Encontro Local #30 - Estudo de um texto cabalístico: "A Liberdade" Parte 3
Esta semana, estamos a continuar o estudo de textos cabalísticos autênticos em grupo, particularmente a terceira semana sobre o Artigo "A Liberdade" do Rabino Yehuda Leib Ha-Levi Ashlag (Baal HaSulam).
Na reunião local, voltamos a alguns pontos chave do artigo.
Quatro fatores
Os temas da porção desta semana do artigo "A Liberdade" são os quatro fatores.
Encontro Local
Artigo "A Liberdade"
Esta semana continuamos a leitura dos esclarecimentos de Baal HaSulam relativos à liberdade de escolha.
Como mencionámos anteriormente, Baal HaSulam escreveu extensivamente para ajudar os estudantes a alcançar o propósito da criação - atingir equivalência de forma com as qualidades do Criador (amor e doação). Esta semana, lemos sobre os quatro fatores.
No Encontro local, vamos ler alguns excertos do artigo e, em seguida, tentar entender o que está a acontecer no texto, seguido de outra leitura e discussões sobre os tópicos.
Primeiro, uma rápida recapitulação da semana passada.
1. O Princípio de Causa e Efeito
A lei da causalidade (causa e efeito) é uma lei fundamental na natureza.
Afirma que nenhuma formação ou ação no mundo surge como existência a partir da ausência, mas como existência a partir da existência.
2. Transformação de Formas
Tudo abandona a sua forma anterior e adquire uma nova.
Todos os acontecimentos ou estados são impulsionados por causas anteriores que o obrigaram a mudar de uma maneira específica — e não de outra.
3. Um Propósito por Trás de Todas as Causas
Todas as causas e efeitos servem a um propósito: o Pensamento da Criação.
Este propósito foi estabelecido como "O fim do ato está no pensamento preliminar", e é conhecido de antemão.
Inclui o desejo do Criador, o processo de desenvolvimento e o estado final.
4. Sem Acontecimentos Aleatórios
Não há acontecimentos aleatórios — tudo é predeterminado pelo propósito da criação.
A criação segue leis fixas e absolutas.
Não vemos as leis, por isso os acontecimentos parecem aleatórios.
5. Ilusão de Liberdade
Todas as partes da natureza evoluem.
Isso cria nos humanos uma sensação de singularidade.
A mudança constante dá origem à ilusão de livre arbítrio.
"A Liberdade"
Rav Yehuda Ashlag, Baal HaSulam
Quatro Fatores
Convém notar que cada manifestação que acontece nos seres do mundo deve ser entendida não como algo que surge do nada, mas como algo que surge de algo existente, através de uma entidade real que abandonou a sua forma anterior e revestiu a forma atual.
Portanto, devemos compreender que, em cada ocorrência no mundo, existem quatro fatores que, juntos, dão origem a essa ocorrência. São eles:
- A Origem.
- A conduta imutável de causa e efeito relacionada com o próprio atributo da Origem.
- As suas condutas internas de causa e efeito que mudam pelo contacto com forças externas.
- As condutas de causa e efeito de elementos externos que a afetam do exterior.
Serão esclarecidos um de cada vez.
A Primeira Razão: A Origem, a Primeira Matéria
A) A "origem" é a primeira matéria, relacionada com esse ser. Pois “não há nada de novo debaixo do sol,” e tudo o que acontece no nosso mundo não é “existência a partir da ausência” [iesh me ein], mas sim “existência a partir da existência" [iesh me iesh]. Trata-se de uma entidade que abandonou a sua forma anterior e assumiu outra forma, diferente da inicial. E essa entidade, que se despojou da sua forma prévia, é definida como “a origem.” Nela reside o potencial destinado a ser revelado e determinado no final da formação desse surgimento. Assim, é claramente considerada a sua causa primária.
Discussão Aberta
No seu ententimento, qual é a razão do nosso desenvolvimento?
A Segunda Razão: Causa e Efeito Derivados de Si Mesma
B) Trata-se de uma conduta de causa e efeito relacionada com o atributo próprio da origem, que é imutável. Por exemplo, consideremos um grão de trigo que apodrece na terra e chega a um estado de gerar muitos grãos de trigo. Assim, esse estado de decomposição é considerado a “origem”, e isto significa que a essência do trigo se despojou da sua forma anterior, a forma de trigo, e assumiu uma nova qualidade, a de trigo decomposto, que é a semente chamada “origem,” sem qualquer forma definida. Agora, após apodrecer na terra, tornou-se apta para revestir outra forma, a de muitos grãos de trigo, destinada a surgir daquela origem, que é a semente.
É sabido que esta origem nunca se vai tornar cevada nem aveia, apenas vai equiparar-se à sua forma anterior, que a abandonou, sendo o único grão de trigo. Embora mude até certo ponto em qualidade e quantidade, pois na forma anterior era um único grão e agora existem dez grãos, e também no sabor e na aparência, a essência da forma do trigo permanece inalterada.
Portanto, aqui há uma conduta de causa e efeito atribuída ao atributo próprio da origem, que nunca muda. Assim, a cevada nunca vai surgir do trigo, como dissemos, e isso é chamado de “a segunda razão.”
Discussão Aberta
Surge a pergunta será que a pessoa tem controlo sobre algo fora da natureza?
A Terceira Razão: Causa e Efeito Internos
C) Esta é a conduta de causa e efeito internos da origem, que se altera ao encontrar forças externas no seu ambiente. Assim, verificamos que, a partir de um único grão de trigo que apodrece na terra, muitos grãos surgem, por vezes maiores e de melhor qualidade do que antes da sementeira.
Portanto, devem existir fatores adicionais aqui, colaborando e conectando-se com a força oculta no ambiente, ou seja, a “origem.” E, por causa disso, as adições em qualidade e quantidade, que estavam ausentes na forma anterior do trigo, apareceram agora. São os minerais e os materiais do solo, a chuva e o sol. Todos estes atuam sobre ele, transmitindo as suas forças e unindo-se à força presente na própria origem. E, através da conduta de causa e efeito, produziram a multiplicidade em quantidade e qualidade nesse surgimento.
Devemos entender que este terceiro fator se une à interioridade da origem, já que a força oculta na origem os controla. No final, todas estas mudanças pertencem ao trigo e a nenhuma outra planta. Por isso, definimo-los como fatores internos. Contudo, diferem do segundo fator, que é completamente imutável, enquanto o terceiro fator muda em qualidade e quantidade.
Discussão Aberta
Será que a pessoa consegue imaginar viver fora dos comandos que surgem do seu interior, a cada momento?
A Quarta Razão: Causa e Efeito através de Elementos Externos
D) Esta é a conduta de causa e efeito de elementos externos que atuam sobre ele a partir do exterior. Ou seja, não têm uma relação direta com o trigo, como os minerais, a chuva ou o sol, mas são-lhe alheios, como coisas próximas ou acontecimentos externos, como granizo, vento, etc.
E constatamos que os quatro fatores combinam-se com o trigo durante todo o seu crescimento. Cada estado particular a que o trigo está sujeito durante esse tempo torna-se condicionado por estes quatro fatores, e a qualidade e quantidade de cada estado é determinada por eles.
Assim como descrevemos no trigo, esta é a regra em cada surgimento no mundo, até mesmo em pensamentos e ideias. Se, por exemplo, imaginarmos um estado conceptual numa certa pessoa, como o estado de alguém ser religioso ou não, ou extremamente ortodoxo, ou menos extremista, ou intermédio, compreenderemos que esse estado foi estabelecido nessa pessoa pelos quatro fatores acima mencionados.
Clipes
Perguntas de Workshop
(escolhidas com base no fluxo da reunião)
Por que é importante para nós conhecer esses fatores?
Para onde o leva a porção desta semana do artigo?
Como começamos a analisar esses assuntos importantes?
Como entende os desenvolvimentos, a partir dos fatores que lemos?
Até Quarta!