<- Biblioteca de Cabala
Continuar a Ler ->
Biblioteca de Cabala

Rabash

Artigos
1984 - 01 | O Propósito da Sociedade - 1 1984 - 01 (Parte 2) | O Propósito da Sociedade - 2 1984 - 02 | Relativamente ao Amor aos Amigos 1984 - 03 | Amor aos Amigos - 1 1984 - 04 | Cada um deve ajudar o seu Amigo 1984 - 05 | O que nos dá a regra: “Ama o teu próximo como a ti mesmo” 1984 - 06 | Amor aos Amigos - 2 1984 - 07 | Considerando o que está escrito relativamente a “Ama o teu próximo como a ti mesmo” 1984 - 08 | Qual é a Observância da Torá e das Mitzvot que Purifica o Coração? 1984 - 09 | A Pessoa Deve Sempre Vender as Vigas da Sua Casa 1984 - 10 | Qual é o nível que uma pessoa precisa de alcançar para não ter que reencarnar 1984 - 11 | Mérito Ancestral 1984 - 12 | A Questão da Importância da Sociedade 1984 - 13 | Às vezes a Espiritualidade é chamada de “Alma” [Neshama] 1984 - 14 | A Pessoa Deve Vender Tudo o Que Possui e Casar Com a Filha de Um Discípulo Sábio 1984 - 15 | Pode Alguma Coisa Negativa Descer do Alto 1984 - 16 | A Questão da Doação 1984 - 17 | Relativamente à Importância dos Amigos 1984 - 17 (Parte 2) | O Programa da Assembleia de Amigos 1984 - 18 | E Vai Acontecer Quando Vier Para a Terra Que o Senhor Seu Deus Lhe Dá 1984 - 19 | Vocês que Permanecem Aqui, Juntos 1984 - 01 | Faça para Si um Rav e Compre para Si um Amigo - 1 1985 - 02 | O Significado de Raiz e Ramo 1985 - 03 | O Significado de Verdade e Fé 1985 - 04 | Estas São As Gerações de Noé 1985 - 05 | Parte da Tua Terra 1985 - 06 | E o Senhor Apareceu-lhe nos Carvalhos de Mamre 1985 - 07 | A Vida de Sara 1985 - 08 | Faça para si um Rav e Compre para si um Amigo - 2 1985 - 09 | E as Crianças Debatiam-se Dentro Dela 1985 - 10 | E Jacó Saiu 1985 - 11 | Relativamente ao Debate Entre Jacó e Labão 1985 - 12 | Jacó Habitava na Terra Onde o Seu Pai Viveu 1985 - 13 | Rocha Poderosa da Minha Salvação 1985 - 14 | Eu Sou o Primeiro e Eu Sou o Último 1985 - 15 | E Ezequias Voltou o Rosto Para a Parede 1985 - 16 | Quanto Mais os Oprimiram 1985 - 17 | Sabe Hoje e Responde ao Teu Coração 1985 - 18 | Relativamente aos Caluniadores 1985 - 19 | Venha Até Ao Faraó - 1 1985 - 21 | Devemos Sempre Distinguir Entre a Torá e o Trabalho 1985 - 24 | Três Tempos no Trabalho 1985 - 25 | Em Todas as Coisas, Devemos Distinguir Entre a Luz e o Kli [vaso] 1985 - 29 | O Senhor está Próximo de Todos os que Chamam Por Ele 1985 - 30 | Três Orações 1985 - 31 | Ninguém Se Considera a Si Próprio Como Ímpio 1985 - 36 | E Houve o Entardecer e Houve a Manhã 1985 - 37 | Quem Vai Testemunhar Pela Pessoa? 1985 - 39 | Escuta a Nossa Voz 1986 - 02 | Inclina o Ouvido, Ó Céu 1986 - 06 | Confiança 1986 - 07 | A Importância da Oração de Muitos 1986 - 10 | Relativo à Oração 1986 - 11 | A Oração Verdadeira é Acerca de Uma Carência Verdadeira 1986 - 12 | Qual é a Principal Carência pela Qual Devemos Orar? 1986 - 13 | Venha até ao Faraó - 2 1986 - 15 | A Oração de Muitos 1986 - 17 | O Programa da Assembleia de Amigos - 2 1986 - 18 | Quem Causa a Oração 1986 - 19 | Relativamente à Alegria 1986 - 21 | Relativamente a ‘Acima da Razão’ 1986 - 22 | Se Uma Mulher Conceber 1986 - 24 | A Diferença entre Caridade e Presentes 1986 - 32 | A Razão Para Endireitar as Pernas e Cobrir a Cabeça Durante a Oração 1986 - 36 | O Que é a Preparação para as Selichot [Perdão] 1987 - 04 | É Proibido Ouvir uma Coisa Boa de uma Pessoa Má 1987 - 09 | A Grandeza de Uma Pessoa Depende da Medida da Sua Fé no Futuro 1987 - 10 | Qual é a Substância da Calúnia e Contra Quem é? 1987 - 12 | O Que Significa o Meio Shekel no Trabalho- 1 O Significado da Proibição Estrita de Ensinar a Torá aos Idólatras O Que Significa no Trabalho a Gravidade da Cabeça? 1987 - 28 | O Que Significa no Trabalho: "Não Acrescentar Nem Diminuir" O que Significa “De Acordo com a Dor, Assim é a Recompensa”? 1988 - 03 | O Que Significa que o Nome do Criador é “Verdade” 1988 - 04 | Qual é o Significado da Oração por Ajuda e Perdão no Trabalho? 1988 - 05 | O que Significa no Trabalho “Quando Israel Está no Exílio, a Shechina Está com Eles”? 1988 - 06 | Qual a Diferença no Trabalho Entre um Campo e um Homem do Campo? 1988 - 08 | Qual é o Significado de que Aquele Que Ora Deve Explicar as Suas Palavras Corretamente? 1988 - 10 | Quais São os Quatro Atributos, no Trabalho, Para Aqueles que Vão ao Seminário? 1988 - 13 | O Que Significa no Trabalho que “O Pastor do Povo é Todo o Povo”? 1988 - 14 | A Necessidade de Amor aos Amigos 1988 - 15 | O que Significa no Trabalho que “Não Há Benção Num Lugar Vazio”? 1988 - 16| Qual é a Fundação na Qual a Kedusha é Construída? 1988 - 21 | O que Significa, no Trabalho, que a Torá foi Dada a Partir da Escuridão? 1988 - 23 | O Que Significa no Trabalho Que Começamos em Lo Lishma? 1988 - 30 | O Que Procurar na Assembleia de Amigos 1988 - 32 | Quais São as Duas Ações Durante a Descida? 1989 - 03 | Qual é a Diferença entre o Portão das Lágrimas e os Restantes Portões 1989 - 04 | O que é um Dilúvio de Água no Trabalho? 1989 - 05 | O que Significa que a Criação do Mundo foi por Generosidade? 1989 - 06 | O Que é o ‘Acima da Razão’ no Trabalho 1989 - 12 | O que é a Refeição do Noivo? 1989 - 19 | O que é no Trabalho “Não Há Bênção no que é Contado”? O que Significa no Trabalho que um “Homem Embriagado Não Deve Orar”? 1989 - 22 | Quais São as Quatro Perguntas que Fazemos Especificamente na Noite de Pesach? 1989 - 23 | O que é Significa no Trabalho: Se Engoliu a Maror [Erva Amarga], Não Cumpriu? 1989 - 40 | O que Significa no Trabalho que “Cada Dia Eles Serão Como Novos aos Teus Olhos” 1990 - 05 | O Que Significa no Trabalho Que a Terra Não Deu Fruto Antes do Homem Ser Criado O Que Significa no Trabalho, Colocar a Vela de Chanukah à Esquerda Por que razão a Torá é chamada de ‘Linha do Meio’ no Trabalho? - 2 O Que Significa no Trabalho Que a Bênção Não Se Encontra em Algo Que Está Contado? O que Significa no Trabalho que a “Taça de Benção Deve Estar Cheia”? O que Significa no Trabalho “Regressa Ó Israel ao Senhor Teu Deus”? O Que Significa no Trabalho: “As Boas Ações dos Justos São as Gerações”? O Que Significa no Trabalho que “O Rei Permanece no Seu Campo Quando a Colheita está Pronta”? Estas Velas São Sagradas O Que Significa "Entregaste os Fortes Nas Mãos dos Fracos" no Trabalho Espiritual? 1991 - 25 | O que Significa que Aquele que Se Arrepende Deve Fazê-lo em Alegria? 1991 - 27 | O que Significa no Trabalho: “Se a Mulher Conceber Primeiro, Dará à Luz um Filho”? O que significa no trabalho: 'Coma dos seus frutos neste mundo, e o principal permanece para o Mundo Vindouro'? O Que Significa no Trabalho “Torá” e “O Estatuto da Torá”

Michael Laitman

Biblioteca de Cabala "Principal" / Rabash / Artigos / 1989 - 06 | O Que é o ‘Acima da Razão’ no Trabalho

O Que é o ‘Acima da Razão’ no Trabalho


Artigo Nº 6, 1989
Está escrito na oração Musaf [suplementar] de Rosh Hashanah [Ano Novo Hebraico], “Assim disse o Senhor, Rei de Israel e o seu redentor, o Senhor dos Exércitos: ‘Eu sou o primeiro e Eu sou o último, e não há outro Deus para além de Mim.’” Devemos compreender as palavras “Rei de Israel”. Não é Ele o rei das nações do mundo? Afinal, Ele é o rei do mundo.
A questão é que devemos saber que tudo o que dizemos sobre o Criador não se refere ao Criador em Si próprio, como foi dito a este respeito: “Não há pensamento ou perceção alguma n’Ele.” Pelo contrário, todas as designações que atribuímos ao Criador refletem a forma como as criaturas O alcançaram segundo esses nomes, como está escrito: “Pelas Tuas ações, Te conhecemos.”
Portanto, embora o Criador seja o rei do mundo, mesmo que os seres criados não queiram reconhecer o Seu reino, Ele não precisa do seu consentimento para ser rei sobre eles. Ele governa sem lhes perguntar e faz o que deseja. Ninguém tem voz no mundo, exceto Ele, que faz o que quer e não necessita do consentimento dos seres criados, como está escrito: “Eu acredito com fé completa, e Ele sozinho faz, está a fazer e fará todas as ações.”
Contudo, poderíamos perguntar: se Ele é rei sobre nós sem nos consultar, porque devemos assumir o jugo do Seu reino, se Ele, de qualquer forma, governa sobre nós? A resposta é que devemos saber que Ele governa sobre nós, e antes que a pessoa assuma o jugo do reino dos céus acima da razão, ou seja, que não podemos compreender isto com a razão, e a pessoa não consegue ver que a Sua orientação é na forma de O Bom Que Faz o Bem. Pelo contrário, cada pessoa sente falta de prazer, de deleitar-se na sua vida. Cada um pensa que, se pudesse ver que recebe imediatamente aquilo por que ora e pede ao Criador, o que se chama “dentro da razão”, não teria de acreditar que o Criador ouve a oração, pois veria com os seus próprios olhos que o Criador a ajudou.
Mas quando ora ao Criador várias vezes e pensa que o Criador não lhe concede a sua oração, como se evidencia pelo facto de não ter recebido nada do que pediu, então a pessoa deve fortalecer-se e dizer que acredita no que está escrito: “Pois Tu ouves a oração de cada boca.” Como isto vai contra a razão, porque a razão lhe mostra que o Criador não lhe responde, quando ele supera e diz que, independentemente do que o intelecto e a razão o obrigam a acreditar, ele afirma: “Não estou a olhar, mas acredito nos sábios que nos disseram que o Criador ouve, de facto, a oração de cada boca”, isto chama-se “fé acima da razão.”
Ao assumir o jugo do reino dos céus desta forma, somos posteriormente recompensados com “E amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração” e com a equivalência de forma, chamada “vasos de doação”, os Kelim [vasos] nos quais o Criador doa o deleite e o prazer que Ele quis dar.
Agora compreendemos o que devemos alcançar ao coroar o Criador sobre nós, pois através disso adquirimos Kelim com os quais podemos deleitar-nos com o Criador. Portanto, enquanto não temos nenhuma conexão com o Criador, Ele não nos dá nada, ou seja, não podemos deleitar-nos de algo que não está em nós, ou seja, não podemos deleitar-nos com o Criador.
Apenas na medida em que a pessoa acredita no Criador, ela pode dizer que está a receber do Criador. No entanto, aquele que não acredita no Criador não pode receber d’Ele. Apenas na medida da fé n’Ele pode alguém receber d’Ele o que Ele deseja dar aos seres criados.
Contudo, é necessário muito trabalho para alcançar o nível de assumir o jugo do reino dos céus. 1) A pessoa deve saber que, se não tem fé no Criador, como pode pedir-Lhe algo? 2) O que lhe trará se tiver temor dos céus? Ou seja, pelo benefício de quem é que deve assumir o jugo do reino dos céus? É pelo seu próprio benefício ou pelo benefício do Criador? Se dissermos que é pelo benefício do Criador, a pergunta é: o que trará isto ao Criador se acreditarmos que Ele é o rei? O que isto Lhe acrescenta? Podemos compreender que um rei de carne e osso precisa de respeito, mas será que o Criador precisa que as criaturas O respeitem? Será que Ele depende dos Seus seres criados?
Isto é como está escrito na “Introdução do Livro do Zohar” (Item 191): “O temor, que é o mais importante, é quando se teme o Criador porque Ele é grande e governa sobre tudo. Ele é grande porque é a raiz da qual todos os mundos se expandem, e a Sua grandeza é vista pelas Suas ações. E Ele governa sobre tudo porque todos os mundos que Ele criou, superiores e inferiores, são considerados como nada em comparação com Ele, pois não acrescentam nada à Sua essência.” Ou seja, todas as criaturas não Lhe acrescentam nada.
Assim, por que precisamos de trabalhar pelo benefício do Criador, como está escrito: “Todas as tuas obras serão pelo benefício dos céus, e não pelo seu próprio benefício”? Afinal, o Criador não ganha nada com o nosso trabalho para Ele, porque Ele não tem carências. Então, por que precisamos de trabalhar para doar?
Na verdade, isto é apenas pelo benefício dos seres criados, pois através disso eles serão salvos da disparidade de forma com o Criador e serão recompensados com a equivalência de forma, chamada “Assim como Ele é misericordioso, assim tu és misericordioso.” Não é que Ele precise que trabalhemos para Ele, como se precisasse do respeito das criaturas. Pelo contrário, ao trabalhar pelo benefício do Criador, chamado “apenas pelo benefício dos céus”, as criaturas beneficiarão disso e terão deleite. Isto é chamado de que o Tzimtzum [restrição] e a ocultação foram para trazer à luz a perfeição das Suas ações, ou seja, para que as criaturas possam deleitar-se sem sentir qualquer vergonha. Este é o significado da equivalência de forma e da Dvekut [adesão] com o Criador.
Através disto, compreenderemos o que perguntámos sobre as palavras “Rei de Israel”. Não é Ele o rei das nações do mundo? A resposta é que, no trabalho espiritual, cada pessoa é um mundo completo, como está escrito no Zohar. Por esta razão, o homem é composto pelas nações do mundo e por Israel. Portanto, o significado de “Rei de Israel” é que, quando a pessoa assume sobre si o reino dos céus, Ele é chamado “Rei de Israel”.
Ou seja, “Israel” significa Yashar-El [direto ao Criador], quando a pessoa declara que Ele é o seu rei. Ou seja, ela não diz que o Criador é o rei do mundo do Seu próprio ponto de vista, ou seja, sem que os seres criados aceitem o Seu reino sobre eles por sua própria vontade. Pelo contrário, “Rei de Israel” significa que a pessoa, conscientemente, assume o jugo do reino dos céus.
As “nações do mundo” significam que Ele governa sobre elas de forma inconsciente. Ou seja, o Criador é o rei do mundo, embora elas não tenham noção da fé no Criador e nem sequer queiram pensar na questão do reino dos céus. Isto é considerado que o Criador é o rei das nações do mundo, ou seja, governa sobre elas e faz o que deseja sem que elas tenham consciência de que Ele faz e fará todas as ações. É por isso que, quando se diz “Rei de Israel”, refere-se àqueles que assumiram o reino dos céus de forma consciente e voluntária. Isto é chamado “Rei de Israel”.
Como está escrito (Avot 3:20), “A pessoa retribui consciente e inconscientemente.” “Conscientemente” significa “Rei de Israel”, e “inconscientemente” refere-se às nações do mundo, sobre as quais Ele governa embora a pessoa esteja inconsciente e não dedique um único pensamento à fé. Este aspeto do homem é chamado “as nações do mundo dentro da pessoa”.
Desta forma, “Assim disse o Senhor, Rei de Israel” significa que, para aqueles que assumiram o jugo do Seu reino, está escrito, “seu redentor, o Senhor dos Exércitos”. Ou seja, eles sentem que o Criador os redimiu das nações do mundo, cujo controlo está no intelecto e no coração. “No intelecto” significa que as nações do mundo dizem que apenas o que a razão confirma é verdadeiro, e não permitem que a pessoa siga pelo caminho de acreditar acima da razão. “No coração” significa que não deixam a pessoa sair do amor-próprio. Pelo contrário, dizem que o que o coração deseja e sente que é para o seu próprio benefício, essas ações são permitidas. Mas se a pessoa quer trabalhar para doar, elas resistem com todas as suas forças e a pessoa não consegue sair do seu controlo. Em vez disso, o próprio Criador redime-a do seu domínio.
Este é o significado das palavras “Rei de Israel e o seu redentor”. Ou seja, assim que assumiram o reino dos céus, chamado “Rei de Israel”, eles alcançam (espiritualmente) que o Criador é o seu redentor, significando que apenas o Criador os redimiu do controlo do mal, e eles próprios eram impotentes para o fazer.
Desta forma, devemos interpretar as palavras “Senhor dos Exércitos”. Este nome significa, como Baal HaSulam interpretou, que Tzevaot [exércitos] são duas palavras: Tze [sair] e Bo [vir]. Ou seja, Tzava [exército] são homens de guerra. Estes são aqueles que vão todos os dias lutar contra a inclinação ao mal. Eles são chamados de “exército”. Portanto, depois de serem recompensados com a redenção, ou seja, depois de vencerem a inclinação ao mal e saírem do controlo do mal, a sua conduta no trabalho é através de ascensões e descidas, o que é chamado Tzevaot [plural de Tzava (exército)]. Ou seja, por vezes saem do seu controlo e depois voltam a estar sob o seu controlo. Assim, o nome para ascensões e descidas é Tzevaot.
Durante o trabalho, a pessoa deve dizer: “Se eu não fizer por mim, quem fará por mim?” Nesse momento do trabalho, eles pensam que são eles próprios que realizam as ascensões e descidas, que são homens de guerra, chamados Tzava, “homens valentes”. Depois, quando são redimidos, alcançam (espiritualmente) que o Senhor é dos Exércitos [Tzevaot], ou seja, que o Criador causou todas as ascensões e descidas que tiveram.
Ou seja, até as descidas vêm do Criador. A pessoa não passa por tantas ascensões e descidas sem motivo. Pelo contrário, o Criador causou todas essas saídas. Podemos interpretar “saída” como “saída da Kedusha [santidade]”, e Ba [vir] como “vir para a Kedusha”. O Criador faz tudo. Assim, após a redenção, o Criador é chamado “Senhor dos Exércitos”. E quem é Ele? “O Rei de Israel e o seu redentor”.
Assim, devemos interpretar o que está escrito: “Os libertadores subirão ao Monte Sião para julgar a montanha de Esaú”. Har [montanha] significa Hirhurim [pensamentos/contemplações], que são pensamentos que levam ao estado de Sião, da palavra Yetziot [saídas]. Monte Sião significa contemplações e pensamentos que trazem descidas à pessoa, ou seja, que ela se ejeta da Kedusha. Esses pensamentos — será revelado mais tarde — são de onde os libertadores ascenderam, “para julgar a montanha de Esaú”.
A “montanha de Esaú” significa pensamentos e contemplações pertencentes ao ímpio Esaú. “Julgar” significa conquistar e subjugar as contemplações do ímpio Esaú. E qual é o significado de “Os libertadores subirão”? Quem os libertou para conquistar a montanha de Esaú? É o Monte Sião. Ou seja, os pensamentos que os fizeram sair da Kedusha, ou seja, as descidas, são os mesmos que os ajudaram a conquistar a montanha de Esaú.
Como está escrito: “Do próprio golpe, Ele faz um curativo.” O facto de terem tido descidas, chamado “um golpe”, pois nesse momento caíram da Kedusha para a autoridade da Sitra Achra [outro lado], disto veio apenas o bem. Isto também é chamado, como está escrito: “Ele faz descer ao submundo e Ele nos eleva.” Ao ver que é pior do que todos os outros, isso faz com que faça o que pode e não descanse até ver que o Criador o tirou e o libertou do controlo do ímpio Esaú. Este é o significado das palavras: “Os libertadores subirão ao Monte Sião para julgar a montanha de Esaú”.
Está escrito: “E o reino será do Senhor.” Isto significa que, especificamente então, o reino será do Criador, ou seja, durante a redenção, como está escrito: “O Rei de Israel e o seu redentor”.
E antes disso, o reino não é do Senhor? Quem mais governa o mundo? Devemos interpretar que Malchut tem dois nomes: 1) Sião, 2) Jerusalém. No trabalho, devemos dizer que Sião é quando ela ainda não está revelada em si própria. Isto é chamado Malchut que está dentro, ou seja, ainda não é evidente para as criaturas que Malchut é a governante do mundo, e que não há outra força no mundo, e apenas o Criador é o rei. Este discernimento ainda está oculto das criaturas. Este aspeto de Malchut é chamado “Sião”, significando Yetziot [saídas] da Kedusha.
Naquele momento, a pessoa pensa que a Sitra Achra a governa, pois sente que não tem necessidade por espiritualidade. Isto significa que a fé na grandeza do Criador está oculta. Por vezes, ela abandona o trabalho a tal ponto que esquece completamente a existência do trabalho do Criador. Isto é considerado como uma queda do seu estado, quando trabalhava com entusiasmo e pensava que, a partir daquele dia, permaneceria permanentemente no trabalho sagrado.
Contudo, após algum tempo, ela percebe subitamente que foi completamente expelida da Kedusha. Ou seja, não se recorda do ponto zero, ou seja, não consegue lembrar o momento em que foi expelida da Kedusha e caiu para o mundo corpóreo, pois, durante a queda, a pessoa está inconsciente e não se recorda de nada. Tal como na corporeidade, quando a pessoa cai de um lugar elevado, não se lembra de ter caído. Apenas quando recobra a consciência, percebe que está no hospital. Assim é no trabalho.
Isto é considerado como “Sião”. Ou seja, no momento da redenção, quando vê abertamente o reino dos céus, ela alcança que o Criador a libertou do ímpio Esaú. Então, Malchut é chamada “Jerusalém”, cuja governação está revelada. Este é o momento de perceber que todas aquelas descidas também vieram do rei. Ou seja, todas as contemplações e pensamentos alheios que tiveram, não havia ali outra força, mas o Criador enviou-os. Ou seja, o Criador também enviou as descidas, para que, através delas, precisassem da ajuda do Criador.
Portanto o Monte Sião — como foi dito, que “os libertadores subirão para julgar a montanha de Esaú” — agora dizem que o Monte Sião também era Malchut, chamada “Sião”. Ou seja, o seu poder estava oculto, e ela ajudou a julgar a montanha de Esaú. Ou seja, conquistaram a qualidade do ímpio Esaú, o que significa que corrigiram a qualidade de Esaú, e agora alcançam (espiritualmente) que não há outra força no mundo.
Este é o significado de “E o reino será do Senhor”, ou seja, agora veem que o reino era do Senhor também antes, e não apenas agora, mas também anteriormente, pois Não há Nada Além d’Ele. Agora que foram redimidos, alcançam  (espiritualmente) que assim era também antes.
No entanto, durante a ocultação, também devemos acreditar que o Criador faz tudo. Mas isto está acima da razão. Pelo contrário, agora alcançam  (espiritualmente) que assim é. Contudo, depois, será necessário chegar ao fim da correção, que é chamado “no futuro”, e nesse momento, “O Senhor será rei sobre toda a terra”, ou seja, até sobre as nações do mundo. Isto significa que o Criador também se revelará entre as nações do mundo, como está escrito: “Pois todos Me conhecerão, desde o menor até ao maior deles.”
Isto é chamado “O Senhor é rei sobre toda a terra”. Ou seja, mesmo antes do fim da correção, o Criador é o rei sobre toda a terra, mas isto é chamado “inconscientemente”. Ou seja, não sabem que o Criador é o líder do mundo, como está escrito (na Oração Matinal, na secção Shema de Korbanot): “Quem, em todas as Tuas ações, nas superiores e nas inferiores, Te dirá o que fazer e como trabalhar?” Apenas Ele faz tudo, e não há outra força no mundo além d’Ele.
Contudo, isto refere-se ao povo de Israel, que acredita no Criador. Em relação a eles, podemos dizer que o Criador é o rei. Ou seja, conscientemente, o que significa que também eles sabem que o Criador reina sobre eles. Não é necessariamente que o próprio Criador saiba que é o rei, o que é chamado “inconscientemente”. Pelo contrário, eles assumem sobre si o fardo do reino dos céus como fé acima da razão, e consideram-no como se estivesse dentro da razão.
Isto é chamado “conscientemente”, ou seja, no trabalho, “fé acima da razão” significa que devemos acreditar, embora o intelecto não veja que assim é, e tenha várias provas de que não é como deseja acreditar. Isto é chamado “fé acima da razão”, ou seja, ele diz que acredita como se o visse dentro da razão. Isto é chamado “fé acima da razão” no trabalho.
Ou seja, é um grande trabalho para a pessoa assumir isto sobre si; é contra a razão. Isto significa que o corpo não concorda com isto, mas mesmo assim ele aceita-o como se estivesse dentro da razão. Tal fé requer ajuda do Criador. Por esta razão, para tal fé, a pessoa precisa de orar para que Ele lhe dê o poder de ser semelhante a Ele, como se o tivesse alcançado dentro da razão.
Portanto, a pessoa não deve orar ao Criador para a ajudar a entender tudo dentro da razão. Em vez disso, deve orar ao Criador para lhe dar a força de assumir a fé acima da razão como se estivesse dentro da razão.
Mas, antes disto, ele deve ter fé nos sábios de que tal é a vontade do Criador — assumirmos sobre nós a fé no Criador acima da razão. E aqui, nesta ordem, começam as ascensões e descidas. Por vezes, ele fortalece-se na fé, e por vezes cai do seu nível e deve acreditar, enquanto ora ao Criador, que Ele o ajude. Contudo, não vê que recebeu a ajuda de que precisa.
Então, também, deve acreditar acima da razão que tudo vem do Criador, e ao mesmo tempo dizer: “Se eu não fizer por mim, quem fará por mim?” Então, chega ao estado do “Monte Sião” e, depois, ao estado da “montanha de Esaú”, pois todo o trabalho naquele momento — antes de sermos recompensados com a redenção — é para sair do seu controlo.
Naquele momento, conhecemos o trabalho, como está escrito: “Assim disse o Senhor, Rei de Israel e o seu redentor, o Senhor dos Exércitos: ‘Eu sou o primeiro, e Eu sou o último, e não há Deus para além de Mim,’ e o reino será do Senhor, e o Senhor será rei sobre toda a terra.” É como está escrito: “Todos os que são carne chamarão em Teu nome, para se voltarem para Ti todos os ímpios da terra; todos os habitantes do mundo saberão e reconhecerão.” Ou seja, naquele momento, todos saberão que o Criador é o rei, e antes disso, apenas o povo de Israel sabe que Ele é o rei.