O que Significa no Trabalho que a “Taça de Benção Deve Estar Cheia”?
Artigo Nº 38, 1990
Está escrito no Zohar (Pinhas, Item 630): “‘Cheia’, que se diz a respeito de uma taça de bênção, é como está escrito: ‘Uma taça cheia da bênção do Senhor.’ Assim, o homem deve ser íntegro, como está escrito: ‘E Jacó veio completo.’ Não deve haver qualquer defeito nela, pois ‘tudo o que tem uma imperfeição não se aproximará.’ Da mesma forma, as letras Aleph-Lamed-Mem [mudo] com Yod-Hey são as letras de Elokim [Deus], correspondem à contagem de ‘taça’, ou seja, oitenta e seis [em Gematria]. Por esta razão, a taça deve estar cheia, pois se invertermos a palavra Ilem [Aleph-Lamed-Mem, mudo], encontraremos Maleh [cheio], pois a [palavra] ‘taça’, em Gematria, é ‘cheio, Yod-Hey.”
Devemos compreender o seguinte:
1) O que implica que, quando o vinho é vertido numa taça e esta está cheia, é chamada “uma taça cheia da bênção do Criador”? Isto significa que, se a taça não estiver cheia de vinho, a bênção do Criador não pode estar presente?
2) Por que se diz: “Assim, o homem deve ser íntegro”, como a taça com o vinho? O que isso nos acrescenta? Afinal, se a taça já está cheia com a bênção do Criador, por que o homem também precisa de ser assim, sugerindo que, de outro modo, não pode receber a bênção? Portanto, em relação a quem é a taça chamada “bênção do Criador”? A taça precisa da bênção?
3) O mais intrigante é o que ele diz, que o homem deve ser íntegro, como está escrito: “Tudo o que tem uma imperfeição não se aproximará.” Isto implica que aquele que tem um defeito já não pode aproximar-se do Criador. Significa que quem tem uma deficiência física já não pode aproximar-se do Criador, devendo manter-se afastado do Criador e não tendo liberdade de escolha.
4) O que implica que ele diz que Ilem [mudo] e Maleh [cheio] são as mesmas letras, que uma taça em Gematria é Maleh Yod-Hey [Preenchida com o Criador]?
Para compreender tudo o que foi dito acima, devemos recordar toda a ordem do trabalho que nos foi dado para realizar, como está escrito: “Que Deus criou para fazer.” Dissemos várias vezes que há dois discernimentos opostos diante de nós, que são chamados: 1) o propósito da criação, que é o Seu desejo de fazer o bem às Suas criações, ou seja, que as criaturas recebam deleite e prazer; 2) a correção da criação, para que as criaturas se esforcem por doar ao Criador, para que Ele desfrute. Ou seja, o desejo de receber para seu próprio benefício deseja deleitar-se, e o Criador deu-lhe esse desejo, mas ele renuncia a esse desejo e quer apenas o deleite do Criador.
Conclui-se que os dois são opostos. Portanto, é um trabalho árduo alcançar um desejo chamado “desejo de doar contentamento ao seu Criador” e renunciar ao desejo de benefício próprio.
Para sermos capazes de sair do controlo do desejo de receber, devemos começar em Lo Lishma [não pelo Seu Benefício], ou seja, para o nosso próprio benefício. Portanto, ao cumprir a Torá e as Mitzvot [mandamentos/boas ações], será recompensado neste mundo, como está escrito no Zohar, que terá vida, saúde e sustento. Caso contrário, não poderá desfrutar da vida corpórea neste mundo. Quando a pessoa acredita nisto, tem alguém que a obriga a cumprir a Torá e as Mitzvot. Isto chama-se “acreditar na recompensa e no castigo”, ou seja, cumpre a Torá e as Mitzvot porque teme o castigo e espera receber a recompensa.
Por vezes, a recompensa e o castigo manifestam-se na pessoa como recompensa e castigo no mundo vindouro, onde existem o Jardim do Éden e o Inferno, e esta é a razão que a obriga a cumprir a Torá e as Mitzvot. E como de Lo Lishma [não pelo Seu Benefício] se chega a Lishma [pelo Seu Benefício], ou seja, a luz na Torá ilumina para ele que há uma outra forma de recompensa e castigo — onde a recompensa é ser recompensado com Dvekut [adesão] ao Criador. Nesse momento, ele pode sentir a grandeza do Rei, considerando que esta é a recompensa que espera, e vê como castigo quando percebe e sente que está separado da Vida das Vidas e que está distante do Criador. Para ele, este é o maior dos castigos.
Portanto, mesmo quando a pessoa já possui alguma sensação da Torá e das Mitzvot, que o Lo Lishma lhe causou, quando por vezes começa a sentir um pouco da grandeza do Criador, isso leva-a a querer anular-se perante Ele como uma vela diante de uma tocha. Nesse momento, a pessoa não compreende por que deseja agora anular-se perante Ele, anulando toda a sua própria realidade diante do Criador. Pelo contrário, isso surge-lhe como se fosse algo natural, ou seja, embora não compreenda o que lhe está a acontecer agora — que deseja anular-se —, na realidade, assim é. Isto chama-se “um despertar do Alto”, onde a mão da pessoa não alcança (espiritualmente). “Mão” significa realização espiritual, das palavras “Quando a mão alcança”, ou seja, a pessoa não compreende por que deseja anular-se completamente perante Ele.
Contudo, mais tarde, quando o despertar se afasta dela, a pessoa começa a ansiar por alcançar a anulação perante o Criador e deseja recuperar a sensação que teve durante a ascensão, mas agora começa a ver quão distante está disso, e todos os seus órgãos resistem a tais ideias como anular o benefício próprio e que todas as suas preocupações sejam como trazer contentamento ao seu Criador.
Nesse momento, ele vê que o mundo se tornou escuro para ele. Não consegue encontrar um lugar do qual receber vitalidade, e então percebe que está num estado de descida e inferioridade. Quando chega a tal descida, vê que ninguém tem pensamentos tão maus. Contudo, deve acreditar nos sábios que tais pensamentos vêm do Alto, ou seja, que do Alto, desejam que esta pessoa, que agora quer aproximar-se do Criador, sofra descidas, pois, ao ter descidas, sentirá a necessidade de que o Criador a eleve.
Isto é como está escrito: “Ele eleva o indigente do lixo.” Ou seja, precisamente quando sente que está no lixo, isto é, que todas aquelas coisas que considerava lixo, como alimento para animais, que comem os resíduos que as pessoas lançam no lixo, e dos quais se diz que é alimento impróprio para consumo humano, como ele próprio diz durante uma ascensão.
Mas agora que o Criador quer aproximá-la, a pessoa deve sentir esta carência, e então pode receber o preenchimento para essa carência. Conclui-se que, precisamente quando a pessoa está no lixo e de lá procura o seu alimento, quando vê a que estado chegou após todo o trabalho que dedicou para obter o desejo de doar contentamento ao seu Criador, então pode fazer uma oração sincera. Contudo, nem sempre a pessoa tem a força para acreditar.
Porém, quando a pessoa já está perto do lugar do qual receberá a ajuda do Alto, e “perto” significa que o Kli [vaso], ou seja, o desejo de doar, está distante dela, então vê que apenas o Criador pode salvá-la. Como disse Baal HaSulam, este é o ponto mais importante no trabalho do homem, pois então ele tem contacto próximo com o Criador, porque vê a cem por cento que nada o pode ajudar senão o próprio Criador.
Embora acredite nisto, ainda assim, esta fé nem sempre ilumina para a pessoa, que precisamente agora é o melhor momento para receber a salvação do Criador, que precisamente agora pode ser salva e o Criador a aproximará, ou seja, lhe dará o desejo de doar e sair do controlo do amor-próprio, que se chama “saída do Egipto”. Ou seja, ele sai do controlo dos egípcios, que afligiam Israel e não os deixavam fazer o trabalho sagrado. “E os filhos de Israel gemeram pelo trabalho, e o seu clamor subiu a Deus”, e então o Criador tirou-os do exílio no Egipto.
Por conseguinte, dado que o povo de Israel sentiu a escravatura e quis escapar deste exílio que os egípcios lhes impunham, quando chegaram a este ponto importante de sentir a sua inferioridade, o Criador tirou-os do Egipto. Isto é como diz o ARI, que quando o povo de Israel estava no Egipto, já estavam nas quarenta e nove portas de Tuma’a [impureza], e então o Criador tirou-os do Egipto.
Isto significa que já tinham chegado à pior inferioridade, a mais baixa que pode haver, e então o Criador tirou-os.
Portanto, quando a pessoa vê que está em total inferioridade, deve acreditar que precisamente agora é o momento em que o Criador a aproximará. E se a fé então não brilhar para ela, nesse preciso momento, ela escapa da campanha.
Conclui-se que toda a ordem do esforço que Ele deu parece ser em vão. Mas, mais tarde, é-lhe dado outro despertar do Alto, e mais uma vez ele esquece o que teve durante a descida, e pensa novamente que não terá mais descidas, e assim sucessivamente, repetidamente. A pessoa precisa de grande misericórdia para não escapar da campanha. Embora use os conselhos que os nossos sábios disseram: “Eu criei a inclinação ao mal; criei a Torá como tempero”, a pessoa diz que já usou este conselho várias vezes sem sucesso.
Também diz que já usou o conselho “Aquele que vem para se purificar é ajudado”, e é como se todos os conselhos não fossem para ele. Assim, não sabe o que fazer. Este é o pior estado para a pessoa, ou seja, quer escapar destes estados, mas não tem para onde fugir. Nesse momento, sofre tormentos por estar entre o desespero e a confiança. Mas então a pessoa diz: “Para onde me voltarei?”
Nesse momento, o único conselho é a oração. Contudo, esta oração também não tem qualquer garantia, então ele deve orar para acreditar que o Criador ouve, de facto, uma oração, e tudo o que sente nestes estados é para seu benefício. Mas isto só pode ser acima da razão, ou seja, embora o intelecto lhe diga: “Afinal, após todas as análises, vês que nada te pode ajudar,” ele deve acreditar nisto, também, acima da razão, que o Criador pode libertá-lo do desejo de receber para seu próprio benefício, em troca do qual receberá o desejo de doar. Então, quando a pessoa recebe do Criador o desejo de doar, torna-se íntegra com o Criador, ou seja, é recompensada com a equivalência de forma, que se chama “unificação”.
Nesse momento, a pessoa é considerada “sem mácula”, pois todas as máculas do homem consistem em ter pensamentos maus sobre a espiritualidade. Ou seja, em vez de sentir a importância da Kedusha [santidade], que é algo muito importante, quando deseja anular-se perante Ele, quando tem amor pelo Criador porque anseia pelo Criador, para ele é o oposto. Ou seja, sente a resistência do corpo.
Tudo isto advém da falta de fé na grandeza do Criador, e como pode ele aproximar-se do Criador com as máculas que tem dentro de si? Este é o significado do que perguntámos: Como disseram que aquele que tem uma mácula não se aproximará? Pois significa que já não tem escolha para poder aproximar-se do Criador. Ou seja, o versículo “portanto, escolhe a vida” não foi dito a seu respeito. Pode isto ser dito?
Contudo, no trabalho, devemos dizer que uma “mácula” significa uma carência, ou seja, falta de fé no Criador. Assim, “tudo o que tem uma mácula não se aproximará” significa que não pode aproximar-se do Criador. Em vez disso, primeiro deve corrigir as suas máculas, ou seja, realizar boas ações com o objetivo de ser recompensado com a fé no Criador, que Ele protege o mundo como O Bom que Faz o Bem.
Agora explicaremos o que perguntámos: por que se implica que “uma taça de bênção deve estar cheia de vinho”, caso contrário, não é considerada uma taça de bênção? E ele diz: “Assim, o homem deve ser íntegro.” Mas qual é a ligação entre a taça e o homem, que se a taça deve estar cheia, também o homem deve ser íntegro?
A resposta é que a taça é o Kli onde o vinho é colocado. Um Kli é chamado “uma carência”, e na carência entra o preenchimento. O vinho é chamado “abundância”, e em relação à abundância, nunca há uma carência, pois “Nada falta na casa do Rei”, e como está escrito: “Eu, HaVaYa [o Senhor], não mudo”, ou seja, nunca há um défice na luz. Pelo contrário, tudo depende dos Kelim [vasos] receptores, para que sejam Kelim completos e não partidos.
Como aprendemos, houve a questão do estilhaçamento dos vasos, onde surgiram as Klipot [cascas/peles]. O estilhaçamento dos vasos significa que, tal como quando um vaso físico se quebra, se colocarmos um líquido no vaso, tudo se derrama, assim é na espiritualidade: se a taça, chamada Kli, não está cheia, mas o Kli está carente do Criador, a abundância sai para os externos, ou seja, para as Klipot.
A insinuação de que a taça deve estar cheia significa que a taça deve estar em equivalência de forma com a abundância que vem do Doador. Então, a taça pode estar cheia e a abundância não vai para os externos. Para compreender esta insinuação, eles acrescentaram e disseram: “assim, o homem deve ser íntegro” e não haverá defeito nele. É quando a taça é chamada “uma taça de bênção”.
Ou seja, o homem, que é o Kli que deve receber a abundância da bênção, deve estar íntegro com o Criador. Isto significa que todas as preocupações do homem devem ser apenas com o benefício do Criador e não com o seu próprio benefício. Isto é chamado “uma taça completa”, remetendo para o facto de que o homem deve ser completo, e então a taça pode estar cheia.
Por conseguinte, se o Kli, chamado “taça”, o que implica para o indivíduo receptor, que a bênção pode estar plena no Kli, e não se derrama da bênção, ou seja, do Kli, para os externos, que são as Klipot. Pelo contrário, tudo permanece na Kedusha, pois o homem não tem mácula, pois uma mácula na espiritualidade significa que há uma mistura do desejo de receber. Se a pessoa se corrigiu de todas as máculas, que é o desejo de receber para seu próprio benefício, o que resta é uma taça plena da bênção do Criador e nenhuma abundância flui para os externos.
Agora explicaremos o que ele diz: Ilem [mudo] com Yod-Hey são as letras Elokim [Deus], e é o mesmo número que “taça” [em Gematria]; por isso, a taça deve estar plena, pois se invertermos as [letras da] palavra Ilem, encontraremos Maleh [cheio]. Devemos compreender o que isto implica para nós.
O ARI explica o Senhor, Deus [Elokim] após o nome do Kli que está apto a receber a abundância, chamada “luz”. Ele diz que a ordem dos escrutínios é que as centelhas e os Kelim devem ser elevados de BYA para Atzilut para Ibur [concepção] em Ima. Nesse momento, ascendem 320 centelhas, constituindo trinta e duas Behinot [discernimentos], onde cada Behina é constituída de dez, e assim, 320 Behinot.
O estilhaçamento ocorreu por causa de Malchut da qualidade de julgamento que estava em cada Malchut em cada um dos trinta e dois caminhos. Portanto, a primeira correção foi que Abba, chamado Hochma, separou e removeu a Malchut de cada Behina. Isto é considerado como remover a Malchut em cada caminho, que é chamado Peh [boca], que é Malchut, de onde o nível se revela e brilha.
É como ele diz no ‘Estudo das Dez Sefirot’ (Parte 12, Item 246): “O Ubar [embrião] não fala de todo, pois é Ilem, de Elokim. Por isso, é mudo, desprovido de fala. Este é o significado de ‘Ou quem o faz mudo’”. E está escrito (O Estudo das Dez Sefirot, Parte 12, Item 221): “Agora (no tempo de Yenika [amamentação]), serão preenchidos com as letras Yod-Hey e tornar-se-ão Elokim completo.”
Devemos discernir entre ‘fala’ e ‘mudez’ no trabalho. ‘Fala’ significa revelação, quando a pessoa já tem Yenika na espiritualidade, e sente que está a amamentar da Kedusha, pois amamentar com leite indica Hassadim, pois a qualidade de Hesed [misericórdia] é doação, quando a pessoa é recompensada com Kelim [vasos] de doação e todas as suas ações são pelo benefício do Criador, sem preocupações com o seu próprio benefício. Isto é considerado a qualidade de Hesed.
Contudo, antes da Yenika há o Ibur, ou seja, o superior corrige-o. Isto pode ser quando a pessoa é como um embrião no ventre da mãe, onde o embrião se anula perante a mãe e não tem opinião própria, mas, como disseram os nossos sábios: “Um embrião é a coxa da sua mãe, come o que a sua mãe come”, e não tem autoridade própria para fazer quaisquer perguntas. Pelo contrário, não merece um nome. Isto é chamado “mudo”, quando não tem boca para fazer perguntas.
Acontece assim quando a pessoa pode caminhar com os olhos fechados, acima da razão, e acreditar nos sábios, indo até ao fim. Isto é chamado Ibur, quando não tem boca. Ibur significa, como está escrito (O Estudo das Dez Sefirot, Parte 8, Item 17): “O nível de Malchut, que é a Katnut [pequenez/infância] mais restrita possível, é chamado Ibur. Vem das palavras Evra [ira] e Dinin [julgamentos, em aramaico], como está escrito: ‘E o Senhor ‘E o Senhor impregnou-se em mim pelo Vosso benefício.’”
Devemos interpretar o significado de “ira e julgamentos”. Quando a pessoa deve caminhar com os olhos fechados, acima da razão, o corpo resiste a este trabalho. Portanto, o facto da pessoa ter de superar sempre, isto é chamado “ira, cólera e dificuldade”, pois é um trabalho árduo superar sempre e anular-se perante o superior, para que o superior faça com ele o que quiser. Isto é chamado Ibur, que é a Katnut mais restrita possível.
A correção é como disseram os nossos sábios: “Abba, que é Hochma, dá o branco”, ou seja, ele branqueia o inferior do seu desejo de receber, para que a pessoa comece a sentir que o desejo de receber é lixo, como está escrito: “Embora os vossos pecados sejam escarlate, serão brancos como a neve.” Nesse momento, considera-se que “a sua mãe dá o vermelho”, ou seja, Bina é chamada “luz de Hassadim”, que é a luz que entra nos vasos de doação. Isto é, uma vez que a pessoa reconheceu que o desejo de receber é chamada “lixo”, ela recebe o desejo de doar. Tudo isto é considerado que o superior trabalha e o inferior se anula sem qualquer crítica. Isto é considerado como não ter “boca”, e isto é chamado “mudo”, o que significa que não tem boca.
Depois vêm os estados de “nascimento” e Yenika [amamentação]. Nesse momento, ele já tem uma boca, ou seja, tem a sua própria autoridade e já sabe o que está a fazer. Já tem permissão para fazer as suas próprias escolhas, o que é considerado estar por sua conta. Isto é considerado receber Ruach, que ilumina quando ele já tem a sua própria autoridade na Kedusha. Mas no Ibur, ele tinha apenas Nefesh, da palavra Nefisha [repouso/quietude], ou seja, imóvel, que não tem movimento independente, mas o superior move-o em cada ação.
Nesse momento, ele recebe um nome completo de Elokim, ou seja, estando em Ibur, Ilem [mudo] de Elokim [Deus], o que significa que ele não tinha a sua própria autoridade, que era dono do trabalho, mas pelo contrário tudo era atribuído ao superior. Quando nasce e tem a sua própria Yenika na Kedusha, ele é um nome completo de Elokim. Esta é a insinuação de que aquilo que era mudo, da sua própria perspetiva, agora tornou-se pleno. Ou seja, ele foi recompensado com Yod-Hey de Elokim, o que significa um nome completo, “taça” em Gematria, que é o número quatro — Elokim, que é 86 — e então a taça está cheia.
Ou seja, quando a pessoa se corrigiu para o domínio da Kedusha, é chamado “um Kli completo”, e isto é chamado “uma taça de bênção”, ou seja, a bênção já pode estar nela, uma vez que o Kli está corrigido para que tudo o que recebe permaneça na Kedusha.
Através disto entendemos o que implica que a taça deve estar cheia de vinho. Insinua-nos que a abundância permanecerá no Kli e nada se derramará dali para os externos. Pelo contrário, tudo será para doar. Portanto, quando se fala das Mitzvot, tudo se refere a ramo e raiz. É por isso que a taça de bênção deve estar cheia, o que implica a espiritualidade, ou seja, a ordem do trabalho do homem para alcançar o propósito da criação.