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Michael Laitman

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O que Significa no Trabalho “Regressa Ó Israel ao Senhor Teu Deus”?


Artigo Nº 2, 1991
Os escritos dizem: “Regressa, ó Israel, ao Senhor teu Deus, pois falhaste na tua iniquidade. Levem com vocês palavras e regressem ao Senhor. Digam-Lhe: ‘Remove toda a iniquidade e aceita o bem, e nós pagaremos com o fruto dos nossos lábios.’” Devemos compreender a conexão, pois está implícito que, uma vez que “falhaste na tua iniquidade”, portanto, “regressa ao Senhor teu Deus”. Além disso, o que significa “Digam-Lhe: ‘Remove toda a iniquidade’”? E devemos também entender o que disseram os nossos sábios: “Grande é o arrependimento, pois alcança o trono, como foi dito, ‘até ao Senhor teu Deus’” (Yoma 86).
Sabemos que, no trabalho espiritual, devemos fazer dois discernimentos: 1) aquele que diz respeito ao público em geral. O seu trabalho é na prática e não trabalham na intenção, ou seja, não tem a intenção que seja para doar. Por esta razão, em termos de prática, todos pensam que estão bem. Cada um acredita que é impossível ser um ser humano perfeito, pelo que, em geral, pensa que está completo, e quando olha para os seus amigos, vê os seus defeitos, que não estão totalmente certos.
Ele, por outro lado, está bem. Embora lhe falte algo, ele justifica-se com o versículo: “Não há homem justo na terra que faça o bem e não peque.” Portanto, ele também tem falhas, e é cuidadoso com a qualidade da inferioridade, como disseram os nossos sábios: “Sê muito, muito humilde.” Embora veja que é superior ao resto das pessoas, ele tem fé nos sábios e acredita acima da razão que ele também é provavelmente inferior, ou seja, que é pior do que o resto das pessoas. Contudo, para ele, isso é fé acima da razão.
Por conseguinte, quando aqueles que pertencem ao público em geral se dedicam à Torá, não conseguem sentir que têm iniquidades ou que são piores do que outras pessoas. Pelo contrário, no geral, estão felizes com o seu trabalho. Portanto, quando chega o mês de Elul [último mês no calendário hebraico] e os Dez Dias de Penitência, que é o tempo de fazer arrependimento, têm muito trabalho para encontrar iniquidades dentro de si sobre as quais devem arrepender-se.
Caso contrário, poderão ser julgados no tribunal do Alto e punidos pelas suas ações. Eles entendem que é possível que a recompensa que pensam merecer não aconteça, ou seja, que sejam menos recompensados. Mas castigos? Isso está fora de questão, pois sabem acerca de si próprios que têm muita Torá e muitas Mitzvot [mandamentos/boas ações].
Por outro lado, aqueles que trabalham de forma individual, que desejam ser recompensados com Dvekut [adesão] ao Criador, e que entendem que a Torá e as Mitzvot que cumprem são apenas na forma de 613 conselhos através dos quais aderir ao Criador, ou seja, para que tenham apenas uma preocupação — como trazer contentamento ao Criador e não ter qualquer preocupação consigo próprios.
O corpo certamente resiste a isso e apresenta argumentos justos sobre por que o que diz é correto. Começa a apresentar-lhe provas de todo o mundo de que ninguém está a seguir um caminho de anulação do desejo de receber para si próprio e trabalhar apenas para o benefício do Criador. Essa pessoa quer superar as iniquidades que o desejo de receber lhe traz, pensamentos que contradizem a fé, que é o argumento de Faraó, que disse: “Quem é o Senhor para que eu obedeça à Sua voz?”
Conclui-se que a pessoa falhou na iniquidade da heresia. Quanto mais a pessoa se fortalece, mais ela vem e prevalece sobre a pessoa. Ou seja, por mais que queira acreditar que o Criador protege o mundo de forma de O Bom Que Faz O Bem, o corpo mostra-lhe o oposto. Naturalmente, ele está sempre a falhar e vê que isso é interminável, estando em ascensões e descidas, e não sabe o que fazer contra isso.
O texto diz sobre isto: “Regressa, ó Israel, ao Senhor teu Deus.” E por que deve ser “ao Senhor teu Deus”? Porque “falhaste na tua iniquidade.” Ou seja, uma vez que tropeçaste na tua iniquidade, na iniquidade da fé, e agora sentes que és a pessoa mais inferior do mundo, pois os pensamentos e desejos que tens são os mais baixos do mundo, e sentes que estás completamente afastado da espiritualidade.
Ou seja, os seculares não dizem que estão longe da espiritualidade porque nem acreditam que existe espiritualidade no mundo. O mesmo acontece com os religiosos, que acreditam na Torá e nas Mitzvot — não sentem que estão afastados, pois cada um sente que está mais ou menos bem. E se veem alguns defeitos em si próprios, têm a certeza de encontrar uma desculpa para isso. E, especialmente, a pessoa vê que o mundo inteiro leva uma vida tranquila, enquanto ela está num estado cheio de defeitos e iniquidades, e não vê saída para esse estado.
Portanto, não tem outro conselho senão “Regressa, ó Israel.” A pessoa deve regressar ao Criador e não recuar d’Ele até ser recompensada com o Criador ser o “teu Deus”. Ou seja, até ser recompensada com a fé completa. Caso contrário, permanecerá nos defeitos. Por esta razão, a pessoa deve tentar fazer tudo o que puder até que haja misericórdia sobre ela, vinda do Alto, e lhe seja dado o poder chamado “desejo de doar”.
De acordo com o exposto, podemos entender o que está escrito: “Levai com vocês palavras.” Ou seja, essas palavras que o corpo lhe diz e alega que não vale a pena trabalhar para o benefício do Criador, leve essas palavras quando regressar ao Criador. Diga-Lhe: “Remove toda a iniquidade,” pois essas palavras que o corpo nos diz, nós não podemos superar. Leve essas palavras quando regressar ao Criador. Diga “toda” porque só Tu és todo-poderoso; Tu podes dar-nos uma segunda natureza, chamada “desejo de doar”. Tu removerás a iniquidade, ou seja, Tu podes aceitar a nossa iniquidade e corrigi-la, pois só Tu és o portador da nossa iniquidade, enquanto nós somos completamente impotentes.
Contudo, acreditamos que todas aquelas palavras que o corpo nos diz, Tu lhas deste, e certamente as enviaste para nós, e isso é, sem dúvida, para o nosso benefício. Portanto, “Diga-Lhe: ‘Remove toda a iniquidade e aceita o bem.’” Ou seja, aceita este bem que Tu nos enviaste. Isto é, essas são as coisas que o corpo alega contra o Criador — que Tu precisas nos dar uma outra natureza, chamada ‘desejo de doar’, pois, do contrário, estaremos perdidos, já que estamos cheios de defeitos.
Este é o significado das palavras: “E nós pagaremos com o fruto dos nossos lábios.” Queremos que, onde estamos, em vez dos nossos lábios, onde lábios é considerado o fim da questão, ou seja, fora da Kedusha [santidade], uma vez que estamos fora da Kedusha devido aos nossos desejos, pedimos-Te que “paguemos com o fruto dos nossos lábios”. Ou seja, onde estamos nos lábios, no fim, queremos estar completos com frutos, onde “frutos” significa fecundação e multiplicação com boas ações.
De acordo com o exposto, podemos compreender o que disseram os nossos sábios: “Grande é o arrependimento, pois alcança o trono.” Ou seja, aquelas pessoas que pertencem ao público em geral não sentem que têm defeitos na iniquidade, chamada “a primeira iniquidade”, uma vez que sentem que têm fé e que estão bem. Embora tenham apenas uma fé parcial, não o sentem, como explicado (“Introdução ao Estudo das Dez Sefirot”, Item 14). Por esta razão, pensam que estão completos.
Por outro lado, aqueles que pertencem aos indivíduos, que desejam que haja apenas uma autoridade, a autoridade singular, que querem anular a sua autoridade própria chamada “desejo de receber” e ter apenas a autoridade do Criador revelada no mundo, sentem como o corpo se opõe a isso. Eles querem arrepender-se, regressar ao Criador, e este arrependimento alcança o trono.
Contudo, devemos compreender o significado do trono no trabalho espiritual. Sabemos que Malchut é chamada “o trono”, como está escrito na “Introdução ao Livro do Zohar” (Item 31): “Há dois discernimentos no trono: 1) Cobrindo o Rei, como está escrito, ‘Ele fez da escoridão o Seu esconderijo’, pelo que é chamado Kisse, da palavra Kissui [cobertura/esconderijo]. 2) Ela revela a glória de Malchut nos mundos, como está escrito, ‘E no Kisse [trono] estava uma figura com a aparência de um homem.’”
A questão é que devemos acreditar que o Tzimtzum [restrição] e a ocultação que ocorreram são uma correção para as criaturas. Ou seja, precisamente pela ocultação e cobertura que foram feitas, as criaturas alcançarão a sua completude. Devemos acreditar acima da razão que a orientação através da qual o Criador guia o mundo é uma de O Bom Que Faz O Bem. A razão pela qual não vemos que a orientação de O Bom Que Faz O Bem está oculta de nós, devemos acreditar que, na verdade, a orientação é verdadeiramente de O Bom Que Faz O Bem, mas há uma cobertura sobre isso, que o oculta.
Embora o corpo se oponha a isso e a acreditar acima da razão, pois alega, “O juiz só tem o que os seus olhos veem”, a pessoa quer superar os argumentos do corpo. Este é um trabalho árduo e é constituído de ascensões e descidas.
Quando a pessoa clama ao Criador para que a ajude a ser capaz de assumir esta cobertura, ou seja, acreditar que a Providência é realmente da forma de O Bom Que Faz O Bem, embora ainda não tenha sido recompensado com o ver, através deste trabalho ele torna-se uma estrutura para o trono. Ou seja, ele assume este trono, embora seja verdadeiramente uma ocultação. Nesse momento, essa cadeira [Kisse] torna-se o trono, ou seja, ele é recompensado com a Shechina sentada no trono.
Conclui-se que, na medida em que anteriormente ele estava na forma de um Kisse, que é ocultação, quando estava como “Shechina no pó”, agora tornou-se o trono. Este é o significado do dito que o trono cobre o Rei, como em, “Fez da escuridão o Seu esconderijo.” Ou seja, o trono não brilha e está num estado de escuridão. Devemos superar a escuridão e dizer, “Têm olhos, mas não verão.”
Por conseguinte, no período de Kisse, esse estado é chamado “pois falhaste na tua iniquidade”. No estado de Kisse, a pessoa tem ascensões e descidas, e não vê que este trabalho algum dia terminará. Pelo contrário, é um vaivém perpétuo, uma vez que, durante a ocultação, é difícil para a pessoa superar e dizer que o Criador se comporta de forma de O Bom Que Faz O Bem.
Portanto, essa pessoa deve arrepender-se, ou seja, que do Kisse, que é “Fez da escuridão o Seu esconderijo”, o segundo estado do Kisse aparecerá, quando revela a glória de Malchut no mundo, como está escrito, “E no Kisse [trono], bem alto, estava uma figura com a aparência de um homem.”
Este é o significado das palavras: “Grande é o arrependimento, pois alcança o trono.” Ou seja, o arrependimento deve ser tal que a pessoa seja recompensada com o segundo discernimento no significado de Kisse, que é o trono. Este é o significado de “Regressa, ó Israel, ao Senhor teu Deus”.
Devemos interpretar que o significado de “pois falhaste na tua iniquidade” é que, quando a pessoa deseja arrepender-se, ou seja, está separada do Criador devido ao desejo de receber, que é oposta em forma ao Criador, e deseja conectar-se com o Criador, ter equivalência de forma, ela vê que “as coisas ocultas pertencem ao Senhor nosso Deus”.
Ou seja, quando deseja fazer algo pelo Criador, pelo benefício do Criador, é um sabor “oculto”. Portanto, o sabor do trabalho está escondido dela. Pelo contrário, quando trabalha para seu próprio benefício, chamado “para nós e para os nossos filhos”, o sabor é revelado para nós. Por conseguinte, “oculto” e “revelado” referem-se ao sabor.
Isto significa que, quando a pessoa trabalha pelo benefício do Criador, chamado “ao Senhor nosso Deus”, o sabor no trabalho está oculto. Mas quando é para seu próprio benefício, chamado “para nós e para os nossos filhos”, o sabor é chamado “revelado”, ou seja, o sabor do trabalho é revelado. Conclui-se que isso causa as nossas falhas, como está escrito: “Pois falhaste na tua iniquidade.” Portanto, não há outro caminho senão regressar ao Criador, como foi dito sobre isso: “Remove toda a iniquidade e aceita o bem.”
De acordo com o exposto, devemos interpretar o que está escrito na bênção para a comida: “Que possamos encontrar graça e bom entendimento aos olhos de Deus e do homem.” Devemos compreender por que precisamos pedir ao Criador para sermos apreciados pelas pessoas. O que significa que as pessoas devem respeitar-nos e honrar-nos? O que isso tem a ver com o trabalho espiritual? Pelo contrário, pedimos ao Criador para sermos apreciados pelo Criador, e o que queremos d’Ele? Que nos dê a qualidade de “homem”, uma vez que, por natureza, o homem foi criado com um desejo de receber, chamado Malchut, que é o nome BON, que é “besta” em Gematria.
Por esta razão, pedimos para sermos apreciados por Deus, para que Ele nos dê a qualidade de “homem”, como disseram os nossos sábios: “Vocês são chamados ‘homem’, e não as nações do mundo.” Homem é MA em Gematria, que é um doador. Portanto, pedimos para sermos apreciados pelo Criador para que Ele nos dê a qualidade de “homem”. Este é o significado das palavras “Que possamos encontrar graça aos olhos de Deus e do homem”, para que Ele nos dê a qualidade de homem.
Conclui-se que o homem deve orar por uma única coisa — que o Criador o aproxime. “Proximidade” na espiritualidade é chamada “equivalência de forma”. Ou seja, ele quer que o Criador lhe dê o desejo de doar, chamado “segunda natureza”.
Por isto devemos interpretar o que está escrito (Salmos 147): “que cura os corações quebrantados”. Devemos compreender o que significa que o Criador cura os corações quebrantados. A questão é que sabemos que a essência do homem é o coração, como disseram os nossos sábios: “O Misericordioso quer o coração.” O coração é o Kli [vaso] que recebe a Kedusha do alto. É como aprendemos sobre o estilhaçamento dos vasos, que se o Kli está partido, tudo o que nele colocarmos se derramará.
Da mesma forma, se o coração está quebrantado, ou seja, o desejo de receber controla o coração, a abundância não pode entrar ali, porque tudo o que o desejo de receber recebe irá para as Klipot [cascas]. Isto é chamado “o quebrar do coração”. Assim, a pessoa ora ao Criador e diz: “Tu deves ajudar-me porque sou pior do que todos, pois sinto que o desejo de receber controla o meu coração, e é por isso que nada de Kedusha pode entrar no meu coração. Não quero luxos, apenas ser capaz de fazer algo pelo benefício do Criador, e sou completamente incapaz disso, pelo que só Tu podes salvar-me.”
Por isto devemos interpretar o que está escrito (Salmos 34): “O Senhor está próximo dos que têm o coração quebrantado.” Ou seja, aqueles que pedem ao Criador que os ajude para que o seu coração não esteja partido e seja completo, isso só pode acontecer se a pessoa for recompensada com o desejo de doar. Por esta razão, ele pede ao Criador que lhe dê o desejo de doar, uma vez que vê que não lhe falta nada no mundo exceto a capacidade de trabalhar pelo benefício do Criador. Conclui-se que ele está a pedir apenas a proximidade do Criador, e há uma regra: “medida por medida”. Assim, o Criador aproxima-o. Este é o significado das palavras: “O Senhor está próximo dos que têm o coração quebrantado.”
De acordo com o exposto, podemos compreender o que está escrito: “Protege todos os seus ossos, nenhum deles está quebrado.” O osso do homem [em hebraico, Etzem significa tanto “osso” como “essência”] é o coração, o desejo no coração. Os desejos no coração do homem mudam constantemente através das ascensões e descidas, e o Criador protege os seus desejos para que o desejo de receber não se misture com os desejos de Kedusha.
Este é o significado das palavras “nenhum deles está quebrado”. Ou seja, uma vez que o desejo de receber causa o estilhaçamento dos vasos, quando o Criador o protege, ou seja, aproxima a pessoa, chamado “equivalência de forma”, ao dar-lhe uma segunda natureza chamada “desejo de doar”, isto é considerado como o Criador protegendo, como no versículo: “O Senhor protege os insensatos.” Ou seja, aquele que sente que é um insensato, que não tem entendimento, deve proteger-se de cair até ao controlo da Sitra Achra [outro lado], chamada “desejo de receber para o seu próprio benefício”. Ele pede ao Criador que o proteja. Conclui-se que a pessoa dá o despertar de baixo, que é chamado “um desejo” e um Kli, e então o Criador dá-lhe a luz.
Mas quando a pessoa está numa ascensão, pensa que já não precisa da ajuda do Criador, uma vez que agora tem uma base de sentimento, que ele chamou “conhecimento”. Ou seja, agora ele sabe para que propósito está a trabalhar. O seu trabalho já não é acima da razão, porque ele tem uma base em que se apoiar, ou seja, este sentimento de que o estado em que está é bom para ele. Com base nisso, ele determina o trabalho.
Nesse momento, ele é imediatamente lançado do alto e é como se lhe fosse perguntado: “Onde está a tua sabedoria? Disseste que já sabes em que se baseia o trabalho.” Assim, enquanto a pessoa se considerar um insensato, ou seja, que a base do trabalho é acima da razão e que precisa da ajuda do Criador, a pessoa diz: “Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalharam os que a construíram.” Especificamente desta forma, o Criador é chamado “O Senhor é o protetor de Israel”.
Por isto compreendemos o que significa que a pessoa está em aflição no trabalho. A resposta é que sabemos que “estreito” significa falta de Hassadim [misericórdia, plural de Hesed]. Assim, quando a pessoa vê que não pode fazer nada para doar, isso é considerado como sendo incapaz de agir em Hesed, a menos que seja para seu próprio benefício. Ele vê que, no estado em que está, nunca será recompensado com Dvekut com o Criador, e lamenta-o. O que pode alguém fazer? Não pode fazer nada exceto clamar ao Criador, e o Criador ouve. “De todas as suas aflições [também ‘estreiteza’],” ou seja, de cada estado, quando está num estado de “estreiteza”, que é a falta de Hassadim, quando não pode superar as suas ações, o Criador salva-o, como está escrito: “De todas as suas aflições, Ele salva-os.” Quando está escrito, “Ele não tem aflições” significa que ele não lamenta por não poder fazer algo para doar. Portanto, ele não tem um Kli para o Criador o salvar, porque sente que está bem onde está.
Assim, devemos interpretar o que disseram os nossos sábios (Hulin 133): “Quem ensina um discípulo indigno cai no Inferno.” Devemos compreender isto, uma vez que está escrito: “O Criador disse, ‘Eu criei a inclinação ao mal; Eu criei a Torá como um tempero.’ Assim, aquele que tem a inclinação ao mal e não a pode superar, Ele disse, Eu criei a Torá como um tempero.” Portanto, vemos que devemos estudar a Torá mesmo quando somos indignos.
Devemos interpretar isto como disse Baal HaSulam sobre o que está escrito: “dará sabedoria aos sábios.” Deveria ter dito “aos insensatos”. A resposta é que aquele que busca a sabedoria, embora ainda não a tenha, já é chamado “sábio”, uma vez que deseja ser sábio. Devemos também interpretar aqui que aquele que quer ser digno já é chamado “um discípulo digno”.
Ou seja, aquele que quer estudar a Torá porque deseja ser digno já é chamado “digno”, pois sente que está longe de servir o Criador, uma vez que só pode trabalhar para seu próprio benefício, o que é ser indigno, e quer ser digno mas não tem sucesso. Foi-lhes dito: “O Criador disse, ‘Eu criei a inclinação ao mal; Eu criei a Torá como um tempero.’”
Por esta razão, devemos interpretar “É proibido ensinar a Torá a um discípulo indigno” que aquele que deseja ser um discípulo digno pode aprender.