 - 12 | A Questão da Importância da Sociedade 1984 - 13 | Às vezes a Espiritualidade é chamada de “Alma” [Neshama] 1984 - 14 | A Pessoa Deve Vender Tudo o Que Possui e Casar Com a Filha de Um Discípulo Sábio 1984 - 15 | Pode Alguma Coisa Negativa Descer do Alto 1984 - 16 | A Questão da Doação 1984 - 17 | Relativamente à Importância dos Amigos 1984 - 17 (Parte 2) | O Programa da Assembleia de Amigos 1984 - 18 | E Vai Acontecer Quando Vier Para a Terra Que o Senhor Seu Deus Lhe Dá 1984 - 19 | Vocês que Permanecem Aqui, Juntos 1984 - 01 | Faça para Si um Rav e Compre para Si um Amigo - 1 1985 - 02 | O Significado de Raiz e Ramo 1985 - 03 | O Significado de Verdade e Fé 1985 - 04 | Estas São As Gerações de Noé 1985 - 05 | Parte da Tua Terra 1985 - 06 | E o Senhor Apareceu-lhe nos Carvalhos de Mamre 1985 - 07 | A Vida de Sara 1985 - 08 | Faça para si um Rav e Compre para si um Amigo - 2 1985 - 09 | E as Crianças Debatiam-se Dentro Dela 1985 - 10 | E Jacó Saiu 1985 - 11 | Relativamente ao Debate Entre Jacó e Labão 1985 - 12 | Jacó Habitava na Terra Onde o Seu Pai Viveu 1985 - 13 | Rocha Poderosa da Minha Salvação 1985 - 14 | Eu Sou o Primeiro e Eu Sou o Último 1985 - 15 | E Ezequias Voltou o Rosto Para a Parede 1985 - 16 | Quanto Mais os Oprimiram 1985 - 17 | Sabe Hoje e Responde ao Teu Coração 1985 - 18 | Relativamente aos Caluniadores 1985 - 19 | Venha Até Ao Faraó - 1 1985 - 21 | Devemos Sempre Distinguir Entre a Torá e o Trabalho 1985 - 24 | Três Tempos no Trabalho 1985 - 25 | Em Todas as Coisas, Devemos Distinguir Entre a Luz e o Kli [vaso] 1985 - 29 | O Senhor está Próximo de Todos os que Chamam Por Ele 1985 - 30 | Três Orações 1985 - 31 | Ninguém Se Considera a Si Próprio Como Ímpio 1985 - 36 | E Houve o Entardecer e Houve a Manhã 1985 - 37 | Quem Vai Testemunhar Pela Pessoa? 1985 - 39 | Escuta a Nossa Voz 1986 - 02 | Inclina o Ouvido, Ó Céu 1986 - 06 | Confiança 1986 - 07 | A Importância da Oração de Muitos 1986 - 10 | Relativo à Oração 1986 - 11 | A Oração Verdadeira é Acerca de Uma Carência Verdadeira 1986 - 12 | Qual é a Principal Carência pela Qual Devemos Orar? 1986 - 13 | Venha até ao Faraó - 2 1986 - 15 | A Oração de Muitos 1986 - 17 | O Programa da Assembleia de Amigos - 2 1986 - 18 | Quem Causa a Oração 1986 - 19 | Relativamente à Alegria 1986 - 21 | Relativamente a ‘Acima da Razão’ 1986 - 22 | Se Uma Mulher Conceber 1986 - 24 | A Diferença entre Caridade e Presentes 1986 - 32 | A Razão Para Endireitar as Pernas e Cobrir a Cabeça Durante a Oração 1986 - 36 | O Que é a Preparação para as Selichot [Perdão] 1987 - 04 | É Proibido Ouvir uma Coisa Boa de uma Pessoa Má 1987 - 09 | A Grandeza de Uma Pessoa Depende da Medida da Sua Fé no Futuro 1987 - 10 | Qual é a Substância da Calúnia e Contra Quem é? 1987 - 12 | O Que Significa o Meio Shekel no Trabalho- 1 O Significado da Proibição Estrita de Ensinar a Torá aos Idólatras O Que Significa no Trabalho a Gravidade da Cabeça? 1987 - 28 | O Que Significa no Trabalho: "Não Acrescentar Nem Diminuir" O que Significa “De Acordo com a Dor, Assim é a Recompensa”? 1988 - 03 | O Que Significa que o Nome do Criador é “Verdade” 1988 - 04 | Qual é o Significado da Oração por Ajuda e Perdão no Trabalho? 1988 - 05 | O que Significa no Trabalho “Quando Israel Está no Exílio, a Shechina Está com Eles”? 1988 - 06 | Qual a Diferença no Trabalho Entre um Campo e um Homem do Campo? 1988 - 08 | Qual é o Significado de que Aquele Que Ora Deve Explicar as Suas Palavras Corretamente? 1988 - 10 | Quais São os Quatro Atributos, no Trabalho, Para Aqueles que Vão ao Seminário? 1988 - 13 | O Que Significa no Trabalho que “O Pastor do Povo é Todo o Povo”? 1988 - 14 | A Necessidade de Amor aos Amigos 1988 - 15 | O que Significa no Trabalho que “Não Há Benção Num Lugar Vazio”? 1988 - 16| Qual é a Fundação na Qual a Kedusha é Construída? 1988 - 21 | O que Significa, no Trabalho, que a Torá foi Dada a Partir da Escuridão? 1988 - 23 | O Que Significa no Trabalho Que Começamos em Lo Lishma? 1988 - 30 | O Que Procurar na Assembleia de Amigos 1988 - 32 | Quais São as Duas Ações Durante a Descida? 1989 - 03 | Qual é a Diferença entre o Portão das Lágrimas e os Restantes Portões 1989 - 04 | O que é um Dilúvio de Água no Trabalho? 1989 - 05 | O que Significa que a Criação do Mundo foi por Generosidade? 1989 - 06 | O Que é o ‘Acima da Razão’ no Trabalho 1989 - 12 | O que é a Refeição do Noivo? 1989 - 19 | O que é no Trabalho “Não Há Bênção no que é Contado”? O que Significa no Trabalho que um “Homem Embriagado Não Deve Orar”? 1989 - 22 | Quais São as Quatro Perguntas que Fazemos Especificamente na Noite de Pesach? 1989 - 23 | O que é Significa no Trabalho: Se Engoliu a Maror [Erva Amarga], Não Cumpriu? 1989 - 40 | O que Significa no Trabalho que “Cada Dia Eles Serão Como Novos aos Teus Olhos” 1990 - 05 | O Que Significa no Trabalho Que a Terra Não Deu Fruto Antes do Homem Ser Criado O Que Significa no Trabalho, Colocar a Vela de Chanukah à Esquerda Por que razão a Torá é chamada de ‘Linha do Meio’ no Trabalho? - 2 O Que Significa no Trabalho Que a Bênção Não Se Encontra em Algo Que Está Contado? O que Significa no Trabalho que a “Taça de Benção Deve Estar Cheia”? O que Significa no Trabalho “Regressa Ó Israel ao Senhor Teu Deus”? O Que Significa no Trabalho: “As Boas Ações dos Justos São as Gerações”? O Que Significa no Trabalho que “O Rei Permanece no Seu Campo Quando a Colheita está Pronta”? Estas Velas São Sagradas O Que Significa "Entregaste os Fortes Nas Mãos dos Fracos" no Trabalho Espiritual? 1991 - 25 | O que Significa que Aquele que Se Arrepende Deve Fazê-lo em Alegria? 1991 - 27 | O que Significa no Trabalho: “Se a Mulher Conceber Primeiro, Dará à Luz um Filho”? O que significa no trabalho: 'Coma dos seus frutos neste mundo, e o principal permanece para o Mundo Vindouro'? O Que Significa no Trabalho “Torá” e “O Estatuto da Torá”

Michael Laitman

Biblioteca de Cabala "Principal" / Rabash / Artigos / 1991 - 27 | O que Significa no Trabalho: “Se a Mulher Conceber Primeiro, Dará à Luz um Filho”?

O que Significa no Trabalho: “Se a Mulher Conceber Primeiro, Dará à Luz um Filho”?


Artigo Nº 27, 1991
Os nossos sábios disseram (Berachot 60): “Se a mulher conceber primeiro, dará à luz um filho. Se o homem conceber primeiro, dará à luz uma filha, como foi dito, ‘Se a mulher conceber, dará à luz um filho.’”
Devemos compreender o que isto implica para nós no trabalho, para sabermos como agir.
É sabido que o trabalho que nos é dado, de cumprir a Torá e as Mitzvot [mandamentos/boas ações], tem como propósito purificar Israel, como está escrito no artigo “Prefácio à Sabedoria da Cabala”: “É sabido que ‘purificação’ deriva da palavra hebraica ‘purificar’. Como disseram os nossos sábios, ‘As Mitzvot foram dadas apenas para a purificação de Israel.’”
Uma vez que as criaturas foram criadas com a natureza de um desejo de receber para si próprias, e dado que o propósito da criação é fazer o bem às Suas criações, por essa razão, Ele criou nas criaturas um desejo de receber deleite e prazer. Como este desejo está em disparidade de forma com o Criador, que é o Doador, foi-nos dado um trabalho no qual devemos igualar-nos em forma com o Criador, corrigindo-nos de modo que tudo o que fizermos seja para doar.
Vemos que há ações que realizamos que são de doação e outras que são de receção. Por exemplo, cumprimos Mitzvot entre o homem e o Criador, e Mitzvot entre o homem e o seu próximo, que são habitualmente chamadas “atos de doação”. Também realizamos atos de receção, como comer e beber, e foi-nos dado o trabalho da equivalência de forma, ou seja, tanto os atos de doação como os de receção devem ser realizados com a intenção de doar.
É sabido que existe uma relação inversa entre Kelim [vasos] e luzes. Há luzes chamadas “masculino” e luzes chamadas “feminino”. “Masculino” significa plenitude, e “feminino” significa carência, quando o nível não está em plenitude com a luz que recebeu.
Existem dois tipos de luz: 1) a luz do propósito da criação, chamada “luz completa”; 2) a luz da correção da criação, que é apenas um revestimento para a luz do propósito da criação. Esta é considerada feminino, ou seja, incompleta, sendo apenas um meio para alcançar a completude.
A primeira luz é chamada “luz de Hochma [sabedoria]” ou “luz da vida”, e a segunda luz é chamada “luz de Hassadim [misericórdia]”, habitualmente referida como VAK [Vav-Kzavot (seis extremidades)]. Isto significa que ainda lhe faltam as três primeiras Sefirot.
Portanto, se a pessoa utiliza os Kelim femininos, ou seja, vasos de receção, ou seja, se desperta para usar os vasos de receção com a intenção de doar, então “dará à luz um filho”. Ou seja, deste trabalho nasce a luz de Hochma, uma luz completa, a luz da vida, chamada “masculino”, pois esta luz pertence ao propósito da criação, uma vez que o Criador criou os vasos de receção, chamados “desejo de receber”, para a luz do propósito da criação.
Está escrito: “Se a mulher conceber primeiro, dará à luz um filho.” Mas se a pessoa trabalha com os vasos de doação, ou seja, apenas com atos de doação, pode trabalhar com a intenção de doar, pois os vasos de doação são chamados “masculino”. Nesse caso, apenas a luz feminina nasce disso, pois a luz de Hassadim, que se revela sobre os vasos de doação, só pode gerar a luz de Hassadim, chamada “VAK sem GAR [as três primeiras]”, indicando a ausência de GAR. A luz de Hassadim é chamada “luz de revestimento”, o que significa que, dentro da luz de Hassadim, se revestirá a luz de Hochma mais tarde. Este é o significado das palavras “Se o homem conceber primeiro, dará à luz uma filha.”
O Zohar diz (Tazria, Item 60): “Vem e vê, quando o Criador está com a assembleia de Israel, que é Malchut, e ela desperta primeiro o desejo por Ele, e O atrai para si com muito amor e anseio, Malchut é preenchida com os Hassadim do masculino do lado direito. E quando o Criador desperta primeiro o amor e o desejo, e Malchut desperta depois, então tudo é na forma de feminino, que é Malchut.”
Devemos compreender o que isto nos diz no trabalho espiritual. É sabido que as criaturas derivam de Malchut. Por isso, Malchut é chamada “a assembleia de Israel”, e o povo de Israel deriva de Malchut. Portanto, o Zohar diz que, assim como é a ordem no alto, assim se expande aos ramos corpóreos. Assim, devemos interpretar que quando a pessoa desperta para o Criador, quando deseja que o Criador a aproxime d’Ele, ou seja, quando quer aderir a Ele, o que é chamado “equivalência de forma”, significa que a pessoa deseja fazer tudo pelo benefício do Criador, mas não consegue. Por isso, pede ao Criador que lhe dê a força, chamada “desejo de doar”.
Quando alguém anseia por esta força, dado que sente uma carência, ou seja, não tem o poder de fazer tudo pelo benefício do Criador, através deste trabalho desperta para pedir ao Criador que lhe dê esse poder. Nesse momento, é-lhe dado do alto o poder do desejo de doar, que é uma segunda natureza. Isto é chamado “ela dará à luz um filho”, ou seja, um desejo de doar, chamado “masculino”. Considera-se que o superior deu ao inferior a luz de Hassadim, onde Hesed [misericórdia] significa doação.
Ou seja, o trabalho de ansiar, onde o inferior sente a sua carência, é chamado “uma oração”. Ou seja, ele pede ao Criador que preencha a sua carência. Nesse momento, a satisfação da carência é chamada “masculino”. Está escrito: “e ela desperta primeiro o desejo por Ele”, ou seja, o desejo dela, Malchut, chamado “desejo de receber”.
Por conseguinte, o desejo dela por Ele, de aderir a Ele, que é chamado “equivalência de forma”, quando ele pede o desejo de doar, é chamado Dvekut [adesão]. Este é o significado das palavras “Malchut é preenchida com os Hassadim do masculino do lado direito”. Por isto, podemos interpretar “Se a mulher conceber primeiro, dará à luz um filho varão”, ou seja, o despertar veio da pessoa.
Contudo, isto pode ser precisamente onde a pessoa inicialmente não tinha o desejo de se aproximar do Criador, ou seja, recebeu o despertar do alto, pois há a questão do desejo de receber pela espiritualidade, o que significa que podemos sentir prazer em cumprir a Torá e as Mitzvot. Já dissemos em artigos anteriores que há três discernimentos a fazer neste prazer de receber recompensa:
1) Será recompensado neste mundo e será recompensado no mundo vindouro. Ou seja, cumpre a Torá e as Mitzvot porque será recompensado, pago. Portanto, não encontra sabor nas coisas que faz, mas cumpre a Torá e as Mitzvot porque será recompensado mais tarde, pelo que desfruta disso agora.
2) Sente um bom sabor ao cumprir as Mitzvot, pois isso ilumina para ele, ele desfruta de servir o Rei, e esta é a sua recompensa. Ele acredita no que ouviu dos livros e dos autores, que há prazer na Torá e nas Mitzvot, e também recebeu algum despertar do alto e começou a sentir que pode haver um bom sabor em cumprir a Torá e as Mitzvot, mais do que nos prazeres deste mundo.
3) Ele vê o que os nossos sábios disseram sobre Dvekut: “Apega-te a Ele, apega-te aos Seus atributos. Assim como Ele é misericordioso, também tu és misericordioso.” Por esta razão, ele desperta para trabalhar como doador e vê que isso está fora do seu alcance. Nesse momento, começa a ansiar que o Criador lhe dê o poder de fazer tudo com a intenção de doar. Isto é considerado que a pessoa sente que é vista como mulher, feminino, ou seja, imersa no amor-próprio, e nesse momento recebe do alto a qualidade de “masculino”, sendo recompensada com uma segunda natureza chamada “desejo de doar”. Este é o significado das palavras “Se a mulher conceber primeiro, dará à luz um filho.” Ou seja, do alto, é-lhe dado Hesed, que é masculino.
Mas “Se o homem conceber primeiro, dará à luz uma filha.” Está escrito: “E quando o Criador desperta primeiro o amor e o desejo, e Malchut desperta depois, então tudo é na forma de feminino, Malchut.” Da mesma forma, está escrito: “Se a mulher conceber primeiro, qual é a razão? Aprendemos que é porque o mundo inferior é semelhante ao mundo superior, e um é como o outro.”
Devemos interpretar isto no trabalho, que se o homem conceber primeiro, ela dará à luz uma feminino. O Criador é chamado “homem”, e o homem é chamado “feminino”, pois deriva de Malchut. Por esta razão, se o despertar vem do Alto, ou seja, quando o Criador aproxima a pessoa, ela começa a sentir a grandeza e a importância do Criador. Nesse momento, sente que, se estiver conectada ao Criador, sentirá prazer ao estar perto d’Ele. Então, a pessoa começa a dedicar-se à Torá e às Mitzvot porque sente alguma vitalidade nisso. Por conseguinte a razão que a obriga a dedicar-se à Torá e às Mitzvot é o prazer que sente agora pelo despertar do “homem”, ou seja, do Criador.
Este é o significado de “Se o homem conceber primeiro, dará à luz uma filha.” Ou seja, deste trabalho, quando a pessoa trabalha porque recebeu um despertar do Alto, apenas um feminino pode nascer. É sabido que um feminino, na espiritualidade, significa “receber e não doar”. Devemos interpretar aqui, no trabalho, que então a pessoa constrói o seu trabalho com base em receber prazer desse trabalho, e é isso que a leva a trabalhar.
Isto é chamado “feminino”, ou seja, a pessoa trabalha com base no que é chamado “desejo de receber espiritualidade”. No entanto, não tem a força para trabalhar com a intenção de doar, pois toda a sua base é construída sobre o prazer que recebeu do alto pelo despertar do alto. Nesse momento, a pessoa nasce com a qualidade de feminino, que é o desejo de receber espiritualidade para receber. Contudo, não pode trabalhar para doar, como está escrito: “Se o homem conceber primeiro, dará à luz uma filha”, ou seja, receber e não dar.
Portanto, se a pessoa for recompensada, é-lhe mostrado do Alto que o homem deve trabalhar para doar, mas não consegue trabalhar para doar. Por esta razão, sofre uma descida, pois ainda não é capaz de trabalhar com base na doação. Ou seja, quando vê que deve trabalhar para doar e não para si próprio, sofre uma descida porque percebe que isso não é para ele.
Por vezes, esta descida faz com que ele fuja da campanha. Se for recompensado, recupera e começa a ver o que significa que se deve trabalhar para doar. Vê que isso está fora do alcance do homem, e então começa a orar ao Criador para que o ajude a sair do controlo do amor-próprio com o qual o homem nasceu, e pede ao Criador que o ajude.
Isto é considerado que a pessoa deve pedir pelo exílio da Shechina [Divindade], ou seja, como trabalhar pelo benefício do reino dos céus. Isto é difícil, pois deriva do domínio das nações do mundo sobre a qualidade pessoal de Israel do homem. E também, deve-se orar pelo público em geral, para que todo Israel possa trabalhar pela Kedusha [santidade], chamada “reino dos céus”. Este discernimento, quando se trabalha para Malchut, é chamado “Se a mulher conceber primeiro, dará à luz um filho.” Mas “Se o homem conceber primeiro, dará à luz uma filha.”
Por esta razão, não se deve ficar sentado à espera de receber um despertar do alto. Pelo contrário, em qualquer estado em que se encontre, deve começar e despertar, para que o Criador o ajude.
A respeito da oração, devemos saber que quando a pessoa ora ao Criador para que a ajude, devemos distinguir entre oração e pedido. Uma “oração” significa que a pessoa ora segundo a ordem das orações que os nossos sábios estabeleceram para nós. Um “pedido” é quando a pessoa pede em privado. É assim que se interpretam oração e pedido.
Podemos explicar isto, pois o que os nossos sábios estabeleceram, a pessoa deve dizer com a sua boca. Ou seja, mesmo que não pretenda que o Criador ouça o que diz na formulação da oração, ainda é considerada uma oração, pois dizemos o que eles disseram, e para eles, essas eram palavras sagradas. Por exemplo, após a Oração das Dezoito, a pessoa diz uma oração: “Que a minha alma seja como pó para todos.” Certamente, a pessoa não quer que o Criador atenda a sua oração.
No entanto, a pessoa diz isso na formulação da oração como uma Segula [virtude/mérito/remédio]. Ou seja, como uma Segula, dizer “Que a minha alma seja como pó para todos” pode ajudar até mesmo para obter sustento, e assim por diante. Isto acontece porque todas as orações que os nossos sábios estabeleceram são nomes sagrados, o que é uma Segula para tudo, ou seja, ajuda em tudo.
Mas o significado das palavras que a pessoa pensa, que é de acordo com o que pensa, deve saber que essas orações estão acima do nosso intelecto. Pelo contrário, são todos nomes sagrados. Usamo-los como Segula, pois através deles temos conexão com o Criador. É por isso que temos de dizer todas as orações com a boca, pois no coração, não compreendemos. Portanto, quando dizemos isso com a boca, temos conexão com o que eles disseram, pois o que eles disseram foi tudo com o espírito santo, e estão fundados nos nomes sagrados.
Baal HaSulam disse que, embora seja costume que, quando queremos orar por um doente, a ordem seja que na Oração das Dezoito, quando dizemos “Cura-nos, Senhor, e seremos curados”, isso ocorre porque o público em geral só consegue compreender segundo o significado das palavras, mas, na verdade, ele disse que podemos mencionar o doente, para que o Criador lhe envie uma cura, mesmo na bênção “E aos caluniadores”, pois todas as bênçãos nas Dezoito são nomes sagrados. É por isso que ele disse que, quando dizemos as orações que eles disseram, temos uma conexão com eles, ou seja, com as suas orações, nomeadamente conexão com as suas intenções.
Não é assim com um pedido. Este ocorre quando a pessoa sente o que lhe falta. Isto é especificamente no coração, ou seja, não importa o que diz com a boca, pois “pedir” significa que a pessoa pede pelo que precisa, e todas as necessidades do homem não estão na boca, mas no coração. Portanto, não importa o que a pessoa diz com a boca. Pelo contrário, o Criador conhece os pensamentos. Assim, o que é ouvido no Alto é apenas o que o coração exige, e não o que a boca exige, pois a boca não tem carência que precise de ser satisfeita.
Por isso, quando a pessoa vem para orar, deve preparar-se para a oração. O que é esta preparação? Está escrito: “Prepara-te para o teu Deus, Israel” (Shabat 10). Ele diz ali que a preparação é algo que cada um faz segundo o seu entendimento. Devemos interpretar que, a respeito da preparação que cada um faz, é para saber o que pedir, pois é necessário saber o que pedir. Ou seja, a pessoa tem de saber do que precisa.
Isto significa que a pessoa pode pedir por muitas necessidades, mas, normalmente, pedimos pelo que mais precisamos. Por exemplo, quando a pessoa está na prisão, todas as suas preocupações são que o Criador a liberte do cativeiro. Embora por vezes a pessoa não tenha rendimentos, e assim por diante, ainda assim não pede ao Criador por rendimentos também, embora precise disso, pois nesse momento sofre mais por estar na prisão. Por esta razão, a pessoa pede pelo que mais necessita, ou seja, pede por aquilo que mais a faz sofrer.
Portanto, quando a pessoa vem para orar ao Criador para que a ajude, deve primeiro preparar-se e examinar-se para ver o que tem e o que lhe falta, e então poderá saber o que pedir ao Criador para que a ajude. Está escrito: “Das profundezas clamei por Ti, Senhor.” “Profundezas” significa que a pessoa está no fundo mais inferior, como foi dito, “no fundo do Sheol”, ou seja, a sua carência está abaixo e ela sente que é a mais inferior de todos os seres humanos.
Ou seja, ela sente-se tão afastada da Kedusha, mais do que qualquer outra pessoa, ou seja, ninguém sente a verdade de que o seu corpo não tem relação com a Kedusha. Por esta razão, aquelas pessoas que não veem a verdade de quão afastadas estão da Kedusha podem estar contentes com o seu trabalho na santidade, enquanto ela sofre com a sua situação.
Portanto, esta pessoa, que se autocriticou e deseja ver a verdade, pode dizer: “Das profundezas clamei por Ti, Senhor”, ou seja, do fundo do coração. Isto é chamado “uma oração do fundo do coração”, da parte do receptor. Ou seja, ela examinou-se e viu a sua carência.
Contudo, quando a pessoa se prepara para a oração, deve prestar atenção ao Doador. Isto é o mais difícil, pois há uma regra de que tudo o que depende da fé, o corpo não concorda com isso. Uma vez que a pessoa ora ao Criador, deve acreditar que o Criador “ouve a oração de cada boca”, mesmo quando a pessoa é indigna de que o Criador atenda aos seus desejos.
Isto é como dizemos na oração entre homem e homem. Normalmente, há duas condições quando alguém pede um favor a outro: 1) O seu amigo deve ter o que ele quer, para que, se lhe pedir, ele possa dar-lhe porque o possui. 2) O seu amigo deve ter um coração bondoso. Caso contrário, o amigo pode ter o que ele pede, mas não quererá dá-lo porque não é uma pessoa misericordiosa.
Da mesma forma, entre o homem e o Criador, estas duas condições também devem ser cumpridas, como disseram os nossos sábios (Hulin 7b): “Israel é sagrado. Alguns querem e não têm, outros têm e não querem.” Devemos interpretar isto no trabalho. O Criador tem o que a pessoa deseja, ou seja, o que a pessoa pede — que o Criador a aproxime e lhe dê o privilégio de O servir. Ou seja, a pessoa quer que o Criador lhe dê o desejo de doar. Nesse momento, ela acredita que o Criador tem o poder de dar ao homem o desejo de doar.
Contudo, o Criador não quer, pois vê que a pessoa ainda é incapaz disso, porque ainda não tem um desejo verdadeiro por isso, uma vez que pensa que já orou muitas vezes ao Criador para que satisfaça o seu desejo e lhe dê o preenchimento, ou seja, o desejo de doar.
Mas, porque “como a vantagem da luz advém da escuridão”, o despertar da pessoa a partir de baixo ainda é incompleto, e a pessoa deve ainda trabalhar para compreender o grande presente chamado “desejo de doar”, que está a pedir ao Criador. Isto é chamado “Ele tem, mas não quer dar.” No entanto, a pessoa é considerada sagrada porque está a pedir ao Criador que a aceite como serva do Criador.
Por vezes, a pessoa pede ao Criador que a aproxime e lhe dê um bom sabor na Torá e na oração. Então, se ela sentir doçura na Torá e no trabalho, concordará em servir o Criador. Mas aprender e orar e cumprir todas as 613 Mitzvot com todos os seus detalhes e precisões apenas por si, quando não sente sabor nisso? A pessoa diz que não consegue fazer isso.
Por isso, pede ao Criador que atenda ao seu desejo. Para o Criador, isto é chamado “Israel é sagrado. Alguns querem e não têm.” Isto significa que o Criador quer dar à pessoa os sabores da Torá e das Mitzvot, mas “não tem”. Ou seja, estas coisas não existem no Criador, em vasos de receção, para que seja possível dar isso à pessoa nos seus vasos de receção.
Este é o significado de “o Criador não pode dar-lhe”, pois o Criador não tem vasos de receção. Pelo contrário, com o Criador, tudo está em vasos de doação. Uma vez que a pessoa quer que o Criador lhe dê tudo nos vasos de receção do homem, pois alega que quer desfrutar da Torá e das Mitzvot, e é por isso que pede ao Criador que satisfaça a sua carência, para o Criador, isto é chamado “Ele quer dar ao homem o que o homem deseja, e quer dar por causa do Seu desejo de fazer o bem às Suas criações. Mas porque a pessoa pede ao Criador que lhe dê tudo nos vasos de receção do homem, o Criador não tem isso.” Pelo contrário, o Criador tem apenas o desejo de doar.
Por esta razão, embora a pessoa não possa receber do Criador, ainda é chamada “sagrada”, pois deseja dedicar-se à Torá e às Mitzvot. Assim, quando a pessoa vem para orar, deve primeiro preparar-se para saber pelo que orar.