Encontro Local #41 - Continuação do Curso Prático num Grupo Cabalístico e "A Essência da Sabedoria da Cabala"
Esta semana, continuamos o estudo de textos cabalísticos autênticos num grande grupo, particularmente "A Essência da Sabedoria da Cabala" pelo Rabino Yehuda Leib Ha-Levi Ashlag (Baal HaSulam). Para além disso, estamos a rever e a trabalhar sobre os tópicos discutidos no "Curso Prático num Grupo Cabalístico".
Encontro Local
"A Essência da Sabedoria da Cabala"
Rav Yehuda Ashlag, Baal HaSulam
A Linguagem dos Cabalistas é uma Linguagem de Ramos
Isto significa que os ramos indicam as suas raízes, sendo os seus moldes que obrigatoriamente existem no mundo superior. Isto porque não há nada na realidade do mundo inferior que não provenha do seu mundo superior. Assim como a chancela e a impressão, a raiz no mundo superior obriga o seu ramo, no mundo inferior, a revelar toda a sua forma e atributo, como disseram os sábios: a fortuna no mundo superior, relacionada com a erva no mundo inferior, encoraja essa erva e força-a a completar o seu crescimento. Por isso, cada ramo neste mundo define claramente o seu molde situado no mundo superior.
E desta forma, os cabalistas descobriram um vocabulário fixo e anotado, suficiente para criar uma excelente linguagem falada. Esta permite-lhes conversar entre si sobre os assuntos relacionados com as raízes espirituais nos mundos superiores, mencionando apenas o ramo inferior e tangível neste mundo, o qual é claramente definido pelos nossos sentidos corpóreos.
Os ouvintes compreendem a raiz superior a que este ramo corpóreo alude, pois está relacionado com ela, sendo a sua impressão. Assim, todos os seres da criação tangível e todas as suas manifestações tornaram-se para eles como palavras e nomes bem definidos, indicando as raízes espirituais elevadas. Embora não seja possível uma expressão verbal no seu lugar espiritual, dado que está acima de qualquer imaginação, adquiriram o direito de ser expressos através dos seus ramos, dispostos perante os nossos sentidos no mundo tangível.
Esta é a natureza da linguagem falada entre os cabalistas, através da qual transmitem as suas conquistas espirituais de pessoa para pessoa e de geração em geração, tanto oralmente como por escrito. Compreendem-se plenamente uns aos outros, com toda a precisão necessária para dialogar, na investigação da sabedoria, utilizando definições rigorosas que não permitem equívocos. Isto porque cada ramo possui a sua definição natural e única, e esta definição absoluta aponta para a sua raiz no mundo superior.
Tenha em consideração que esta linguagem de ramos da sabedoria da Cabala é mais adequada para explicar os termos da sabedoria, do que todas as nossas línguas habituais. É sabido, pela teoria do nominalismo, que as linguagens foram corrompidas pelas massas; ou seja, devido ao uso excessivo das palavras, estas vão ficando vazias do seu conteúdo preciso, resultando daí grandes dificuldades para transmitir deduções precisas de uma pessoa para outra, seja por via oral ou escrita.
Isto não acontece com a Linguagem de Ramos da Cabala: ela deriva dos nomes das criações e dos seus acontecimentos, dispostos diante dos nossos olhos e definidos pelas leis imutáveis da natureza. Os leitores e ouvintes nunca serão induzidos em erro na interpretação das palavras que lhes são apresentadas, pois as definições naturais são absolutas e inquebráveis.
Transmissão de um Sábio Cabalista para um Recetor Compreensivo
Assim escreveu Nachmanides na sua introdução ao seu comentário sobre a Torá, e Rav Chaim Vital também escreveu de forma semelhante no ensaio Pesi'ot: “Os leitores devem saber que não vão compreender uma única palavra de tudo o que está escrito nestes ensaios, a menos que sejam transmitidos por um sábio cabalista para o ouvido de um recetor sábio que compreenda com o seu próprio intelecto.” Além disso, nas palavras dos nossos sábios (Hagigah 11b): “Não se estuda a Merkavá [estrutura/epíteto da sabedoria da Cabala] por conta própria, a menos que seja sábio e compreenda com o seu próprio intelecto.”
As suas palavras são completamente compreendidas quando dizem que se deve receber de um sábio cabalista. Mas por que é necessária a sabedoria e compreensão do discípulo com o seu próprio intelecto? Mais ainda, se não for assim, ele não deve ser ensinado, seja ele a pessoa mais justa do mundo. Adicionalmente, se alguém já for sábio e compreender com o seu próprio intelecto, que necessidade terá de aprender com os outros?
A partir do exposto, as suas palavras são compreendidas com total simplicidade: Vimos que todas as palavras e expressões que as nossas línguas pronunciam não podem ajudar-nos a esclarecer sequer uma única palavra sobre os assuntos espirituais e divinos, acima do tempo e espaço imaginários. Em vez disso, existe uma linguagem especial para estes assuntos, a Linguagem dos Ramos, de acordo com a sua relação com as suas raízes superiores.
No entanto, esta linguagem, embora seja muito adequada para a sua tarefa de aprofundar os estudos desta sabedoria, mais do que outras línguas, só o é se o ouvinte for sábio por si mesmo, ou seja, se souber e compreender a forma como os ramos se relacionam com as suas raízes. Isto deve-se ao facto destas relações não serem de todo claras quando se observa do inferior para o superior. Ou seja, é impossível fazer qualquer dedução ou suposição sobre as raízes superiores observando os ramos inferiores.
Pelo contrário, o inferior estuda-se a partir do superior. Assim, deve-se primeiro alcançar as raízes superiores tal como elas são na espiritualidade, acima de qualquer imaginação e com uma realização verdadeira, como foi explicado no ensaio “A Essência da Sabedoria da Cabala,” Item 4, “A Realidade na Sabedoria da Cabala.” E uma vez que tenha alcançado completamente as raízes superiores com o seu próprio intelecto, poderá examinar os ramos tangíveis neste mundo e saber como cada ramo se relaciona com a sua raiz no mundo superior, em todas as suas ordens, tanto em quantidade como em qualidade.
Quando alguém conhece e compreende completamente tudo isto, ele tem uma linguagem comum com o seu Professor, ou seja, A Linguagem dos Ramos. Usando-a, o sábio cabalista pode transmitir todos os estudos da sabedoria, realizados nos mundos espirituais superiores, tanto o que recebeu dos seus Professores como as expansões na sabedoria que descobriu por si mesmo. Isto acontece porque agora eles têm uma linguagem comum e compreendem-se mutuamente.
No entanto, quando um discípulo não é sábio e não compreende essa linguagem por si mesmo, ou seja, como os ramos indicam as suas raízes, naturalmente, o Professor não pode transmitir sequer uma única palavra desta sabedoria espiritual, muito menos negociar com ele no escrutínio da sabedoria. Como não possuem uma linguagem comum que possam usar, ficam como mudos. Assim, é necessário que o Maase Merkava, que é a sabedoria da Cabala, não seja ensinado a menos que a pessoa seja sábia e compreenda com o seu próprio intelecto.
Devemos perguntar ainda: Como então, o discípulo se tornou tão sábio a ponto de conhecer as relações entre ramo e raiz através da investigação das raízes superiores? A resposta é que aqui os esforços do homem são em vão; é da ajuda do Criador que precisamos! Ele preenche aqueles a quem favorece com sabedoria, entendimento e conhecimento para obter feitos elevados. Aqui é impossível receber auxílio de qualquer ”carne e osso!”
De facto, uma vez que Ele se tenha afeiçoado a uma pessoa e lhe tenha concedido a realização sublime, essa pessoa está então pronta para vir e receber a vastidão da sabedoria da Cabala de um cabalista sábio, pois só agora é que possuem uma linguagem comum.
Designações Estranhas ao Espírito Humano
Com tudo o que foi dito acima, é possível compreender por que razão, por vezes, encontramos designações e termos que são muito estranhos ao espírito humano nos livros de Cabala. Estes abundam nos livros fundamentais da Cabala, como O Livro do Zohar, os Tikkunim, e os livros do ARI. De facto, é surpreendente perceber porque é que estes sábios usaram designações tão humildes para expressar noções tão elevadas e sagradas.
No entanto, vão entender perfeitamente isto assim que adquirirem as noções acima mencionadas. Isto porque agora está claro que nenhuma linguagem no mundo pode ser usada para explicar esta sabedoria, excepto aquela que seja destinada para esse fim, nomeadamente, a linguagem dos ramos, de acordo com as suas relações com as raízes superiores.
Assim, obviamente, nenhum ramo ou ocorrência de ramo deve ser negligenciado devido ao seu nível inferior, ou deixar de ser usado para expressar o conceito desejado nas interconexões da sabedoria, dado que não há outro ramo no nosso mundo que possa ocupar o seu lugar.
Como não existem dois cabelos que se alimentam do mesmo folículo, não temos dois ramos que se relacionem com uma única raiz. Portanto, ao deixar de utilizar um acontecimento, perdemos o conceito espiritual correspondente a ele no mundo superior, pois não temos uma única palavra que o substitua e indique essa raiz. Além disso, tal acontecimento prejudicaria toda a sabedoria em toda a sua vastidão, dado que agora falta um elo na cadeia da sabedoria ligado a esse conceito.
Isto mutila toda a sabedoria, pois não existe outra sabedoria no mundo onde as questões estejam tão fundidas e entrelaçadas através de causa e efeito, primário e consequente, como na sabedoria da Cabala, que está ligada de cima a baixo tal como uma longa cadeia. Portanto, perante a perda temporária de um pequeno conhecimento, toda a sabedoria escurece diante dos nossos olhos, pois todos os seus assuntos estão estreitamente ligados uns aos outros, fundindo-se literalmente num só.
Assim, não se podem surpreender com o uso ocasional de designações estranhas. Eles não têm liberdade de escolha quanto às designações, para substituir o mau pelo bom ou o bom pelo mau. Devem usar sempre o ramo ou o acontecimento, que aponta precisamente para a sua raiz superior em toda a sua extensão necessária. Além disso, os assuntos devem ser expandidos de forma a proporcionar uma definição precisa aos olhos dos seus leitores.
Discussão Aberta
Explique o que entende por "Aprender de um Sábio Cabalísta"?
Como gostaria que o seu estudo de Cabala se desenvolvesse?
Antes de passar para o próximo Artigo, o que gostaria de entender mais profundamente acerca deste?
Curso Prático num Grupo Cabalístico - Lição #13
Anulação
Perguntas de Workshop
1) Explique o que entende acerca da anulação ser algo mútuo entre amigos?
2) Por que a construção de importância pela espiritualidade é necessário no Caminho Espiritual?
Até Amanhã!