Encontro Local #37 - Continuação do Curso de trabalho Prático num Grupo Cabalístico e artigo "A Liberdade"
Esta semana, continuamos o estudo de textos cabalísticos autênticos num grupo, particularmente a Curso de trabalho Prático num Grupo Cabalístico e última semana sobre "A Liberdade" do Rabino Yehuda Leib Ha-Levi Ashlag (Baal HaSulam). Além disso, estamos a rever e a trabalhar os tópicos discutidos no "Curso de trabalho Prático num Grupo Cabalístico".
Na primeira parte da reunião local, vamos voltar novamente a:
Conclusão do artigo "A Liberdade".
Na segunda parte, vamos continuar um tema central no "Curso de trabalho Prático num Grupo Cabalístico" na quarta-feira:
Crítica como um Meio para o Avanço Espiritual
Encontro Local
"A Liberdade"
Rav Yehuda Ashlag, Baal HaSulam
Um Caminho de Torá e um Caminho de Sofrimento
Ainda assim, a nossa questão sobre a regressão, que surgiu desta lei, não está resolvida através destas palavras. De facto, esta é a nossa preocupação — encontrar formas de corrigir isto. Porém, a Providência, em si, não perde com isso, pois faz evoluir a humanidade de duas formas — o “caminho da Torá” e o “caminho do sofrimento” — de modo a garantir o seu desenvolvimento e progresso contínuos em direção ao objetivo, sem qualquer reserva (“A Paz”, “Tudo Está em Depósito”). De facto, obedecer a esta lei é um compromisso natural e necessário.
O Direito do Coletivo de Expropriar a Liberdade do Indivíduo
Devemos questionar ainda mais profundamente: as coisas são justificadas quando se trata de questões entre pessoas. Nesses casos, podemos aceitar a lei de “Seguir o Coletivo” através da obrigação imposta pela Providência, que nos instrui zelar sempre pelo bem-estar e felicidade dos seus membros. Mas a Torá obriga-nos a seguir a lei de “Seguir o Coletivo” também em disputas entre o homem e o Criador, ainda que estas questões pareçam completamente irrelevantes à existência da sociedade.
Portanto, a questão persiste: como podemos justificar essa lei, que nos obriga a aceitar as opiniões da maioria — que, como dissemos, é subdesenvolvida — e a rejeitar e anular as opiniões dos desenvolvidos, que são sempre uma pequena minoria?
Como mostramos no segundo tratado (“A Essência da Religião e o Seu Propósito”, “Desenvolvimento Consciente e Desenvolvimento Inconsciente”), a Torá e as Mitzvot foram dadas apenas para purificar Israel, desenvolvendo em nós o reconhecimento do mal que nos é inerente desde o nascimento, geralmente definido como amor-próprio, e conduzir-nos ao bem puro, definido como “amor ao próximo”, que é a única passagem para o amor ao Criador.
Assim, as Mitzvot entre o homem e o Criador são consideradas ferramentas que afastam o homem do amor-próprio, que é prejudicial para a sociedade. É, portanto, evidente que os temas de disputa relativos às Mitzvot entre o homem e o Criador se relacionam com o problema da sustentabilidade da sociedade. Consequentemente, estes também se enquadram no âmbito da lei de “Seguir o Coletivo”.
Agora podemos compreender a distinção entre Halachah [lei judaica] e Agadah [lendas]. Isto porque apenas nas Halachot [plural de Halachah] se aplica a lei de que “individual e coletivo, Halachah (a lei) como o coletivo”. O mesmo não se aplica à Agadah, uma vez que os assuntos abordados na Agadah estão acima das questões que dizem respeito à existência da sociedade, pois falam especificamente da conduta das pessoas em questões que envolvem o homem e o Criador, naquilo que não afeta a existência e a felicidade física da sociedade.
Portanto, não há justificação para o coletivo anular a opinião do indivíduo, e “cada homem fará aquilo que é justo aos seus próprios olhos”. No entanto, quanto às Halachot que tratam da observância das Mitzvot da Torá, todas estão sob a supervisão da sociedade, uma vez que não pode haver nenhuma ordem senão através da lei de “Seguir o Coletivo.”
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A Crítica Traz Sucesso; a Falta de Crítica Causa Decadência
Devemos ainda acrescentar que a realidade apresenta aos nossos olhos uma oposição extrema entre assuntos físicos e conceitos e ideias, relativamente ao tema acima referido pois a questão da unidade social, que pode ser a fonte de toda a alegria e sucesso, aplica-se particularmente aos corpos e às questões materiais das pessoas, enquanto a separação entre elas é a origem de todas as calamidades e infortúnios.
Contudo, no que toca a conceitos e ideias, a situação é completamente oposta: a unidade e a ausência de crítica são consideradas a origem de todos os fracassos e obstáculos ao progresso e à fertilização intelectual. Isto porque a formulação de conclusões corretas depende particularmente do aumento de divergências e da separação entre opiniões. Quanto mais contradições houver entre as opiniões e quanto maior for a crítica, mais vão aumentar o conhecimento e a sabedoria, tornando os assuntos mais aptos à análise e clarificação.
A decadência e o fracasso da inteligência resultam apenas da ausência de crítica e de divergência. Assim, é evidente que toda a base do sucesso físico reside na medida da união da sociedade, enquanto que a base do sucesso da inteligência e do conhecimento depende da separação e do desacordo entre as opiniões.
Conclui-se, então, que quando a humanidade alcançar o seu objetivo em relação ao bem-estar físico, ao elevar-se ao nível de amor pleno ao próximo, todos os corpos do mundo vão unir-se num único corpo e num único coração, conforme está escrito no artigo “A Paz.” Só então toda a felicidade destinada à humanidade vai revelar-se em toda a sua glória. Mas, paralelamente, devemos estar atentos para não aproximar em demasia as opiniões das pessoas, ao ponto de extinguir a discordância e a crítica entre os sábios e estudiosos, pois o amor ao corpo traz consigo, de forma natural, uma proximidade de opiniões. Se a crítica e o desacordo desaparecerem, todo o progresso em conceitos e ideias vai cessar também, e a fonte do conhecimento no mundo vai secar.
Esta é a prova da obrigação de zelar pela liberdade do indivíduo no que toca a conceitos e ideias. Todo o desenvolvimento da sabedoria e do conhecimento assenta nessa liberdade individual. Por isso, somos advertidos a preservá-la cuidadosamente, de modo a que cada forma existente em nós, a que chamamos “indivíduo” — ou seja, a força particular de cada pessoa, geralmente designada por “desejo de receber” — seja protegida.”
Herança Ancestral
Todos os detalhes das características que este desejo de receber inclui, que definimos como a origem ou a causa primária, cujo significado inclui todas as tendências e costumes herdados dos seus antepassados, que imaginamos como uma longa cadeia de milhares de pessoas que viveram no passado e que se encontram, figurativamente, sobrepostas. Cada uma delas constitui uma gota essencial dos seus progenitores, e essa gota transmite a cada pessoa todos os bens espirituais dos seus ascendentes, depositados no cérebro alongado, denominado “subconsciente.” Assim, o indivíduo que temos diante de nós possui, no seu subconsciente, milhares de legados espirituais provenientes de todos os indivíduos representados nessa cadeia, que são os seus progenitores e antepassados.
Portanto, assim como o rosto de cada pessoa é único, também as suas opiniões diferem. Não existem duas pessoas na Terra com opiniões idênticas, pois cada uma possui um património sublime e valioso que lhe foi transmitido pelos seus antepassados, do qual os outros não possuem qualquer parcela.
Por conseguinte, todos esses bens são considerados propriedade do indivíduo, e a sociedade deve cuidar de preservar o seu carácter e espírito, de modo a que não se diluam no ambiente. Pelo contrário, cada indivíduo deve manter intacta a sua herança. Assim, a contradição e a oposição entre eles vão permanecer para sempre, garantindo eternamente a crítica e o progresso da sabedoria, que constitui a verdadeira vantagem e o desejo eterno da humanidade.
Depois de alcançarmos uma certa medida de reconhecimento do egoísmo humano, que determinamos como uma força e um desejo de receber, sendo o ponto essencial do ser em estado natural, também se tornou claro para nós de forma plena, sob todos os aspetos, o património original de cada corpo, que definimos como “herança ancestral.” Isto diz respeito a todas as tendências e qualidades potenciais que lhe foram transmitidas pela hereditariedade, sendo a substância inicial de cada pessoa, ou seja, a semente primordial dos seus antepassados.
Agora, encontrámos a porta para compreender a intenção dos nossos sábios nas suas palavras de que, ao receberem a Torá, foram libertados do anjo da morte. Contudo, ainda precisamos de uma compreensão mais profunda acerca do egoísmo e da referida herança ancestral.
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Liberdade do Anjo da Morte
Agora, depois de tudo o que aprendemos, encontramos uma forma de compreender verdadeiramente as palavras dos nossos sábios quando disseram: “‘Harut [gravado] nas pedras,’ não pronunciem Harut [gravado] , mas sim Herut [liberdade], pois foram libertados do anjo da morte.”
Nos artigos “Matan Torah” e “A Arvut,” foi explicado que, antes da entrega da Torá, eles tinham assumido a renúncia a qualquer propriedade privada, até ao ponto expresso nas palavras “um reino de sacerdotes” e no propósito de toda a criação—aderir a Ele em equivalência de forma com Ele: assim como Ele doa e não recebe, também eles vão doar e não receber. Este é o último nível de Dvekut [adesão], expresso nas palavras “uma nação sagrada”, conforme escrito no final do artigo “A Arvut.”
Já expliquei que a essência do homem, ou seja, o seu egoísmo, definido como o desejo de receber, é apenas metade de algo e só pode existir quando revestido por alguma imagem de posse ou esperança de posse. Só então o nosso ser se completa e pode ser chamado de “a essência do homem.”
Assim, quando os filhos de Israel foram recompensados com a Dvekut completa, naquela ocasião sagrada, os seus vasos de receção esvaziaram-se totalmente de qualquer posse mundana, e aderiram a Ele em equivalência de forma. Isto significa que não tinham qualquer desejo por posses próprias, a não ser na medida em que pudessem proporcionar contentamento para que o seu Criador se deleitasse com eles.
E, uma vez que o seu desejo de receber se revestiu na imagem desse objetivo, revestiu-se e fundiu-se com ele em completa unidade. Assim, foram certamente libertados do anjo da morte, pois a morte é, necessariamente, uma ausência e negação da existência de algo. Mas só enquanto houver uma centelha que deseja existir para o seu próprio prazer, é que se pode dizer que essa centelha não existe, pois se tornou ausente e morreu.
Contudo, se essa centelha não existir no homem, mas todas as centelhas do seu egoísmo se revestirem de doação de contentamento ao Criador, ele não se tornará ausente nem morrerá. Mesmo quando o corpo é anulado, é apenas anulado em relação à receção para benefício próprio, na qual o desejo de receber se reveste e só pode existir nela.
No entanto, quando o homem alcança o objetivo da criação e o Criador recebe prazer dele, uma vez que a Sua vontade é cumprida, à essência do homem, que se reveste no Seu contentamento, é concedida eternidade completa , tal como Ele. Assim, é recompensado com a liberdade do anjo da morte. Este é o significado das palavras da Midrash (Midrash Rabbah, Shemot, 41): “Liberdade do anjo da morte.” E na Mishná (Avot, Capítulo 6): “‘Harut [gravado] nas pedras; não pronunciem Harut [gravado], mas sim Herut [liberdade], pois ninguém é livre, a menos que se dedique ao estudo da Torá.”
Conversa Aberta
Dê exemplos que expliquem o Caminho do Sofrimento e o Caminho da Torá.
De tudo o que aprendemos, como se relaciona agora com este conceito de "seguir o coletivo" e "seguir o índivíduo"?
De acordo com o texto, qual é a importância do "indivíduo"?
Curso Trabalho Prático num Grupo Cabalístico - Lição #9
Crítica como meio de Avança Espiritual
Perguntas de Workshop
1) Do que aprendemos, o que podemos fazer com a crítica que podemos ter dos outros, ou de nós próprios?
2) Como podemos manter a nossa sociedade coesa e conectada, sem a prejudicar, quando sentimos que a conexão pode ser aumentada, como sugerir formas de avançar?
Até Amanhã!